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Fundamentos

por T. Austin-Sparks

Capítulo 3 - Por que os fundamentos devem ser postos corretamente?

Ler: Salmo 11:3; Efésios 4:7,8,11-16.

Nós, agora, iremos prosseguir com mais um aspecto da importante questão dos fundamentos. Naquele salmo décimo primeiro, de onde iniciamos a nossa meditação, há um aspecto que é comum à matéria toda sobre fundamentos e edificação na Palavra de Deus. Quando consideramos aquele salmo mais completamente, você irá se lembrar de que Davi estava, na ocasião em que escrevia esse salmo, no meio de grande traição, oposição e antagonismo. Os ímpios estavam puxando os seus arcos nas trevas, debaixo de uma cobertura, a fim de atirar nos justos, e, no meio desta hostilidade, o salmista se refere aos fundamentos, e diz: “Jeová está no seu santo templo”; de modo que você tem duas coisas que constituem o todo, isto é, a edificação e a batalha. O templo, os fundamentos, o adversário e a atmosfera de conflito. Você irá descobrir que, por toda a Palavra de Deus, essas duas coisas estão sempre juntas. Se for Neemias edificando o muro de Jerusalém, a espada e a colher do pedreiro são encontradas juntas; a edificação e a batalha estão juntas. Se for a edificação do templo de Salomão, Davi teve que sujeitar todos os inimigos dos arredores, para tornar possível aquela edificação. A edificação não foi possível até que a batalha tivesse realizado a sua obra. Quando você entra na interpretação espiritual das ilustrações do Velho Testamento, descobre que essas coisas estão sempre juntas. Sempre que você tiver a ver com a edificação, também terá a ver com a batalha. Quando olhamos para a primeira carta aos coríntios, certamente há lá um evidente exemplo desta verdade. A edificação nesta carta está lado a lado com uma tremenda batalha. A batalha está associada com a edificação. Agora, quando você chega à carta aos Efésios, você vê novamente a mesma coisa. Aqui está a Casa, “a habitação de Deus através do Espírito”, aqui está a igreja que é o corpo de Cristo, e aqui há muita coisa dita sobre a edificação do corpo; mas você irá descobrir nesta carta que tudo isto está diante do inimigo, dos principados e potestades, dos dominadores deste mundo tenebroso. A edificação prossegue na batalha, no conflito, e este quarto capítulo contém em si aqueles elementos.

Se você estivesse lendo ponderadamente esses versos neste momento, estaria discernindo que o apóstolo, naquilo que se refere à edificação do corpo e tudo mais, estava enfrentando antagonismos, riscos, perigos, oposição espiritual. Que negócio é este de truque e astúcia do engano, ventos de doutrina, ondas de falsidade? Esses são os elementos da batalha, do conflito, essas são as forças que se opõem à igreja, ao corpo de Cristo. Essas são as coisas com as quais o crescimento, o aperfeiçoamento, a consumação do propósito de Deus na igreja estão associados, e com os quais este progresso tem que contender. E o apóstolo está dizendo que o importante aqui é que os santos devem estar bem fundamentados; bem estabelecidos, e estabelecidos em plenitude, onde cada um deles seja um membro responsável, um membro confiável do corpo de Cristo. Esta é a força de todo este parágrafo.

Por que os fundamentos devem estar bem colocados?

Agora, então, vamos imediatamente trazer diante de nós o fim, o objetivo, e depois, veremos o que se segue em direção a realização deste objetivo. Qual é o objetivo aqui? É que cada membro do corpo de Cristo seja um membro operante, responsável, efetivo, que esteja numa posição onde seja capaz, com a capacidade de Cristo, de se manter contra os enganos, a astúcia e a falsidade do maligno, os ventos do erro. Mas, amado, certamente você e eu estamos cônscios nestes dias da necessidade de cada membro de Cristo estar nesta posição. As condições com as quais o apóstolo Paulo contendia naquele tempo são condições que abundam hoje, tanto quanto antes. Naturalmente, a coisa entrou nos dias de Paulo através dos gnósticos, pessoas que afirmavam ter sabedoria, estarem na possessão de conhecimento. Sobre gnósticos, que afirmavam ter conhecimento e sabedoria religiosa, Paulo disse que o gnosticismo deles operava naqueles dias: astúcia, ardil, ventos e ondas de erro, falsa doutrina, falso ensino. Seja quem forem as pessoas que correspondem aos gnósticos hoje, o gnosticismo está muito difundido. Isto é, há ondas e ventos do erro varrendo toda a terra, e é tão sutil que nenhuma mente natural pode perceber, nenhum julgamento ou juízo ordinário pode detectar o vício, o erro. Está tão enrustido em formas bíblicas e fraseologias escriturísticas que os infantis, as crianças de quem Paulo fala serão facilmente carregados, aqueles que são espiritualmente crianças num sentido errado. Não é errado ser uma criança de Deus, ser um bebê recém-nascido, porém é errado ser uma criança quando você deve ser um homem, e é sobre isto que o apóstolo está falando. Diante dessas coisas, e na expectação assegurada pela Palavra de Deus de que essas coisas irão aumentar, irão se desenvolver e se tornar mais sutis, com os próprios milagres que os acompanharão, a necessidade que o apóstolo viu então, e que nos é tornada clara através da Palavra do Espírito por meio dele, é que cada membro de Cristo deve ter os seus fundamentos bem colocados, e deve estar arraigado e fundado, de modo a não serem levados ao redor. O ministério que se necessita hoje é um ministério neste sentido. Dê atenção a esta palavra, você irá precisar dela. Se você ainda não fez isto, não irá demorar muito até ser confrontado com algumas dessas astúcias do erro, este artifício do falso ensino, essas ondas e esses ventos de doutrina, e, a menos que você esteja firmado e estabelecido, será levado ao redor, irá perder seu ponto de apoio e será arrastado.

Agora, com a consciência de uma situação tão séria e solene, esta palavra é, creio eu, dada a nós pelo Senhor, e devemos guardá-la no coração. Cada membro de Cristo, sem exceção, deve ser um membro responsável, inteligente, efetivo, e, se isto não for verdade de algum membro, o mesmo está numa posição perigosa. Mas você não ficará surpreso de que a vinda desses ventos e dessas ondas carregue multidões de cristãos. Mais cedo ou mais tarde eles estarão numa pior e não vão saber onde estão, porque, apesar de terem o Novo Testamento, apesar de terem a carta aos Efésios, que por si só é suficiente para este propósito, muitos dos filhos do Senhor não estão ensinados, instruídos e firmados em Cristo, a fim de que possam discernir, compreender, julgar, e permanecer firme no dia mal.

Os santos como edificadores

Agora, então, vamos olhar um pouco mais de perto para esta passagem da Palavra. “Ele deu dons aos homens”, isto é, “Ele deu uns para apóstolos”. Ele deu apóstolos aos homens. “…outros para profetas”. Ele deu profetas aos homens. “outros como evangelistas, outros como pastores e mestres”. Esses são os dons que Ele deu aos homens. “homens” aqui, naturalmente, representa a companhia toda dos eleitos. Os evangelistas para trazer os eleitos, e os outros têm a ver principalmente com as pessoas que são trazidas. De modo que é a igreja, o corpo de Cristo, que está em vista, e é em relação à igreja como corpo de Cristo que esses dons foram dados pelo Senhor em Sua ascensão. Esses são os dons – mas observe, eles são dados para um propósito expresso, e com um objetivo específico. Eles foram dados para “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé...” Não interrompa aqui com uma pontuação. Não deve haver pontuação. “para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério”, como se a obra do ministério aqui se referisse aos apóstolos, profetas, pastores, mestres e evangelistas. Não se refere a eles. A obra do ministério aqui se refere aos santos, na medida em que são aperfeiçoados pelos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. A obra desses dons é fazer com que os santos estejam em posição de ministrar, e é somente quando estão nessa posição de ministrar (isto é o que eu quero dizer por funcionar) que estão seguros. Não é somente os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres que estão no ministério, são todos os santos que são chamados para estar no ministério. Todos os santos, cada membro do corpo de Cristo é um ministro, de acordo com o propósito divino. E é somente quando eles estão nesta posição de ministrar, num estado que os qualifique a ministrar, que a igreja está segura. Os ministérios podem ser tão variados, quanto numerosos forem os membros do corpo de Cristo.

Sejamos bem claros em nossos termos. Veja a palavra “aperfeiçoamento”. Você pode dizer: Bem, naturalmente, se estivéssemos aperfeiçoados, poderíamos ministrar. Certamente este é um longo caminho a seguir, isto é algo em direção ao qual temos que nos mover, a que temos que chegar. Porém a palavra aperfeiçoamento aí não tem este sentido. Muito freqüentemente esta palavra é usada como um termo médico, e, uma tradução mais literal seria “consertar”, para o concerto dos santos. Se você tem um acidente e quebra algum membro do corpo, e é levado para um hospital, você é consertado, e este é exatamente o que esta palavra quer dizer. Concertar os santos, fazê-los completos. Outras vezes a palavra é usada como o mobiliar uma casa. Você não gostaria de morar numa casa desmobiliada. Precisamos mobiliá-la antes de podermos viver nela. A palavra é usada em Mateus em relação às redes, quando o Senhor viu certos homens remendando as suas redes. Esta é a mesma palavra. Havia buracos em suas redes, e elas tinham que ser colocadas em boas condições, para que ficassem inteiras, adequadas ao uso. Elas podiam não ser as redes mais perfeitas que você pudesse encontrar, mas eram redes inteiras, completas. E o que o apóstolo está mostrando aqui é exatamente isto. Não um estado de divina perfeição em nós, mas um estado de completude em Cristo. “ Para o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério”. O remendar das redes era de alguma esperança para se apanhar peixes. O problema de muitas pessoas, e a razão do por que tantos são levados ao redor pelos ventos de doutrina é que existem brechas, falhas em sua compreensão sobre Cristo, em seu conhecimento de Cristo, em sua compreensão da verdade; brechas, rupturas, aberturas através das quais o erro entra, e elas precisam ser ‘consertadas’. E esses dons são dados exatamente para ‘consertar’ os santos, para que possam cumprir o ministério.

É tão diferente da ordem tradicional a que estamos acostumados, de que o ministério é algo que nos colocamos debaixo tantas vezes por semana, de um púlpito ou de uma plataforma. E, tendo nos colocado debaixo do ministério, e até apreciado, ou suportado, que isto é tudo, em relação a nós; temos feito o que nos é incumbido, temos cumprido o nosso dever, “nos colocamos debaixo do ministério”. Isto não é ministério, absolutamente. O ministério é o resultado em nosso funcionamento prático daquilo que o pastor, o mestre, ou o evangelista faz, é aquilo que fazemos como conseqüência. Isto é ministério: o exercício resultante no coração de cada membro de Cristo. Se realmente entendêssemos que deveríamos estar bem lá na frente, certamente estaríamos mais adiantados do que estamos. Apenas imagine onde estaríamos se este tivesse sido sempre o caso. Os evangelistas, profetas, pastores, mestres, teriam cumprido suas funções em nosso meio e nós teríamos partido, chegado diante do Senhor e dito: Senhor, isto agora tem que ser trabalhado em mim, vou me apropriar dele, e trabalhar movido por ele. Vamos supor que tivéssemos feito isso com cada mensagem que já recebemos. Você não acha que a igreja estaria solidamente mais estabelecida? Uma história muito diferente teria sido escrita ante os enganos do maligno e das astutas artimanhas, se este tivesse sido o caso. Nós não iremos olhar muito para o exterior, olharemos para dentro de nossos corações, e diremos: Isto é para mim. Temos que olhar para dentro de nossos corações e dizer: Qual é o resultado prático e qual é o valor permanente em minha vida como um membro efetivo de Cristo deste ministério a que tenho ouvido, desta obra dos dons do Senhor, o apóstolo, profeta, pastor, mestre, evangelista. Onde eu me encaixo como fruto disso? Tenho eu ouvido, me referido a isto como ministério, mas o deixado de lado, fazendo com que eles (os apóstolos,...) continuem com seus ministérios? Ou sou eu um fruto, um ministro de Cristo? Esta é uma questão importante, não é? Oh, para a força no povo de Deus, na igreja que é o Seu corpo, que seria o resultado certo de nossa compreensão da Palavra do Senhor. Necessitamos urgentemente desta força hoje, desta segurança, deste estabelecimento.

A responsabilidade individual na edificação

Agora observe: “Para o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo”. Então a obra do ministério, que é a obra de cada membro de Cristo, visa a edificação do corpo de Cristo. Agora vamos testar isto ao inverso. Quanto você e eu estamos contribuindo para a edificação do corpo de Cristo? Quanto estamos funcionando para este resultado, a edificação do corpo? Este é o nosso negócio, cada um de nós. Este é o nosso ministério. Você está preparado para aceitar esta responsabilidade, para assumi-la, pela graça de Deus, esta obra em seu coração, não ser um partidário, um seguidor, um passageiro, um freqüentador, mas um membro vivo, efetivo, cuja existência no corpo de Cristo signifique a sua edificação? Mais tarde você observa que o apóstolo põe o seu dedo nesta questão de forma específica. Ele diz: “para que pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para a sua edificação em amor” Pelo auxílio de cada parte, resultando na edificação do corpo em amor. Paulo tem o corpo físico como analogia. O quanto ele conhecia sobre o corpo físico como nós o conhecemos hoje eu não sei, mas o Espírito Santo conhece tudo sobre o corpo, e quando você se lembra daqueles diminutos organismos do corpo humano, as células, e como o crescimento de todo o corpo físico depende do funcionamento de cada uma delas, e o corpo somente é edificado, aumentado se cada célula funcionar e desempenhar a sua função, você tem uma maravilhosa, perfeita e verdadeira ilustração de como o corpo espiritual de Cristo é edificado e aumentado. Você diz: “Eu sou apenas uma pequenina parte, não conto”. Bem, experimente contar as células do seu corpo, quantas células você pode agrupar numa polegada quadrada de seu corpo físico? — quase incontável. Em sua mente você pode se achar como uma delas, perdidas na multidão, porém há uma grande responsabilidade por todo o corpo pesando sobre você. O ponto é o seguinte: não é o quão grande você é, mas se você está contribuindo com a sua medida. Pelo auxílio de todas as partes. O sentido é que cada parte deve contribuir com a sua medida, visando a edificação do corpo de Cristo. Esta é a nossa função e o nosso ministério.

Oh, amado, temos que encarar isto como uma ordem de serviço, e sair, considerando-nos como estando no ministério, sendo responsáveis por todo o corpo de Cristo, conforme a nossa medida. Nós não conseguimos compreender isto; nunca iremos entender; estamos diante de um mistério. Quem pode entender completamente o corpo físico? Há mistérios que nunca foram entendidos, e eu duvido que o serão no futuro. Freqüentemente temos ilustrado o mistério do corpo humano desta forma, que o discurso de um Demóstenes deve ser fruto de um Demóstenes em seu café da manhã. Você já leu alguns desses discursos que influenciaram multidões, forçando os homens a fazerem o que não tinham intenção de fazer, é o poder do raciocínio e da linguagem humana. Se o orador tivesse parado de comer, ele teria parado de fazer seus discursos, e, portanto, suas orações seriam de alguma maneira fruto de sua comida, mas como você transforma bacon e ovos em orações eu não sei. Mas é verdade! Você entende o que eu quero dizer. É como você e eu, sendo os átomos que somos, as células que podem ser tão pequenas para serem reconhecidas, mas que podem afetar todo o corpo de Cristo para o bem ou para o mal eu também não sei, mas é assim. É uma verdade absoluta na Palavra de Deus: “E se um membro padece, todos os demais padecem; e se um membro se alegra, todos os demais se alegram”. E, se você e eu não estamos contribuindo com a nossa medida, então todo o corpo está sofrendo, está fraco. Aqui, então, está a chamada, o desafio, para que cada membro de Cristo seja um membro operante, inteligente e responsável, cumprindo o seu ministério. Sim, mas há algo mais, “…até que todos cheguemos à unidade da fé...” Bem, agora temos o nosso dedo sobre algo que é realmente vital. Estamos muito preocupados com a unidade. Nós oramos por ela, nos agonizamos pela falta de sua manifestação, nós a desejamos. Mas como ela virá? Qual é o princípio da chegada à unidade da fé? Cada membro cumprindo o seu ministério, sendo um membro que funciona. Qual é a causa da discórdia, da divisão, das ‘cismas’? Bem, olhe novamente para a primeira carta aos coríntios: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como criancinhas em Cristo… pois ainda sois carnais, pois havendo entre vós invejas, contendas, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Pois quando um diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu sou de Apolo, não sois carnais?” Há divisões entre vós, fruto de vossa carnalidade, e carnalidade significa imaturidade espiritual, e não unidade de fé.

Quando alguém entra em pleno funcionamento isto passa a ser um poderoso fator para se trazer a unidade da fé. O inimigo procura dividir o corpo de Cristo sobre a terra em tantos fragmentos quanto possa. Como ele faz isso? Basicamente por meio da ignorância do povo do Senhor. Geralmente por meio de seu crescimento espiritual retardado, e também porque os crentes estão num estado passivo, ao invés de estarem num estado espiritual ativo. Você irá descobrir que essas coisas estão por trás de muitas das atividades do inimigo ao longo da linha da cisma. A unidade da fé, diz a Palavra muito claramente, se dá através de cada membro funcionando, dando a sua contribuição de forma viva para o todo. Certa ocasião uns homens foram até Moisés se queixar de que havia algumas pessoas no arraial que estavam profetizando, e esses homens achavam que aquilo era um movimento sectário, ou uma divisão, ou algo parecido, achavam que era uma ruptura na comunidade, porém Moises disse: “Oxalá todo povo do Senhor fosse profeta”. A linha positiva é melhor. Quando alguns estão cumprindo o ministério e outros não, fica impossível chegar à unidade da fé. Todos nós estamos engajados no negócio. Então, novamente: “…e do conhecimento do Filho de Deus.” O grego aí é literalmente: “ao pleno conhecimento do Filho de Deus …até a estatura de varão perfeito, até a estatura da plenitude de Cristo”. Tudo isto está associado à vida ativa de todos os membros de Cristo. Não iremos nos delongar aqui, em seus fragmentos, mas leia novamente o texto de forma mais cuidadosa. O apóstolo tem em vista o seguinte: “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela astúcia dos homens que enganam fraudulosamente, pelo espírito do erro”. Se apenas pudéssemos examinar a linguagem do apóstolo, isto traria muita luz a este assunto: “pela astúcia dos homens”. Literalmente, engano, mas as palavras gregas fazem referência ao lançar dos dados de modo fraudulento, é algo como tirar vantagem, um engano, e é isto que está aqui na linguagem. A astúcia do erro. É um lançar de dados de forma arranjada, de modo que venha a beneficiar somente a pessoa que os está usando. Este erro que anda ao redor é para defraudar os santos de sua superioridade em Cristo, para defraudá-los de sua posição. Não é este o efeito do erro durante toda a caminhada?

Sim, os crentes que são levados ao redor, para que não despertem para o fato de que têm sido eles enganados da realidade por meio de uma fraude, esses crentes têm perdido o alimento por meio de algo que aparentou ser para eles um lucro. As palavras “pela astúcia” são muito ricas. Paulo usa a palavra aqui que é “em cada feito, ou em cada obra, em cada velhacaria”. Cada feito deles contém algo de astúcia sutil. Astúcia sutil do maligno em sua falsa doutrina. A coisa parece direita, totalmente boa, em conformidade com a Palavra, mas há algo escondido nele, um truque, um laço. O povo do Senhor precisa se conscientizar disto, e é somente quando estamos em plena força, ativos, positivos em nossa vida espiritual que alcançamos uma posição onde as nossas faculdades fiquem exercitadas, a fim de podermos discernir entre o bem e o mal, discernir o truque. Que algo tremendo seria se cada filho de Deus pudesse, em razão do tempo, estar nessa posição, ser capaz de enxergar esses enganos, esses ventos da falsa doutrina, de enxergar o erro, de enxergar onde está a falha, o truque, e estar em posição de alertar com aqueles que são crianças no sentido correto, que ainda não estão no tempo da maturidade; ser um guarda para eles. Esses fundamentos são muito importantes. Tudo isso é obra de fundação, e devemos, sem esgotar tudo que está nesses versos, apenas deixar que a ênfase principal do apóstolo nos envolva. Embora tudo pareça ter sido dito, contudo muito ainda devemos acrescentar a ele, é isso, que você e eu, cada um de nós sem exceção, possamos nos lançar e nos mover com o Senhor numa forma ativa e positiva, para que a nossa vida e faculdades sejam desenvolvidas, e alcancem a maturidade, onde não importa quais enganos haja, que as ondas varram como um tornado, ou mesmo como brisas sobre a terra, nós jamais nos moveremos, jamais seremos levados, estamos conscientes das armadilhas secretas, e ficamos firmes. Estamos numa batalha. A edificação é a nossa batalha. Não há nenhum campo em que a batalha seja mais real, mais furiosa, mais cruel do que o campo do aperfeiçoamento dos santos, o campo da edificação do corpo de Cristo. Este é o porquê desta carta excepcionalmente trazer todas aquelas coisas juntas. Por um lado há a igreja, o Seu corpo, a ser edificada e aperfeiçoada, de outro lado há a furiosa e a sutil obra do inimigo. O inimigo procura enganar os santos, destruir a igreja, e a única maneira em que ele pode ser derrotado é você e eu nos movermos para a plenitude de Cristo, seguirmos de modo ativo, não ficando satisfeitos apenas por estarmos salvos, recebermos toda plenitude que é possível em Cristo. Com todos os santos na comunidade até que cheguemos à estatura da plenitude de Cristo. O Senhor imprima a Sua Palavra em nossos corações.

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