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Em Cristo

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - O Todo Inclusivo "EM"

Não há nenhuma frase ou fórmula que ocorra com maior freqüência no Novo Testamento do que esta, “em Cristo”. Algumas vezes ela varia nas traduções quando “por”, “através” e “com” são usados, e algumas vezes no texto original ela muda na forma, “em Cristo Jesus”, “Nele”, etc., mas em todas as duzentas vezes de sua ocorrência, o princípio é o mesmo. Em toda a doutrina cristã não há nada mais precioso, e, contudo, não há nada menos compreendido e apreciado.

Numa declaração consumada é-nos dito que Deus propôs congregar todas as coisas em Cristo (Ef. 1:10) e que fora dEle não há nada que tenha qualquer lugar no Seu propósito eterno. O plano, o método, os recursos, os tempos, as coisas eternidas, são Cristosféricas.

A Criação está EM Cristo.
A Vida está EM Cristo.
A Aceitação está EM Cristo.
A Redenção está EM Cristo.
A Justiça está EM Cristo.
A Santificação está EM Cristo.
A Esperança está EM Cristo.
As Bençãos Espirituais estão EM Cristo.
A Consolação está EM Cristo.
A Paz está EM Cristo.
A Oração Eficaz está somente EM Cristo.
A Força e as Riquezas estão EM Cristo.
O Propósito Eterno está EM Cristo.
A Nova Criação está EM Cristo.
As Promessas estão EM Cristo.
O Escape da Condenação está EM Cristo.
O Um Corpo está EM Cristo.
A Perseverança está EM Cristo.
O Ser Um One está EM Cristo.
Os Limites do Sofrimento dos Cristão estão EM Cristo.
A Não Separação está EM Cristo.
O Homem Perfeito está EM Cristo.
O Auxílio Mútuo está está EM Cristo.
Há as Igrejas EM Cristo.
Há os Mortos EM Cristo.
Há o Novo Homem e o Homem Perfeito EM Cristo.
Estamos Completos EM Cristo.

O contexto desta fórmula varia de eternidade, através dos séculos, a eternidade.

Na eternidade passada fomos escolhidos e eleitos EM Cristo. Ef. 1:4; 1 Ped. 5:13.

Durante o tempo, pela Cruz, este fato celestial eterno é trabalhado em forma literal e experimental, expressado por diferentes termos, implicando verdades espirituais progressivas e específicas, mas sempre o mesmo princípio.

"Plantados juntamente na semelhança de Sua morte. Rom. 6:5.
"nos vivificou juntamente com Cristo." Ef. 2:5.
"nos ressuscitou juntamente com Cristo." Ef. 2:6.
"nos fez assentar … em Cristo." Ef. 2:6.
"de tornar a congregar todas as coisas em Cristo." Ef. 1:10
"Ajustados em Cristo. Ef. 2:21.
"Unidos" Col. 2:2.
"Edificados" em Cristo. Ef. 2:20.
"Vivamos juntamente com Ele." 1 Tes. 5:10.
"Cooperando com Ele." 2. Cor. 6:1.
"Combatendo juntamente." Fil. 1:27.

Então vem o clímax, ao final deste tempo, quando tudo acima citado é concluído e somos “juntamente arrebatados”. 1 Tes. 4:17.

Finalmente a eternidade por vir salta à vista e vemos que seremos ‘glorificados juntamente’ com Ele. Rom. 8:17.

Então trazemos à mente a parelha de versos paulinos – que estritamente não são Paulinos, mas do Espírito Divino da verdade – a saber “em Adão” e em “Cristo”. De um lado – a nossa relação com Adão, a velha criação, por natureza - vemos um conjunto de condições, e por outro lado - por nossa inclusão em Cristo - vemos um novo e diferente conjunto.

"EM ADÃO"

"O Senhor Deus... soprou em suas narinas o fôlego de vida." Gen. 2:7.
"O primeiro Adão tornou-se alma vivente." 1 Cor. 15:45.
"No dia em que dela comerdes certamente morrerás." Gen. 2:17.
"Como em Adão todos morrem." 1 Cor. 15:22.
"A lei do pecado e da morte." Rom. 8:2.
"Ele também é carne." Gen. 6:3.
"A carne para nada aproveita." Jo. 6:63.
"EU" - Fracasso. Rom. 7.
"O velho homem que se corrompe." Ef. 4:22.
"A inclinação da carne." Rom. 8:6.
"Na carne... não há bem algum." Rom. 7:18.
Da carne... corrupção." Gal. 6:8.
"O que é carne é carne." Jo. 3:6.
"O fim... morte." Rom. 6:21.

"EM CRISTO"

"Assoprou-lhes, e disse: Recebei o Espírito Santo." Jo. 20:22.
"O último Adão... espírito vivificante." 1 Cor. 15:45.
"Novidade de vida." Rom. 6:4.
"Em Cristo todos serão vivificados." 1 Cor. 15:22.
"A lei do Espírito da vida." Rom. 8:2.
"Espírito" - Vitória. Rom. 8.
"O novo homem... criado em verdadeira justiça e santidade." Ef. 4:24.
"O novo homem." Col. 3:10.
"Novidade de espírito." Rom. 7:6.
"À semelhança de Sua ressurreição." Rom. 6:5.
"Crucificaram a carne." Gal. 5:24.
"Nosso velho homem foi crucificado." Rom. 6:6.

Tudo isto, que nada mais é do que citar a Escritura, irá servir para enfatizar a inclusividade e a exclusividade Divina, e irá ajudar, cremos, a reconhecer o grande fato de que NENHUM HOMEM PODE VIVER A VIDA CRISTÃ; HÁ SOMENTE UM QUE PODE VIVER ESTA VIDA, E ESTE HOMEM É O PRÓPRIO CRISTO. Precisamos ter tal inclusão experimental Nele para que Ele viva a Sua vida em nós como membros do Seu Corpo, de modo que “para mim o viver é Cristo” e “não mais EU, mas Cristo." Do mesmo modo que a barra de ferro do ferreiro está no fogo e também o fogo está nela, assim devemos primeiramente entender a nossa posição em Cristo através da Cruz para que Cristo possa se manifestar em nós.

CRISTO A SER EXPRESSADO ATRAVÉS DOS FIÉIS

É muito importante reconhecer uma verdade sobre a qual Cristo depositou muita ênfase, isto é, que num certo sentido, Ele nunca pretendeu se ausentar deste mundo novamente durante a era, após ter uma vez vindo a ele com o Seu legítimo direito de herança. Ele veio para redimi-lo, para garantir o direito judicial de soberania sobre ele, e para iniciar, continuar e completar a restauração dele para o Seu próprio domínio. Isto tudo é para ser realizado por meio de Sua própria presença nele em uma ou outra das formas de Sua manifestação. Embora Ele falasse muito sobre a sua partida, e de Seu retorno ao Pai, também deixou a Sua permanência muito clara nas seguintes palavras: "Eis que estou sempre convosco, até a consumação dos séculos”. Paulo, mais tarde, disse que o aspecto central ou a realidade do “mistério oculto durante os séculos ..." é "Cristo em vós, a esperança da glória."

A presença física de Cristo no mundo foi primeiramente para manifestar a natureza, o método, os meios, as leis, o propósito e o poder de Sua presença permanente após os dias de Sua carne; e, segundo, para tornar isto possível e real através da obra da Sua Cruz. Ele que nasceu de Deus mostra qual é a necessidade e a natureza do “nascer do Espírito” para que a vontade de Deus seja feita na terra e nos céus. Então, bem no início do Seu ministério, Ele coloca a Cruz na figura do batismo. A partir daquele momento tudo o que Ele disse e fez foi à luz e no poder da Cruz. O ensino de Cristo jamais pode ser efetivo, e as Suas obras jamais podem ser continuadas, a menos que a Cruz esteja na base. Tentar propagar “o ensino de Jesus” ou efetuar a Sua obra sem ter como base tudo aquilo que Ele quis significar por meio da Sua Cruz, é trabalhar em vão e sem a aceitação do Pai. Será necessário retornar a este assunto novamente mais tarde. Por ora, contudo, isto nos leva ao ponto onde vemos que, tendo a Sua presença física estabelecido a base e a natureza de Sua obra permanente, Jesus, por meio da Cruz, efetuou aquilo que tornou possível levar os homens para o mesmo plano ou para o mesmo campo, e, então, trocou a presença separada e individual para uma presença corporativa e universal. Assim “a igreja, que é o Seu corpo” foi trazida à existência como o instrumento da habitação de Sua encarnação no mundo. Este é o único tipo de “igreja” que Ele reconhece, formada por aqueles que foram “unidos no Senhor... um só espírito”. A natureza desta união fica também para uma consideração posterior. A palavra ou o termo “Corpo” não é mera metáfora. Os membros do Seu Corpo estão em relação a Cristo exatamente como nossos corpos físicos estão em relação a nós mesmos – o meio de manifestação, de expressão, e de transação. Esta verdade é muito penetrante, e vai à raiz de todas as questões sobre a vida e sobre o serviço. "Trabalhar para o Senhor”, "orar ao Senhor”, etc., será visto ter uma lei mais profunda que governa sua eficácia.

Não podemos assumir a obra para Cristo – planejar, esquematizar, maquinar ou entrar numa empreitada cristã – e assim controlar a aprovação e a benção Divina. Não podemos orar como nos dispomos, ainda que seja ao ponto das lágrimas, a fim de garantir a resposta Divina. Falhar em reconhecer isto é levar multidões de pessoas ao desespero devido a não aprovação de seus ardentes labores, e da não resposta às suas orações. Na revelação das leis de Sua própria vida eficaz o Mestre coloca tremenda ênfase no fato de que as palavras que Ele falou, e nas obras que Ele fez, não eram dEle mesmo, mas de Seu Pai, tanto falando as palavras como realizando as obras. Um estudo completo do evangelho de João irá nos convencer de que era desta forma. Disse Jesus: “O Filho nada pode fazer de Si mesmo, mas o que Ele tem visto o Pai fazer…” e este conhecimento das transações do Pai quanto ao que, ao como, e ao quando – tudo muito importante – era, como Ele deixou claro, porque Ele estava no Pai. Assim, para todo o futuro da Sua obra Ele orou para que os Seus discípulos pudessem permanecer nEle. Assim, a lei da eficácia e da vida frutífera, do serviço, da oração, etc., é que haja tal unidade de modo que façamos – mas façamos de verdade – aquilo que Ele está fazendo. Precisamos conhecer em nosso espírito exatamente o que Cristo está fazendo, como Ele está fazendo, quais os meios que Ele irá usar, e qual o Seu tempo para isto. Além de que, as nossas orações devem ser as orações do próprio Senhor feitas em nós, e através de nós, pelo Espírito Santo. Este é claramente o terreno no qual a Igreja no tempo apostólico vivia. Isto irá exigir uma considerável peneira em todos os empreendimentos em nome de Jesus, e irá exigir que nada seja feito até que a mente do Senhor seja conhecida. Porém isto irá garantir cem por cento de eficácia, e resultados que jamais irão perecer. Para os propósitos práticos de Deus nesta era Cristo é o Corpo que se liga a Cabeça, e o assunto de cada membro é entender mais e mais o pleno significado desta incorporação e unidade de identidade.

Expressamente nos é dito na Palavra que temos que “nos vestir do novo homem” e que este “novo homem” é Cristo. Esta não é senão uma outra maneira de expressar a verdade sobre “em Cristo”, mas também carrega consigo uma completa revelação de provisão prática.

Cristo é a nossa Redenção. Ele “foi feito para nós redenção” 1 Cor. 1:30; Rom. 3:24; Ef. 1:7; Col. 1:14.

Cristo é a nossa Justiça. 1 Cor. 1:30; Ef. 4:24; Fil. 3:9.

Cristo é a nossa Santificação. 1 Cor. 1:2,30.

Cristo é a nossa Fé. Mar. 11:22 ("Tenha a fé de Deus," literalmente); At. 26:18; Gal. 2:20 (R.V.); Ef. 1:15; Fil. 3:9; Col. 1:4.

Cristo é a nossa Paz. Jo. 14:27; Jô. 16:33; Ef. 2:14.

Esta linha de raciocínio pode ser seguida em inúmeras características, por exemplo, Amor, Esperança, Sabedoria, Poder, Autoridade, Glória. Sugerimos uma comparação de traduções nas referências, melhor de todas no original. O ponto é o seguinte, que em todas essas questões, sob dadas condições, o traje natural irá se romper e terá que ser colocado de lado, mas em Cristo nós temos uma nova vestimenta em todo aspecto. Por exemplo, a nossa fé não irá suportar a pressão das exigências de uma experiência profunda de prova e de adversidade, mas, se “vivermos pela fé do Filho de Deus”, a questão será muito diferente. Todos as provas irão revelar se estamos vivendo pela fé de Cristo, a qual deve se tornar a nossa fé, ou se há uma fraqueza em nossa união com Ele. O mesmo é verdadeiro em todos os aspectos. É bendito entendermos que “em Cristo” temos um legado completamente novo e inesgotável de virtude e graça. De modo que “nos despimos do velho homem… e nos vestimos do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef. 4:22-24).

ALGUMAS PREPOSIÇÕES SIGNITICATIVAS

Até aqui temos sido conduzidos em nosso tema por três preposições gregas, a saber: ek – de(procedência); en – em(dentro); and sun - junto.

Esses três fragmentos realmente resumem a verdade e a natureza da união corporativa com Cristo, e estabelecem as leis essenciais e os princípios vitais de toda vida e de todo serviço espiritual verdadeiro e eficaz. Alguma consideração a mais sobre isto será boa antes de prosseguirmos. Cristo teve grande zelo no sentido de repudiar qualquer sugestão e de remover qualquer coisa que caracterizasse que a sua missão como Filho do homem era algo originário dEle mesmo.

1. "EK"

(a) Quanto a Si próprio. Ele repetidamente afirmou: “Eu vim de Deu”. (João 7:29; 8:42; 17:8, etc.).

(b) Quanto ao seu apostolado (Heb. 3:1), Ele descreveu a si mesmo como o “enviado” de Deus (Gr. apostello) (João 3:17,34; 5:36; 6:29,57; 7:29; 8:42; 10:36; 11:42; 17:3, 8, 18, 21, 23, 25; 20:21).

(c) Quanto a sua visão: "O que Ele vê o Pai fazer... isso o Filho faz." (João 5:19).

(d) Quanto as suas obras: "As obras do meu Pai" (João 5:36; 9:3,4; 10:25,32,37; 14:10).

(e) Quanto as suas palavras: "Não falo de mim mesmo" (João 8:28,38; 12:49; 14:10; 17:8,14).

(f) Quanto ao seu reino: "Meu reino não é deste mundo" (João 18:36).

(g) Isto tudo pode ser reunido numa sentença em que uma preposição diferente é usada no grego, mas uma que carrega um pensamento similar: "Agora eles sabem que todas as coisas provem de Ti" (João 17:7.).

O principio mais importante que essas declarações estabelecem é que apenas aquilo que procede de Deus é reconhecido por Deus, cumpre o propósito de Deus, alcança o padrão de Deus, e retorna para Deus. Isto implica que existem outras fontes além de Deus. Em contraste com as declarações anteriores sobre as origens Divinas o Mestre colocou outras fontes tais como:

1. "Vós tendes por pai o Diabo” "Vós fazeis as obras do vosso pai”, etc. (João 8:44,41).

2. "Não de mim mesmo" (João 14:10). Isto foi dito, naturalmente, em sua capacidade de representar o homem como “tornado à semelhança da carne pecadora”, não como Filho de Deus do lado da Deidade. Sempre foi a tentativa do inimigo fazer com que Jesus agisse na carne, como um homem agiria, a fim de que pudesse obter terreno para derrotá-lo, mas Jesus se recusou a agir sob o princípio da carne. Isto é muito claro – e todas as Escrituras concordam em mostrar isto – que a carne é a fonte das coisas que não têm aceitação diante de Deus, mesmo que operem através de formas religiosas e esforços ‘cristãos’.

3. Ainda, constantemente é falado sobre o mundo como produzindo muito daquilo que Deus rejeita e relega ao julgamento. Veja as ocorrências de "de" (procedente do) em relação ao mundo em João 17, e veja mais nas cartas de João, com uma comparação com o ensino de Pedro e Paulo.

Assim somos levados a ver que um significado especial Divino é atribuído aquilo que é “de Deus”.

Agora, aquilo que é verdade sobre Cristo tem que ter uma contrapartida em todo aquele que é usado por Deus para o cumprimento de Seu propósito eterno.

Eles devem ser:

(a) Nascidos de Deus.
(b) Comissionados por Deus.
(c) Ter uma revelação espiritual e sabedoria de Deus.
(d) Falar as palavras de Deus.
(e) Fazer apenas as obras de Deus.
(f) Buscar primeiro o reino de Deus.
(g) Assegurar-se que “todas as coisas procedem de Deus”. (2 Cor. 5:18).

Esta era a base apostólica. O Espírito Santo tinha vindo para que isto fosse tanto possível quanto real. Isto aponta, portanto, para a eficácia do testemunho e dos trabalhos deles. Eles sabiam o que significava ser batizado “em um só Espírito … em um só Corpo”, do qual Corpo Cristo é o Cabeça, de modo que realmente a Cabeça Soberana desempenhava a Sua obra através dos membros assim incorporados. Eles não tinham nenhuma ação independente, nenhum plano particular, nenhum esquema ou nenhum empreendimento que fosse produto de seus próprios pensamentos, arrazoamentos, idéias, ou entusiasmos, mesmo que fosse “para Cristo”, ou “para o Reino”, ou “em Seu nome”. Tudo tinha que vir pela revelação do Espírito proveniente da Cabeça.

Agora, a segunda preposição mostra como foi no caso de Cristo e deve ser também conosco.

2. "EM”

Para Cristo, ‘em’ representava uma posição espiritual na qual Ele estava.

Esta posição espiritual é sugerida em passagens tais como as que se seguem:

"O Filho … que está (não estava) no céu.” (João 3:13). "Eu estou no Pai" (João 14:10).

Deve, naturalmente, ser reconhecido que este relacionamento era obra do Espírito Santo. A partir do momento da iluminação do Espírito sobre Ele no Jordão, todos os movimentos foram no Espírito; até mesmo a Cruz foi assumida "através do Espírito Eterno." Ele estava em Deus, e do lado de sua humanidade isto era mantido pelo Espírito. Havia sugestões, tentações, oportunidades, possibilidades, métodos, meios, idéias, provocações, emoções, sentimentos, e todas as atividades do intelecto, da alma, do corpo, mas era Seu procedimento manter essas coisas no Espírito Divino e não aceitar agir baseado neles. Ele não iria se engajar a qualquer um deles ou a qualquer homem, salvo se tivesse o testemunho do Espírito de que tudo procedia de Deus. Assim Ele era salvo do remorso, da confusão, do desapontamento, da vergonha, do fracasso, e do caos, que sempre se segue ao levantar do “homem natural (almático, Gk.)" no mundo espiritual. Assim, tendo sido ungido pelo Espírito, Ele permaneceu em Deus e se recusou a ser tirado desta posição. Isto é tudo na questão de vida abundante e eficácia de serviço.

3. "JUNTO"

Não vamos tentar, neste breve tratado, lidar com cada detalhe do significado particular desta preposição. Ela se refere de modo especial ao caráter corporativo do Corpo de Cristo. Sua importância é imensa, mas este não é o lugar para embarcarmos num tema tão amplo. Apenas observe aqui que o seu uso enfatiza o fato de que, no pensamento de Deus, aqueles que são “nascidos do alto” não são simplesmente muitos indivíduos, mas estão associados uns aos outros como membros de um Corpo. Eles estão “ligados” uns aos outros e a Cristo como Cabeça do Corpo, e como tal foram considerados por Deus em cada fase da obra redentora de Cristo. As palavras de Salmo 139:15,16 expressam este mistério. O resultado prático desta verdade é tratado em mais detalhe em outra parte.

O grande território de “em Cristo” tem sido apresentado, porém, devemos enfatizar esta contrapartida essencial da vida de Cristo. Como o Pai é a Cabeça do Filho, assim o Filho é a Cabeça do Corpo; e do mesmo modo como Ele permanece no Pai, assim Ele declara que devemos permanecer nEle. Não podemos ser levados a agirmos baseados em nada que proceda da nossa vida natural até que tenhamos julgado que aquilo está no espírito. Isto se aplica especialmente a questões religiosas, pois é nesta área que podemos cometer os maiores erros. A resposta de nossas emoções naturais, dos nossos arrazoamentos, da nossa vontade, ao impacto de algumas sugestões pode conduzir a muito erro. O perigo de muita obra evangelística, de muito ensino espiritual e de muita propaganda missionária está em sua tendência em atiçar as emoções e de se ganhar prêmios espirituais, ao invés de trazer a nota imperativa de Cristo e dos apóstolos.

Muitas decisões têm sido tomadas baseadas nessas condições as quais têm se mostrado incapazes de suportar a inevitável tensão da prova, sendo algo menor do que uma obra real do Espírito Santo.

Talvez nunca existiu um tempo quando houvesse mais do chamado ‘serviço cristão’, quando houvesse tanta organização, tanto maquinário, tanta propaganda, tanto consumo de tempo e de energia e de meios na empreitada ‘cristã’, ou quando houvesse mais pessoas interessadas; porém é duvidoso – falando comparativamente – se já tenha havido tanta ineficácia espiritual. A raiz da questão é a seguinte, quanto de tudo isso procede diretamente de revelação e da iniciativa de Deus pelo Espírito Eterno? Quanto pode ser verdadeiramente dito que a coisa surgiu pela revelação do Espírito Santo, ou que ‘o Espírito Santo disse’, ou que "pareceu bem ao Espírito’? Por outro lado, quanto disso é produto de discussão humana, de concepção, de impulso, de entusiasmo, de imaginação, de filantropia, de interesse numa boa causa, etc.? A medida da identificação do instrumento com Cristo numa união corporativa é a medida da obra real de Deus realizada através dele. Pode haver muito que pareça sucesso e que dê uma sensação de realização real, porém, quando ‘o fogo’ faz o seu serviço, descobre-se que a realidade por detrás do aparente é muito pequena. Ao longo da corrida ‘a carne se mostra como NADA", embora possa parecer que alcança resultados. Não é o que é feito para Deus, mas o que é feito por Deus que irá permanecer. A nós cabe vermos que estamos completamente em Cristo, e vivendo pelo Espírito. Todo o resto será espontâneo. Não pode haver um permanecer até que tenha havido uma real identificação, e isto nos traz para onde podemos prosseguir a fim de mostrar como esta união é eficaz.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.