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Em Contato com o Trono

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - A Base Divina de Toda Oração Aceitável

Ao contemplarmos o grande ministério da oração, acredito ser de grande ajuda primeiramente lembrar da base Divina para toda oração aceitável. Antes de chegarmos à parte mais técnica, precisamos reconhecer o fundamento espiritual da oração, que se relaciona aos ingredientes e a santidade do incenso que deveria ser queimado sobre o altar, que está mencionado em Êxodo 30, verso 34 em diante.

Não é minha intenção fazer uma exposição sobre esses ingredientes, mas simplesmente observar que o Senhor estipulou certas substâncias odoríferas para sua composição, e então, fez uma declaração muito séria em relação a elas: “Porém o incenso que fareis, segundo a composição deste, não o fareis para vós mesmos; santo será para o Senhor. Quem fizer tal como este para o cheirar será eliminado do seu povo” [vs 37,38]. Esta é a base de toda oração aceitável.

Como sabemos, aquelas substâncias odoríferas que integravam a composição do incenso, tipificam as excelências morais do Senhor Jesus: Sua graça, Suas virtudes, Seus méritos e Sua dignidade. O incenso não representa as orações dos santos, mas sim o mérito e a dignidade do Senhor Jesus colocado nelas, misturado às orações, fazendo com que elas se tornem eficazes e aceitáveis na presença de Deus. Vemos uma plenitude aqui, visto que os ingredientes eram quatro: vemos a perfeição da graça e das virtudes e excelências morais de Cristo. E, então, o sal (que sempre remete à preservação das coisas em vida) é misturado a esses outros ingredientes, parecendo sugerir que até mesmo essa apresentação das excelências morais do Senhor Jesus deve estar sempre livre de uma mera formalidade fria, que significa morte, mas precisa permanecer como algo vivo.

É possível que a contemplação do Senhor Jesus se torne em algo mecânico e formal, acatado em nossas mentes como necessário e verdadeiro, de modo que nos achegamos à Deus mecanicamente baseados nos méritos do Senhor Jesus, enquanto o Senhor deseja que isto seja algo continuamente vivo. A cada nova aproximação do Senhor deve haver uma nova apreciação, em vida, do Senhor Jesus. O sal preserva as coisas da morte, mantendo-as vivas, frescas e ardentes, e é requerido de nós ter esse entusiasmo por meio de uma apreciação viva e permanente dessas excelências do Senhor Jesus. Se for assim, então a oração será aceitável e eficaz. O sal não é um dos ingredientes, mas é algo acrescido ao incenso, e representa aquilo que é incorruptível.

A nós é estipulada a condição de que nada semelhante deveria ser fabricado pelo homem, para seu próprio uso. Não deveria haver imitação, nem apropriação particular ou pessoal daquela substância. Aquilo deveria ser santo e apresentado somente ao Senhor, e uma infração a esta regra representava morte. Como sabemos, numa ocasião, a oferta de fogo estranho diante do Senhor resultou em julgamento e morte [Lv 10:1,2]. Assim, somos advertidos que se uma imitação desta composição fosse fabricada pelo homem, para si mesmo e para seus interesses particulares, ele seria eliminado do seu povo. As excelências morais do Senhor Jesus não podem ser imitadas. O homem não pode tê-las em si mesmo, e tudo que é fingido não será aceitável a Deus. Não existem excelências, nem glória semelhante à do Senhor Jesus.

Aqui Deus diz, de maneira muito definida e positiva, que há uma singularidade, uma exclusividade relacionada ao caráter do Senhor Jesus que é inatingível ao homem, e que está completamente separada do melhor que ele possa fazer a partir de si mesmo. Deus vê no Senhor Jesus algo que não existe em nenhum outro lugar e, se aproximar do Senhor imitando os méritos do Senhor Jesus significa morte para qualquer homem. Não há nenhum terreno para aproximarmos de Deus baseados em nossas próprias glórias morais, e é uma blasfêmia terrível comparar qualquer sacrifício humano, seja até mesmo a favor de seus iguais, com o sacrifício do Senhor Jesus. Isto é uma blasfêmia absoluta, e deve receber o mais completo juízo de Deus. Não! Deus não vê nada que seja semelhante às excelências morais de Seu Filho, e nos proíbe de tentar trazer qualquer coisa que seja uma imitação delas, fabricadas pelo homem, que não atestem da singularidade do Senhor Jesus.

Assim, a base de toda oração aceitável sobre a qual nos aproximamos do Pai se resume nas excelências, glórias, graça, virtudes, méritos e dignidade do Senhor Jesus. Isto é muito simples, mas é básico, e precisamos reconhecer isto antes de prosseguir no assunto da oração.

Os Cinco Aspectos da Oração

Agora, estamos aptos para prosseguir com a questão da oração propriamente dita. Em primeiro lugar, desejo falar um pouco sobre a natureza da oração ou daquilo que a constitui, a partir de seus diferentes pontos de vista. Embora possam haver muitas outras abordagens diferentes, acredito que podemos resumir a oração nesses cinco principais aspectos: comunhão, submissão, petição, cooperação e conflito. A oração em sua plenitude envolve cada um deles, e demanda por todos.

Oração como Comunhão

Primeiramente, oração é comunhão e companheirismo. A oração é o amor abrindo o coração a Deus, e este é o fundamento de todas as outras formas verdadeiras de oração. Podemos associá-la às duas atividades principais do corpo humano: as orgânicas ou as funcionais. Um problema orgânico é muito grave, mas um problema funcional pode não ser tão sério. A oração como comunhão representa aquilo que é orgânico em nosso corpo. Um exemplo seria o nosso fôlego, que chamamos de respiração. Nunca paramos para pensar nisto! Nunca nos questionamos: ‘Vou respirar mais uma vez?’ 'Será que vou continuar respirando?’ ou 'Quantas vezes respirarei hoje?’ Você pode fazer isto ao pensar numa refeição, pois é funcional, mas jamais em relação à sua respiração, pois é orgânica. Podemos decidir quando vamos começar e parar de caminhar, falar e pensar. Essas coisas são controladas e deliberadas, mas não fazemos isto com nossa respiração, ela continua indefinidamente. Mas, se nossa respiração pudesse parar, o caminhar, falar e pensar tomariam o mesmo caminho, de modo que a respiração é fundamental para todo o resto.

E a oração como comunhão é para a vida espiritual o mesmo que a respiração é na vida física. A comunhão com Deus é algo contínuo, como a respiração, que é incessante, ou ao menos deveria ser. Ela difere completamente das atividades funcionais periódicas, como a alimentação. A respiração é completamente involuntária, algo não deliberado. Nós podemos chamá-la de hábito, é algo que facilmente foge da consciência plena de quem o adquiriu. Nós fazemos coisas habitualmente, sem consciência disso no momento em que as estamos fazendo. Quando um hábito está plenamente formado, simplesmente passa a fazer parte do nosso procedimento, e a comunhão com Deus é isto – algo intermitente. Oração como comunhão é estar em contato com o Senhor, de forma espontânea e involuntária, abrindo o nosso coração para Ele. Isso é fundamental em toda oração, e é algo que precisamos atentar. Embora nunca discutimos se vamos respirar ou não, existe algo semelhante a desenvolver uma respiração correta, e neste sentido precisamos prestar atenção em nossa respiração.

Penso que, de todas as pessoas que já conheci, a pessoa mais notável para exemplificar esta vida orgânica de comunhão com Deus foi Dr. F. B. Meyer. Não importava onde ele estivesse, ou quais fossem as circunstâncias, ele parava subitamente, talvez ditando uma carta, numa conversa, numa reunião, e apenas dizia: ‘Pare um minuto!’, e ele orava. Aquele era um hábito em sua vida, ele parecia estar a todo o momento em contato com o Senhor. Aquilo era como respirar para ele, e acredito que isto representou um dos segredos de sua vida frutífera e do valor de seu julgamento nas coisas do Senhor. Somente aqueles que tinham contato íntimo com ele, especialmente deliberando em situações difíceis, sabiam do valor de seu julgamento espiritual naquelas ocasiões. E tudo isso parecia chegar a ele simplesmente assim, como que do Senhor.

Bem, essa é a base da oração. É comunhão, companheirismo e abertura espontânea de coração ao Senhor. Não abrange toda a variedade da oração, mas é a vida que dá suporte à todas as demais atividades, é uma vida em contato com o Senhor, algo de grande valor. Todas as demais formas de oração só serão eficazes se tivermos essa base. Isso difere muito daquelas orações feitas somente em situações de emergência. Como as situações acabam por se tornar ainda mais críticas, porque precisamos encontrar o nosso caminho de volta a Deus, ao invés de já estarmos lá. Penso que muito frequentemente o Senhor permite as emergências, a fim de restaurar a nossa comunhão perdida com Ele, e o Seu propósito é que o fruto dessa situação seja uma comunhão ininterrupta. Devemos preservá-la.

Oração como Submissão

Em segundo lugar, oração é submissão. Neste ponto precisamos estar conscientes da possibilidade estarmos abordando termos contraditórios. Oração é submissão, mas a inércia passiva, que é denominada confiança, não. Temos ouvido pessoas dizerem que confiança representa para elas passividade e ausência de ação, porém, isto não equivale a oração. Submissão é sempre algo ativo, nunca passivo, pois não descarta a nossa vontade. Preste muita atenção nisto. Muitas pessoas pensam que apenas se apoiar confiantemente no Senhor indica submissão, e as palavras que dirigem a Ele assumem essas características, porém, isto não é oração. Aquiescência cega às coisas não é submissão. Submissão significa alinhar-se ao propósito Divino. Isto pode representar conflito, e irá, quase que invariavelmente, significar ação, envolvendo nossa vontade. A oração, independente do ponto de vista, sempre é algo positivo, jamais passivo. Confiança é uma outra coisa, e não entra no campo da oração. A fé sim, entra no campo da oração, mas a fé é sempre algo ativo, nunca passivo. A fé pode demandar uma batalha - e muito frequentemente exige isso - para se chegar a um lugar de descanso, porém, o ‘descanso da fé’ não é o que temos chamado de aquiescência cega. O ‘descanso da fé’ significa que alcançamos o último estágio de ajuste ao propósito Divino. Submissão não é meramente a supressão do desejo, mas alinhar o desejo à vontade de Deus, e, se for necessário, mudá-lo.

O desejo pode ser algo muito forte, uma poderosa força propulsora, porém tal força precisa estar totalmente sob controle, a fim de que possa ser ajustada na direção de outra força maior. Para puxar um trem, uma tremenda quantidade de força é exigida, porém, um trem moderno está construído de uma maneira que a poderosa força propulsora que o leva adiante pode, num instante, ser direcionada para os freios, a fim de pará-lo. Na oração onde a submissão está em vista, isto é o que muito frequentemente acontece. A força do desejo deverá ser detida numa direção e ser trazida para outra, talvez nos impedindo de avançar, e trazendo-nos a uma parada, segundo a vontade de Deus. Isto é submissão. Submissão é algo ativo, positivo.

Já antecipo que haverão muitas dúvidas em relação a isso, mas é muito importante reconhecer que a oração, em seu segundo aspecto, é submissão, e que isso é algo positivo. Não é apenas se prostrar diante de Deus e dizer: ‘Bem, creio que tudo irá sair bem. Apenas concordo com as coisas do jeito que estão e as deixo com o Senhor.’ Submissão é estar positivamente alinhado à vontade de Deus, ao Seu propósito. Isto muito frequentemente significa profundo conflito, e, algumas vezes, pesar, mas é necessário. Iremos falar sobre isto mais adiante.

Oração como Petição

Em terceiro lugar, oração é petição, solicitação, pedido. Tudo significa a mesma coisa, seja qual for a palavra que você preferir. Aqui nós tocamos aquilo que é, talvez, o principal aspecto na atividade da oração. Sem dúvida alguma, este tipo de oração tem um espaço amplo nas Escrituras, e define o significado da palavra ‘oração’.

Do ponto de vista da Escrituras, a oração significa petição, e, veremos essa ocorrência em quantidade esmagadora na Palavra de Deus. Talvez não iremos precisar de muitos argumentos ao longo dessa linha para provar isso, mas estou muito convencido de que, antes de prosseguir, uma nota de ênfase seja necessária, pois, afinal de contas, nossos maiores problemas surgem na direção do pedir, nesse campo da petição.

Certamente continuaremos orando e pedindo, apesar de tudo. Entretanto, para termos uma base bem estabelecida para pedir, precisamos reconhecer claramente que há um objetivo eficaz na oração. Não tenho dúvidas de que todos nós, em algum momento, temos alcançado muito pouco em nossas petições devido a alguma ponderação mental que enfraquece nossa certeza.

Me refiro à eficácia objetiva da oração. Com isso me refiro à uma oração que tem poder para mudar as coisas objetivamente, e não meramente exercer uma influência no nosso interior. Falo da oração que traz respostas exteriores e petições estabelecidas contra todos os falsos argumentos, tais como: ‘a onisciência Divina torna a oração desnecessária’; ‘Deus conhece tudo, sabe o que irá fazer, como irá fazer, e conhece o fim de todas as coisas desde o início, assim, para que orar?’ Ou, novamente: ‘a bondade Divina torna a oração supérflua’. ‘Deus é bom, compassivo, misericordioso e longânimo. Ele somente irá fazer o melhor, pois Ele é amor, assim, a oração é desnecessária.’ ‘Por que pedir ao Senhor para fazer o bem, para ser gracioso, para mostrar benignidade e para fazer o melhor para nós? Por que não confiar na bondade de Deus?’ Orar é desnecessário. Ou mais: ‘a predestinação Divina torna a oração inútil’. ‘Se Deus estabeleceu as coisas eternamente, então é inútil orar.’

Seguindo essa linha da soberania de Deus: ‘o fato de Deus controlar e governar, de estar no trono e ter todas as coisas em Suas mãos – isto torna a oração em expressão de incredulidade’. ‘Por que pedir, por que orar, quando todas as coisas estão nas mãos de Deus e Ele governa e dirige tudo segundo Sua soberania?’ Mais ainda: ‘a vastidão da lei e do propósito de Deus torna a oração presunçosa.’ ‘É presunção pedir a Deus para mudar as coisas, quando Ele tem realizado todas as coisas de acordo com as Suas leis eternas, e as coisas estão se movendo conforme a ordem por Ele estabelecida.’ ‘É presunção esperar que o Senhor abandone Sua ordem, ou pedir a Ele para assim fazê-lo.’ (Veremos mais sobre isso no capítulo 4).

Talvez essas questões podem nunca ter passado pela sua mente desta maneira, porém independente disso vou sugerir que seu conteúdo pode penetrar sutilmente em nossa vida de oração, ocasionalmente, afetado-a, e extraindo sua força.

Quando oramos, algo indefinível entra em cena: 'Bem, o Senhor sabe o que Ele irá fazer, então por que pedir? O Senhor é bom e gracioso, assim, por que orar? O Senhor conhece o fim desde o princípio, então, por que não deveria eu confiar nele? O propósito do Senhor está estabelecido, então, por que deveria eu começar a lutar com Ele para mudar as coisas? Se Ele irá realizar o Seu propósito, e se a Sua mente está determinada, então, quem pode mudá-la?’ A oração é afetada, se não pela própria definição dessa linguagem mental, mas por este senso de contradição que se levanta. Todas essas coisas entram na mente ou no coração, e têm uma tendência de impedir ou enfraquecer a oração. Devemos lidar com estas coisas mais plenamente na medida em que avançamos. Precisaremos reconhecer que o modernismo do nosso tempo realmente põe de lado a eficácia objetiva da oração, dando-lhe um valor meramente subjetivo, isto é, uma influência salutar naquele que ora, fazendo uma troca de, talvez, comportamento, mente, ou razão, por certas qualidades de reverência e coisas semelhantes.

Antes de abordarmos algumas dessas coisas mais plenamente, deixe-me dizer que há duas coisas que devem ser sempre mantidas em mente na oração peticional. A primeira é a necessidade dos outros dois aspectos previamente abordados: comunhão e submissão. A necessidade básica para a oração peticional é a de comunhão com o Senhor, de modo que a oração não se reduza meramente a pedir coisas, mas seja fruto de um companheirismo sincero com Ele. E isto requer submissão, de modo que as nossas petições não sejam voltadas para os nossos interesses pessoais, mas que, tenham sido trazidas a um alinhamento com a vontade de Deus. Estou apenas colocando de outra forma aquilo que está perfeitamente claro na Palavra de Deus, a saber: ‘Se pedirdes alguma coisa segundo a Sua vontade’. Isto é submissão.

Em seguida a outra coisa que se deve ter em mente na oração peticional é que, considerando todas as dificuldades mentais que mencionei, ela se torna proeminentemente num ato de fé. Sim, decida se você irá seguir ao longo dessas linhas a respeito da soberania de Deus, predestinação, e assim por diante; contudo, cremos que Deus irá mudar as coisas. Apesar de todos os argumentos que poderiam minar e enfraquecer a oração, iremos continuar pedindo. Isto torna a oração peticional um ato proeminente de fé. Você pode dizer que é uma maneira muito simples de definir isso. Bem, nós ainda não terminamos, mas esta é a conclusão que temos que chegar. Mas não estou tentando encontrar uma resposta fácil para essa questão.

Oração como Cooperação

Há ainda outros dois aspectos da oração, um deles será tratado neste capítulo, e outro será abordado mais tarde.

O quarto aspecto que iremos abordar é a cooperação, e este seria o principal objetivo da oração. Esse aspecto está por trás de tudo, e irá nos posicionar corretamente na oração, em todos os seus aspectos. Comunhão, submissão, petição e conflito serão todos adequadamente ajustados, quando reconhecermos que orar é um ato de cooperação, pois todos esses outros aspectos e fases da oração visam a cooperação.

Cooperação é o motivo, a verdade, a vida, a liberdade, o poder e a glória da oração. O motivo da oração é a cooperação com Deus. Na verdade, oração é cooperação com Deus. Para termos vida na oração precisamos reconhecer que ela é um ato de cooperação com Deus. Se não estivermos em cooperação com Deus, podemos estar certos de que não teremos vida na oração.

A liberdade na oração vem pela linha da cooperação com Deus, e não teremos êxito nesse sentido, até que estejamos alinhados ao propósito de Deus. Encontramos liberdade tão logo nos alinharmos ao propósito de Deus, cooperando ativamente com Ele.

De certa forma o poder da oração está relacionado à cooperação com Deus. Pense em Elias, e outros, que cooperaram tanto com Deus e lembre da eficácia resultante de suas orações. O que foi realizado!

E, então, vemos a glória da oração. A oração se torna algo glorioso quando está cooperando com Deus de maneira inteligente e espiritual. Cooperação elimina o fator do egoísmo e tudo o que é meramente particular, sendo um de seus principais valores, pois a oração deve nos trazer para o propósito, o método, o tempo e a disposição Divinos. Todas essas coisas são importantes – não apenas conhecer o plano, mas o método de Deus para cumpri-lo. Mas não para aí, também não devemos conhecer somente o plano e o método, mas acompanhar o tempo de Deus. Finalmente, não devemos estar neste lado executivo, mas também com um espírito correto quando o tempo chegar, fazendo a coisa no Espírito, do modo do Senhor. Tudo isso é cooperação.

Podemos estar envolvidos na coisa certa, no modo e no tempo corretos, e, ainda assim, não estar ajudando o Senhor, porque estamos com uma disposição errada, em um espírito que não corresponde ao (espírito) do Senhor. Oração em cooperação com Deus nos leva a fazer um ajuste em todas essas questões.

Há três fatores que são essenciais à oração. Em primeiro lugar, o desejo; em segundo lugar, a fé; e finalmente, a vontade. Vou me restringir a essa declaração.

Então, quando unimos a comunhão, a submissão e a petição, temos a cooperação. Quando essas coisas seguem juntas e estão ajustadas umas às outras, alinhadas à vontade de Deus, encontramos cooperação.

Talvez, seja propício lembrar a nós mesmos de que o Senhor pode nos chamar para um exercício inicial de nossa parte, antes que Ele intervenha a nosso favor. Ele requer de nós uma iniciativa na questão do desejo, da fé e da vontade. É como a gota de água que deve ser colocada na velha bomba, para então produzir o fluxo de água. Enquanto isso não acontecer, não teremos o fluir da água. E o Senhor por vezes apenas pede isto de nossa parte, o que pode ser considerado muito pouco, mas possibilita a Ele se manifestar em Sua plenitude.

É comum que a oração em seu início represente um exercício de vontade e de fé da nossa parte, e, então, o Senhor responde. Pode ser que o Senhor não responda até que Ele veja esse desejo colocado em uma ação deliberada de fé, que se achega a Ele. Muito frequentemente ficamos bastante desencorajados no início da oração, e o perigo é que podemos desistir muito cedo, por parecer que não estamos chegando a lugar algum. O Senhor está apenas pedindo aquela gota de água, para tudo começar a fluir!

Até agora mencionamos apenas quatro aspectos da oração, e algumas dificuldades relacionadas a elas, porém não esclarecemos nesse momento como lidar com elas. Iremos dedicar dois capítulos ao quinto aspecto da oração, e, então, voltaremos a abordar essas dificuldades, em busca de respostas. Contudo, vale ressaltar que as dificuldades estão de fato no campo da mente, e, embora possam, por vezes, interpor o caminho da fé, a fé triunfará, deixando seu poderoso legado, apesar dos obstáculos.

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