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Discípulos na Escola de Cristo

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - A Principal Ocupação de um Discípulo

Prefácio

As mensagens seguintes foram dadas numa conferência na Suíça em 1962, e os leitores irão detetar alguns toques locais, e algumas características da forma falada. Tem nos sido repetidamente pedido para publicar essas meditações, e em assim fazendo, podemos apenas esperar que muitos mais possam tirar proveito delas. Tem sido nosso objetivo manter o ensino relacionado bem proximamente à vida em suas necessidades e demandas práticas. Um mensageiro pode fazer pouco _ se alguma coisa _ a não ser entregar fielmente a sua mensagem. O próprio Senhor Jesus podia apenas fazer isto, e então orar. Certamente não podemos parar de entregar a verdade, porque muitos que a ouvem falham em expressá-la após ouvi-la! É sempre uma questão de 'lançar o pão sobre as águas', não 'prestar atenção na nuvem ou na chuva'. Ministério é sempre uma obra de fé. Somente a eternidade pode mostrar o valor. Por isso nós entregamos essas mensagens ao Espírito de Deus, para que Ele possa fazer tudo o que Ele puder de valor eterno; e confiamos que os leitores irão buscar torná-la verdade aplicada, e não apenas mais informação. T. AUSTIN-SPARKS.

Neste capítulo inicial estaremos lançando a fundação para aquilo que seguirá. Mais adiante iremos dividir toda a matéria que estaremos abordando agora, e chegaremos a real aplicação da Palavra do Senhor, porém este capítulo será de caráter genérico, mas muito importante. Você irá saber que no Novo Testamento o povo do Senhor foi chamado por diversos nomes, e esses foram os nomes pelos quais os cristãos chegaram a ser conhecidos. Muitos dos nomes foram dados a eles por eles mesmos, mas houve duas exceções. O nome ‘cristão’ foi uma piada feita por alguém. Os moradores de Antioquia, que adoravam tachar um nome nas pessoas, acharam este um título muito apropriado para aquelas pessoas, e assim eles as chamaram de cristãos. E, então, houve outra palavra que foi assumida de uso mais comum, e, embora não particularmente sua própria escolha para eles mesmos, ela se tornou o nome pelo qual eles foram mais usualmente conhecidos do que qualquer outro. Os vários nomes, como você irá lembrar, foram: Discípulos; Crentes; Santos; Irmãos; Povo do Caminho; e Jesus os chamou de ‘Meus Amigos’.

Aí você tem seis títulos diferentes para o povo do Senhor, e cada um deles teve a intenção de corporificar e carregar alguma idéia especial. Coloque o Senhor Jesus no centro, e todos esses nomes indicam que o Seu povo está reunido ao redor Dele. Ao redor Dele estão os discípulos, os crentes, os santos, os irmãos, o povo do Caminho, e aqueles a quem Ele chama de ‘Meus Amigos’. É o primeiro desses títulos que irá nos ocupar principalmente, e é possível que não sejamos capazes de ir além deste. O primeiro título, então, ‘Discípulos’. Este nome tinha uma implicação dupla. Havia aquilo que implicava em relação ao povo, e aquilo que implicava em relação ao Senhor. Quanto aos que eram chamados de discípulos, simplesmente significava que eles eram aprendizes. O título veio de uma palavra grega que significava apenas ‘aprender’, porém tinha nele o elemento ativo e significava algo mais do que simplesmente aprender de cabeça: significava por em prática o que era aprendido. Assim, discípulos eram pessoas que aprendiam e, então, colocava em prática o que aprendiam. É interessante notar que este nome para o povo do Senhor ocorre trinta vezes no livro de “Atos dos Apóstolos”. Isto significa que era um nome que continuou após Jesus ter partido e indicava que eles estavam ainda aprendendo e colocando em prática aquilo que estavam aprendendo. Nós geralmente pensamos nos discípulos em relação ao Senhor Jesus quando Ele estava aqui, porém o nome ‘discípulo’ prossegue por um longo tempo após Jesus ter partido deste mundo. De fato, ele continua até o dia de hoje, e eu realmente desejo que vocês percebam que estamos aqui nesta hora como discípulos: aqueles que estão aprendendo do Senhor Jesus, a fim de colocar em prática aquilo que aprendemos. É isto o que o nome significa em relação a nós. É para sermos discípulos de Cristo agora.

Então o nome carregou com ele uma implicação no que tange ao Senhor Jesus. Naturalmente, esse nome simplesmente significou, e ainda significa que Ele é o Mestre, Aquele de quem devemos aprender todas as coisas. Este nome era geralmente usado para Ele quando aqui estava, e nesta capacidade Ele tinha quatro nomes: Professor, Rabbi, Rabboni e Mestre. Você irá se lembrar que Ele era chamado por todos esses quatro títulos. Eles se dirigiam a Ele como ‘Mestre’ _ Nicodemos disse: ‘Sabemos que és mestre vindo de Deus’ (Jo 3.2). Porém Ele era um tipo diferente de Mestre em relação a todos os outros mestres. Ele não era um mestre de escolas, pois o Seu ensino era espiritual, não acadêmico. Mas o Seu nome ‘Mestre’ carregava em si algo muito importante e muito rico. Vamos nesta hora ficar muito ocupados com o Evangelho de João, porque é nele que aprendemos mais profundamente sobre o significado do Senhor Jesus. A pequena frase ‘conhecer’ ocorre cinqüenta e cinco vezes neste Evangelho, e esta mesma frase se aplicam ao mestre e aos discípulos. Está perfeitamente claro no Evangelho que o tema é ‘conhecer’, pois tudo faz referência ao conhecer, e Jesus é o Mestre espiritual. E, então, a frase ‘A Verdade’ ocorre vinte e cinco vezes neste Evangelho. A que se refere esse ‘conhecer?’ ‘Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’ (Jo 8.32). Assim, ‘a verdade’ mencionada vinte e cinco vezes está ligada a ‘conhecer’, que ocorre cinqüenta e cinco vezes. Então uma outra palavra está ligada a aquelas duas: ‘A Luz’, que ocorre vinte e três vezes. ‘Conhecer a Verdade por meio da Luz’ é o tema do evangelho de João, e, de fato, descreve a escola dos discípulos. Tudo isso está conectado com o título ‘Mestre’.

O nome ‘Rabbi’ é usado separadamente ao nome do Senhor Jesus. No Evangelho de Marcos Ele é chamado de ‘Rabbi’ três vezes, e em Mateus quatro vezes, mas este título não é usado no Evangelho de Lucas. Você verá o porquê logo em seguida. Em João é chamado ‘Rabbi’ oito vezes _ mais do que em todos os outros três Evangelhos juntos. Fica muito claro a partir disso o que João está realmente procurando. ‘Rabboni’ não ocorre com freqüência. É uma forma intensificada de ‘Rabbi’. Você irá se lembrar que Maria Madalena clamou ‘Rabboni’ no jardim na manhã da ressurreição, quando Jesus voltou-se para ela e disse: ‘Maria’. Significa simplesmente ‘o grande Mestre’ e somente aparece no Evangelho de João. Mas por que Lucas deixou este título de ‘Rabbi’? Em seu Evangelho o Senhor Jesus é chamado pelo quarto título, mais do que em qualquer dos outros evangelhos. O título favorito de Lucas para Jesus nesta qualidade é ‘Mestre’, e quando você lembra o objetivo do seu Evangelho, que era o de estabelecer a Jesus como o Homem Perfeito, então você entenderá por que ele preferiu este título. Jesus é o Homem Mestre, e Lucas quis dizer: ‘Nós somos todos servos deste Homem’. Disse tudo isto apenas para introduzir esta matéria do discipulado e para mostrar que o grande negócio dos cristãos é o de aprender a Cristo. Esta não é simplesmente uma matéria para estudar. Quero perguntar a você: Qual é o maior desejo em sua vida? Fico imaginando se é o mesmo que o meu! O grande desejo do meu coração _ e quanto mais eu vivo mais esse desejo cresce _ é o de compreender o Senhor Jesus. Há muita coisa que eu não compreendo sobre Ele. Sempre estou me deparando com problemas a cerca Dele, e não são problemas intelectuais absolutamente, mas espirituais: problemas do coração. Por que o Senhor Jesus fala e faz certas coisas? Por que está Ele tratando comigo desta forma? Ele é sempre muito profundo para mim, e eu desejo compreendê-lo. É a coisa mais importante na vida compreender o Senhor Jesus. O material da palavra não será novo _ será a velha e bem-conhecida Escritura. Talvez pensamos que conhecemos o Evangelho de João muito bem. Bem, você pode, mas eu não. Eu estou descobrindo que este Evangelho contém uma verdade e um valor mais profundo do que eu conheço a respeito, e confio que o Senhor irá fazer com que todos nós vejamos isso na medida em que vamos prosseguindo.

O assunto tem a ver com os discípulos, que são aprendizes, mas o que dizer do próprio Mestre? Qual é a Sua matéria? Todo mestre tem a sua matéria. Alguns ensinam teologia, e outros ensinam ciência, ou filosofia, ou arte, ou engenharia, ou várias outras coisas. Qual é a matéria do Senhor Jesus? (Gostaria de mandá-los para os seus aposentos, a fim de colocar as suas respostas num pedaço de papel, e penso que seria muito interessante se lêssemos todas as respostas mais tarde!) Contudo, a resposta é: Ele próprio. Ele é a Sua própria matéria. Jesus sempre foi a matéria do Seu próprio ensino. Ele relacionou todas as coisas a Ele mesmo. Ele disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (Jo. 14.6). ‘Eu sou o bom Pastor’ (Jo. 10.14). ‘‘Eu sou o Pão da Vida’ (Jo. 6.48). ‘Eu sou a porta’ (Jo. 10.9) ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida’ (Jo. 11.25) Ele é a Sua própria matéria. Ele falou sobre muitas coisas, porém Ele sempre as relacionou a Ele mesmo. Ele disse muito sobre o Seu Pai, e nós chegamos a ver algo do que Ele ensinou sobre o Pai, porém Ele sempre relacionou o Pai a Si mesmo, e Ele mesmo ao Pai. Ele disse: ‘Eu e o Pai somos um’ (Jo. 14.9). Ele falou muito sobre o Espírito Santo, porém Ele sempre relacionou o Espírito Santo a Ele mesmo. Ele disse muito sobre o homem, porém Ele sempre relacionou o homem a Si mesmo. Seu título favorito para Si mesmo era o ‘Filho do Homem’. Ele disse muito sobre vida, porém Ele sempre a relacionou a Ele mesmo, e nunca pensou na vida separada de Si mesmo. Ele disse muito sobre luz, sobre verdade e sobre poder, porém sempre em relação a Ele mesmo. Ele era a Sua própria matéria de ensino. Mas nós iremos ver que Jesus produziu uma completa revolução nesta maneira de ensinar a Si mesmo. Não há qualquer dúvida de que Jesus criou uma revolução. Naturalmente, algumas pessoas não a teriam, pois era por demais revolucionário para elas. Mas outras disseram: ‘Jamais alguém falou como este homem’ (Jo. 7.46). E Dele é dito que ‘Ele as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas’ (Mc 1.22). Ele fez uma completa revolução, mas ele a fez trazendo a Si mesmo à vista pelo que Ele disse a respeito de Si mesmo. Ele estava sempre falando sobre Si mesmo, e Ele é o único neste mundo que tem o direito para fazer isto. Nós estamos aqui hoje porque Ele teve o direito de falar sobre Si mesmo.

Assim, o único assunto dos discípulos é conhecê-Lo, e fazer o que Ele chamou os Seus discípulos para fazer: ‘Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim’ (Mt. 11.29). Jesus veio para trazer conhecimento celestial em Sua própria pessoa, e em Sua própria pessoa nós entramos no conhecimento celestial. Não é apenas o que Ele diz: é o que Ele diz que Ele é. O verdadeiro mestre não é aquele que diz um monte de coisas, mas aquele que, quando diz coisas, dá algo de si mesmo. Você teve mestres na escola, e eu tive muitos durante meus anos escolares. Alguns me ensinaram, outros tentaram me ensinar, isto e aquilo, alguma outra coisa _ podia ser aritmética, língua inglesa, ou uma das muitas matérias. Acho que aprendi alguma coisa do que aqueles professores me disseram, mas de todos eles um permanece em minha memória. Ele disse todas as coisas, mas ele também me deu algo dele mesmo. Poderia dizer dele: ‘Ele não apenas falou; ele deixou uma impressão. Ele deixou algo comigo. Eu me lembro dele, não por sua matéria, mas por ele mesmo. Ele fez uma diferença em minha vida’. E este é o tipo de Mestre que Jesus é. Ele não apenas disse coisas, ou ensinou matérias. As suas matérias foram muito maravilhosas, como vimos: o Pai, o Espírito Santo, vida, e assim por diante, mas Jesus deu mais do que palavras. Quando as pessoas o ouviam, elas diziam: ‘Nunca alguém falou como este homem’. Ele deixou uma impressão em suas vidas e elas carregaram algo adiante. Posteriormente é dito: ‘eles lembraram das Suas palavras’ (Lc 24.8). Alguma coisa tinha entrado nos lugares mais profundos de suas vidas, e eles eram capazes de dizer: ‘Eu não apenas aprendi certas verdades de Jesus, mas eu obtive algo em minha vida do meu Mestre. Tenho sido influenciado por Ele’. Jesus disse: ‘As palavras que Eu vos digo são espírito, e são vida’ (Jo. 6.63). Isto é algo mais do que palavras. A questão que cobre e governa toda a aprendizagem é esta: Por que o Senhor Jesus Cristo veio a este mundo? Naturalmente você poderia responder isto num simples fragmento da Escritura. Você poderia dizer: ‘Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores’ (1 Tm 1.15). Isto é a Escritura, e é muito verdadeiro. Ou você poderia dizer: ‘O Filho do Homem veio buscar e salvar aqueles que se haviam perdido’ (Lc 19.10), que também é verdadeiro. Há muitas outras coisas como esta que parecem responder a questão, porém, você precisa colocá-las todas juntas _ e mesmo assim você não terá a resposta completa. A coisa tem muitos mais aspectos do que esses! Temos que nos aproximar dela por dois passos, e o primeiro passo é de fato muito grande. O nascimento de Jesus em Belém não foi o nascimento do Filho de Deus. Ele não começou a Sua existência quando entrou neste mundo: Ele estava com o Pai antes que o mundo existisse. Ele disse: ‘Ó, Pai, glorifica-me junto de ti mesmo com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse’ (Jo. 17.5). Não sabemos quando Ele começou a ter o Seu ser, mas foi em algum lugar, se em algum tempo absolutamente, antes que o tempo começasse. Ele estava com o Pai pela eternidade. Se você puder fixar a data das primeiras palavras na Bíblia, então você conhecerá a resposta. Talvez você esteja se perguntando por que estou dizendo isto? Porque é aí onde o Evangelho de João começa, e você jamais poderá compreender o Senhor Jesus até que comece aí: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus’ (Jo. 1.1). É aí onde o ensino começa. Oh, nós entramos numa grande escola! É a Escola da Eternidade. Vamos ver mais tarde como isto se aplica a nós. É uma das coisas que espero iremos aprender, mas por um momento nós apenas temos que observar o seguinte: este não foi o começo de Jesus quando Ele entrou neste mundo.

O outro passo é este: A sua vinda a este mundo na forma humana definitivamente se relacionou à humanidade. Ele não interrompeu completamente com a Sua deidade, mas Ele veio na forma humana, e isto significa que a Sua vinda teve alguma coisa vitalmente conectada com a vida humana. ‘Não foi aos anjos: foi aos homens’. Ele veio como Homem para os homens, a fim de ensinar os homens. Deus estava em Cristo, mas na forma humana, a fim de fazer algo no homem: não apenas para o homem, mas no homem. Deus podia ter feito tudo para o homem sem ter vindo na forma humana, mas, a fim de fazer algo no homem Ele teve que vir na forma humana. A resposta plena à nossa questão, então, é esta: Jesus veio para trazer em Sua própria pessoa tudo aquilo que se pretendia que o homem tivesse, porém nunca teve. Foi pretendido por Deus que o homem tivesse algo que ele jamais teve. Ele o perdeu por sua desobediência e nunca possuiu o que Deus pretendeu que ele possuísse. E o homem, como ele jamais poderia possuí-lo, assim teve que existir um outro tipo de Homem para trazer aquilo para o homem. E repetimos: a resposta à nossa principal pergunta é apenas esta. Jesus veio trazer em Sua própria pessoa tudo aquilo que Deus quis que o homem tivesse, mas que nunca teve. É por isto que o ensinamento de Jesus estava sempre unido aos Seus atos. Você percebe isto? Após Jesus dizer alguma coisa, Ele fazia algo para prová-la. Ele disse: ‘Eu sou a luz do mundo’ (jo. 9.5). Então Ele abriu os olhos de um homem cego. Ele disse: ‘Eu sou a ressurreição, e a vida’ (Jo. 11.25). Então Ele ressuscitou a Lázaro. E assim Ele estava sempre unindo as Suas palavras com atos, as Suas obras com o Seu ensino. Ele não apenas ficava falando coisas, mas fazia coisas. E este continua sendo o Seu método, e é o que você e eu precisamos entender. Espero que aprendamos isto nesses dias, e que isto não sejam apenas palavras, mas as obras do Senhor Jesus acompanhando as palavras. Há algo que poderíamos simplesmente colocar neste ponto que é muito útil. Há algo muito incomum sobre este grande Mestre. Você observou o tipo de discípulos que Ele escolheu? Por que o Senhor escolheu aquele tipo de discípulo? Que tipo de pessoas eram eles? Eles não eram grandes estudiosos da época, nem homens com diplomas universitários. Penso que poderíamos dizer que no geral eles eram bem pobres e pareciam ter pouca inteligência. Eles estavam sempre se enganando sobre o que Ele dizia, ou fracassando em compreender o assunto. Eles estavam sempre esquecendo as coisas que Ele tinha lhes falado, e Jesus tinha sempre que relembrá-los mais tarde, ou trazer as coisas de volta para eles pelo Espírito Santo. A descrição de Paulo dos cristãos de Corinto se encaixava bem a esses discípulos: ‘Não há muitos sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres... Deus escolheu as coisas vis deste mundo... Deus escolheu as coisas desprezíveis deste mundo...’ (1 Cor. 1.26,27). Agora, esta não é a forma na qual o mundo irá trabalhar. Você não teria chance hoje se fosse um Pedro, ou um Tiago, ou um João, em qualquer posição elevada neste mundo. Por que Ele escolheu esses homens? Porque havia muito espaço neles para aquilo que Ele tinha vindo trazer. Eles ainda não eram plenos e fortes. Num sentido eles davam a Jesus uma oportunidade muito boa para colocar neles aquilo que eles não tinham. As pessoas no tempo de Cristo que tinham tudo nunca tiveram nada. Você sabe quão verdadeiro isto era! Os ricos foram despedidos vazios, e os famintos saíam cheios. Isto é algo para nós aprendermos.

Uma das coisas que precisamos deixar no vale quando subimos a *montanha é a nossa ignorância. Você dirá: ‘Ignorância significa ‘Eu não sei’, mas apenas pense novamente. Qual é a marca da ignorância? É: ‘Eu sei tudo’. Isto não é verdade? As pessoas realmente ignorantes são aquelas que pensam que sabem tudo. Eu me lembro de certa senhora alguns anos atrás: ‘Eu sei! Eu sei!’ Isto teria ficado muito bem se a vida dela tivesse provado que ela realmente sabia, porém a sua vida provava que ela não sabia, e você não podia chegar a lugar algum com aquela querida alma por causa do ‘Eu sei! Eu sei!’ A marca da ignorância é o saber tudo, e esta é uma das coisas para deixarmos no vale quando subimos na montanha. Devemos ser pessoas ensináveis, vazias, fracas, tolas aos nossos próprios olhos, simplesmente sermos ninguém. A Escola de Jesus Cristo está cheia de pessoas desse tipo _ e este é o porquê de Ele escolher os homens que Ele escolheu. Vamos nos lembrar que nós somos os Seus discípulos e ainda temos tudo para aprender. Realmente compreendemos o Senhor Jesus muito pouco, mas Ele está no meio de nós como Rabboni, o nosso grande Mestre, e creio que Ele irá revelar-se a Si mesmo para nós se os nossos corações estiverem abertos para Ele.

(*Falado na Conferência entre as montanhas na Suíça).

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