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O Persistente Propósito de Deus

por T. Austin-Sparks

Capítulo 5 – O Trono Está Se Movendo em Relação ao Divino Propósito

Nós estamos ainda envolvidos com as preparações do servo de Deus para o ministério, e, ontem pela manhã, estávamos considerando o Trono acima do firmamento e também a semelhança do Homem assentado nesse Trono. Como vocês vão se lembrar, concluímos ontem, mostrando a importância para os servos de Deus de enxergar este Trono – o que significa para eles reconhecer que existe um Trono, e que há um Homem assentado sobre ele. Passamos pelo Novo Testamento, e vimos que este era o fator que determinava tudo nos primeiros dias: eles eram capazes de cantar, de orar, de pregar, de sofrer e de morrer porque conheciam o Homem no Trono! Assim, esta parte da visão veio primeiro e foi de grande importância para Ezequiel.

Acho que vocês conhecem o significado do nome Ezequiel; mas, caso não saibam, permitam-me dizer o significado: “Deus será a minha força”. Ezequiel precisou ter visões e experiências que tornassem verdadeiro o significado do seu próprio nome. Tudo o que Ezequiel estava vendo estava apenas estabelecendo o significado do seu próprio nome, "Deus é a minha força." Nós somente teremos força quando enxergarmos o Homem no Trono! Isto é algo muito importante para o ministério.

Assim, chegamos à próxima parte das “visões de Deus”, que era a preparação do servo de Deus; isto é, o que estava imediatamente abaixo do firmamento. E a primeira parte era “os quatro seres viventes”, os quais são conhecidos como querubins. Naturalmente, reconhecemos que esses querubins são símbolos de coisas espirituais. E uma coisa que temos a respeito deles é a seguinte – que em diferentes lugares eles diferem em representação. Por exemplo, aqui em Ezequiel eles têm quatro asas; em Isaías, têm seis asas. Isto serve apenas para enfatizar princípios espirituais específicos, e vocês irão observar que há outras diferenças nas referências sobre querubins. Isto significa que, ao mesmo tempo, em um lugar, certas coisas são enfatizadas. Em outro tempo, em outro lugar, outras coisas são enfatizadas. São os princípios espirituais que devem ser observados, por isso os querubins são símbolos de realidades espirituais. A Bíblia, do início ao fim, está cheia de simbolismos – coisas que Senhor utiliza para ensinar verdades espirituais.

Agora, então, vamos olhar para os “quatro seres viventes”. Primeiro devemos considerar o número deles: número quatro. Tudo neles fala do número quatro. Cada um deles possui quatro semelhanças, e há quatro deles. Eles têm quatro asas. O número característico deles é quatro; e, como vocês devem saber, quatro é o número da criação. Se quisermos abranger todas as dimensões da criação, elas serão em número de quatro: norte, sul, leste, oeste. Há quatro estações no ano: primavera, verão, outono e inverno. Na Bíblia, o número quatro faz referência aos quatro ventos vindos dos “quatro cantos da terra”. (Apo. 7:1). Sabemos que o mundo não é quadrado; que não possui quatro cantos, mas esta é uma maneira simbólica de falar; “os quatro cantos da terra” significa o mundo todo. Portanto, representa toda a criação; quatro é o número da criação. Guardem isto na mente enquanto nos movemos para as quatro semelhanças dos querubins.

Vocês sabem, os querubins tinham quatro semelhanças: a semelhança de um homem, a semelhança de um leão, a semelhança de um boi, a semelhança de uma águia; os quatro querubins representam as quatro partes da criação. O leão representa a criação selvagem, o boi representa a criação doméstica, a águia representa a criação que voa, e o homem representa a criação humana. Toda a criação está representada aí.

Mas, então, qual é o simbolismo espiritual? O leão é o símbolo da realeza; do governo. O boi é o símbolo do serviço; do sacrifício. A águia é o símbolo do celestial, do mistério. E o homem é o símbolo da representação. Este é o simbolismo espiritual.

Podemos perguntar, “Qual o significado de tudo isso?” Em primeiro lugar, vemos que tudo é uma representação simbólica de Cristo. É Cristo em Sua capacidade quadripartite. O leão é “o Leão que veio da tribo de Judá”: - de Judá saiu o Governo, assim, este leão é o símbolo do governo; da realeza do Senhor Jesus. Vocês provavelmente sabem que o Evangelho de Mateus corresponde a isto. É o Evangelho do Rei! O Boi é o símbolo do serviço; é a representação do Senhor Jesus na qualidade de servo de Jeová, oferecendo-se a Si mesmo como sacrifício: - "o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a Sua vida”. O boi corresponde ao Evangelho de Marcos! É no Evangelho de Marcos que, mais do que em qualquer outra parte, Jesus é visto servindo, dando de Si mesmo. O aspecto de Homem do querubim é muito claro, "o Filho do Homem é chegado." Esta é a mensagem de Lucas, Jesus, o Homem! E a Águia é o símbolo do celestial; do mistério, e isto é claramente visto no Evangelho de João! O Senhor Jesus freqüentemente, neste evangelho, fala de Si como “descendo do Céu”, e ainda, o mistério a Seu respeito que ninguém consegue compreender. Ele é Homem, porém, é mais do que Homem. Este é o simbolismo da águia. Assim, acho que ficou bem claro com essas referências que o Senhor Jesus é representado por querubins.

Os querubins são chamados de ‘seres viventes’. Em nossa tradução, uma palavra é introduzida a qual não está no original. Na tradução ‘King James', está escrito ‘criaturas viventes’; em outra tradução, temos ‘bestas viventes’, as quatro bestas. Bem, naturalmente, o homem não é uma besta; a águia não é estritamente uma besta. Contudo, essas palavras, criaturas e bestas, não estão no original. O que está no texto original é ‘seres viventes’, o que simplesmente corresponde à forma plural da palavra ‘vida’. – Significa o plural de ‘vida’. A característica chave dos querubins é vida: - "Nele estava a Vida”. Para que serve a vida? – Jesus é a vida da criação. Naturalmente, agora é a vida da nova criação!

Voltemos à primeira aparência dos querubins. O homem pecou, Deus amaldiçoou a raça e a terra. Expulsou o homem do jardim, onde estava a ‘árvore da vida’; e colocou querubins junto ao portão, a fim de guardar o caminho da árvore da vida. O que tudo isto significa? A criação pecadora e caída jamais poderá ter aquela Vida novamente. Aquela Vida somente pode ser obtida por meio de ‘uma nova criação’. Entre a criação caída e a criação não caída está Cristo, ‘A Porta’. Cristo diz: “não há vida para a criação pecadora; somente há Vida para a nova criação”. Assim, Cristo está entre a velha criação e a nova. Não há Vida fora de Cristo. Somente há Vida Nele. Cristo, como “A Árvore”, é a porta. Ele diz “NÃO” à velha criação, e “SIM” à nova. Bem, penso que podemos dizer que os querubins representam Cristo. Representam Cristo como sendo a Vida.

Agora, também é muito claro enxergar que os querubins, em relação ao Trono, representam toda a criação. O Trono está ligado à criação – tando em criação como em redenção. Por um lado, o Trono está relacionado à criação; do outro, está relacionado à redenção desta criação! O Trono de Deus governa essas duas coisas. O Trono sobre rodas de Deus está ligado ao poder criativo e ao poder redentor de Deus. Este Trono diz que Deus está interessado na redenção da criação. Observem que acima do Trono está um “arco-íris". O arco-íris é o símbolo da aliança da redenção. Vocês irão encontrar o arco-íris novamente em Apocalipse, e nós iremos ver a sua conexão naquele livro, mas fiquemos bem seguros quanto ao que acabamos de falar.

Aqui está o Trono sobre rodas de Deus! Abaixo dele estão os símbolos de toda a criação! Tudo é uma questão de Vida para a criação, e nós vemos as tremendas energias e poder desses movimentos do Trono! Todas as energias e movimentos de Deus estão relacionados à nova criação, à criação redimida. Assim, vemos que o Trono está se movendo em relação ao Propósito de Deus – o Divino Propósito em relação à criação. Este movimento se dá por meio do Senhor Jesus. A nova criação deve ter a Jesus como seu Rei. Isto se dá através do Seu serviço e do Seu sacrifício. Isto será uma expressão de Seu Caráter Celestial, e tudo se resumirá nisto: “um homem segundo o coração de Deus!”

Nos capítulos quatro e cinco de Apocalipse, uma grande multidão de redimidos será mostrada para todo o universo; e, quando isso acontecer, a própria criação será libertada. Não vai demorar muito para Deus dizer: “Eis que crio novos céus e nova terra... pois o primeiro céu e a primeira terra já passaram”. (Isaias 65:17a; Apo. 21:1, 4b; NASV; KJV). Tudo isto está aqui em Ezequiel, em princípio. Mas temos algo muito significativo – nos capítulos quatro e cinco de Apocalipse, temos os quatro seres viventes. No capítulo quatro, eles estão ligados à criação. A canção no capítulo quatro é: “Pois Tu criaste todas as coisas, e por Tua causa elas existem, e foram criadas." Os seres viventes estão ligados a isso. O propósito Divino na criação - "Deus criou todas as coisas em Cristo Jesus”. Os seres viventes são uma representação de Jesus Cristo – Rei, Sacrifício, Homem Celestial, que dá significado à criação. "Todas as coisas foram criadas Nele”, e os seres viventes estão lá no momento da canção da criação, mas de uma forma especial – agora é a canção da nova criação.

No capítulo cinco de Apocalipse, outra canção é cantada, e os seres viventes estão lá. Esta é a canção da redenção: Tu… redimiste!”; esta é a nova canção, e os seres viventes estão lá. O propósito da criação em Cristo Jesus - Jesus como o Propósito da criação, e, quando a nova criação é assegurada, os seres viventes estão lá. É a nova criação em Cristo Jesus. A canção da Redenção é: “Tu … nos redimiste,” – e A Redenção está em Cristo Jesus.

Isto nos faz retornar a Ezequiel – os querubins, em primeiro lugar, são uma representação de Cristo. Por um lado, estão relacionados à criação; por outro, à redenção. Todas as poderosas energias de Deus estão concentradas nisto. Todos os movimentos de Deus estão nesta direção. Uma criação fracassou; Deus terá uma nova criação. Uma representação de Deus falhou; Deus terá uma nova representação. Israel fracassou como representação de Deus, mas Ele, então, tem a Igreja. Isto é o que aparece mais tarde nas profecias.

Agora vamos deixar isto por aqui. É apenas a metade do todo. A outra metade são as rodas, mas acho que devemos parar por aqui esta manhã. Isto tudo não é apenas interessante, mas muito instrutivo. Pode nos ajudar a enxergar uma coisa: O Trono no céu está concentrado numa plena e perfeita representação do Propósito do Senhor. Quando resumirmos toda esta seção, veremos mais do que isto significa para nós. Mas é algo tremendo estar bem no meio dos movimentos de Deus! Não do lado, não em pequeno pedaço, mas bem no meio do mover de Deus! É aí que encontraremos o suporte do Trono!

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