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"Para Que Eles Sejam Um, Assim Como Nós Somos Um" - Volume 1

por T. Austin-Sparks

Reunião 14 – A Páscoa do Novo Israel

Décima quarta reunião
( Fevereiro 9, 1964 P.M. )

Ler: Êxodo 12.


Esta noite vou falar para você um pouco acerca da Mesa do Senhor. Tal vez, isto é o mais universal de todas as características do Cristianismo. Quase toda seção do Cristianismo de uma forma ou outra tem a Mesa do Senhor. Nas diferentes seções, é claro, vai por diferentes nomes. A Igreja Romana o chama por um nome. E outros corpos por nomes diferentes. Nós o chamamos “a Mesa do Senhor.” Mas, de uma forma ou de outra, por um nome ou por outro, é quase uma característica universal do Cristianismo. É tão geral e tão frequentemente observado que nós estamos em perigo de perder algo da grandeza do seu significado. Tem se tornado algo que nós fazemos como uma parte de nossas ordens das coisas, tal vez, cada semana. E há, como disse, um perigo ligado a isso. Nós preservamos algo de seu valor. Nos regozijamos em algo de seu significado. Mas, como eu disse, o perigo é que podemos perder algo da grandeza de seu significado.

Penso que todos nós entendemos que a Mesa do Senhor ou a Ceia do Senhor é a páscoa do novo Israel. A Mesa do Senhor é o sucessor da páscoa Judia. Quando o Senhor começou formar o novo Israel celeste, colocou a Ceia do Senhor no lugar da velha páscoa. Mas embora a forma disso mudou de alguma forma, o significado nunca mudou. O Senhor tomou para si o significado espiritual da páscoa para a Ceia do Senhor. Apenas vou falar acerca da páscoa como é encontrado na Mesa do Senhor. Penso que tal vez somos um pouco aptos de nos esquecer que aí há dois lados neste assunto. E nós passamos a maioria de nosso tempo num lado, o qual é, o que o Senhor tem feito por nós. Ora, nunca podemos fazer demasiado daquilo que o Senhor tem feito por nós. E esta mesa do Senhor sim fala da coisa maravilhosa que o Senhor tem feito por nós na Sua Cruz. Assim que fazemos bem em ficarmos muito largamente ocupados com adorar Ele por todo o amor que Ele demostrou ao morrer por nós.

Se digo que isso é apenas um lado, não estou querendo tirar nada fora disso, mas há um outro lado a isto. É o que isto envolve em nós. Por um lado, é o que o Senhor tem feito por nós. Por outro lado, é a mais grande possibilidade que isto traz sobre nós. É claro, esta noite devemos ter lido o capitulo doze do Livro de Êxodo, mas não há tempo para isso. Como vocês são todos o povo do Senhor, eu assumo como que você conhece esse capítulo. É aí que temos o relato da primeira grande páscoa em Israel. Essa grande páscoa da noite, quando Israel saiu de Egito. E você lembrará que a páscoa foi o clímax de um poderoso conflito entre Deus e todos os deuses egípcios. Todos os deuses egípcios representavam o príncipe deste mundo, o grande reino de Satanás, o qual se estabeleceu a si mesmo contra a redenção do povo de Deus, Deus tinha determinado remir Seu povo daquele mundo malvado. E todos os deuses dos Egípcios disseram, “eles não sairão.” Não era apenas o Faraó e os egípcios, o Senhor disse que eram os deuses dos Egípcios – as forças espirituais do mal por detrás dos Egípcios e o Faraó. E Deus entrou num grande conflito com todas essas forças do mal. Ele lançou juízo sobre juízo contra eles. Nove terríveis juízos ele lançou contra os deuses dos Egípcios. Mas ainda a batalha seguia. Então Deus disse, “vou acabar isto, um juízo mais, e teremos a vitória.”
Você lembra do ultimo décimo juízo. Deu lugar nesta noite de páscoa. Ora, o ponto que quero que tomem nota está aqui, antes que nada, é que a páscoa marcou o clímax de um conflito espiritual. Quando Jesus tomou o significado da páscoa em Sua própria Pessoa, para dar Seu Corpo como o cordeiro pascal, e Seu Sangue, Ele entrou em grande conflito com todos os poderes do mal. ASSIM QUE ÍA À CRUZ, Ele clamou, “agora o príncipe deste mundo será expulso” (João 12:31). E Paulo diz, “Ele desarmou principados e potestades, e os exibiu publicamente, triunfando sobre eles na Cruz” (Col. 2:15). A CRUZ DO SENHOR JESUS FOI O CLIMAX DA GRANDE BATALHA COM OS PODERES DO MAL. Esse foi o primeiro significado da páscoa. E esse é o primeiro significado da Mesa do Senhor. A Mesa do Senhor significa que fomos trazidos à grande vitória do Senhor Jesus sobre todos os poderes do mal. As vezes nos esquecemos disso, se não lembramos disso quando chegamos à Mesa do Senhor. Nesta mesa estamos celebrando a vitória do Senhor Jesus, e somos trazidos ao bem dessa vitória. Lembremos isso! Quando quer que seja que venhamos à Mesa do Senhor, estamos celebrando a vitória de nosso Senhor. E quando tomamos dos símbolos de Seu corpo e sangue, estamos dizendo, “estamos posicionados no bem de Sua vitória.”

Agora, o segundo ponto acerca da páscoa. O foco da páscoa, era o filho primogênito. O Senhor disse, “Irei pela terra de Egito, e matarei todos os primogênitos em Egito.” Ora, os primogênitos naqueles dias eram sempre os representantes de toda a família. Realmente, o primogênito era a família. Se o filho primogênito morria, era como se eles tivessem perdido tudo. Toda a esperança dos pais se perdia porque eles eram centrados no primogênito. O filho primogênito era o sacerdote da família. Ele representava a família ante Deus. Ele funcionava como sacerdote de toda a família. Nós, em nosso dia, não entendemos quanto de importante era o filho primogênito naqueles tempos. O Senhor estava saindo com este juízo final para matar os primogênitos em cada família em Egito.

Mas, Ele deu um sinal ao povo de Israel. Era no sangue do cordeiro pascal. E Ele mandou eles salpicar esse sangue nos umbrais de suas portas. Ele disse, “quando Eu vir à Egito para golpear todos os primogênitos, quando Eu ver o sangue, não golpearei os primogênitos nessa casa. Eu preservarei todos os primogênitos vivos.” Você vê, o foco de todo o assunto era o primogênito. Na Carta aos Hebreus, a qual tem a dizer muito sobre este assunto, o escritor chamou à Igreja, a Igreja dos primogênitos. Isto quer dizer que, juízo e morte resta sobre todos aqueles que não estão protegidos pelo sangue. Mas o sangue DO CORDEIRO PASCAL tem salvo a Igreja dos primogênitos. Tudo que eu disse acerca do Primogênito é verdade nossa; nós representamos toda a família de Deus. Somos feitos sacerdotes para nosso Deus. Nosso lugar é um de grande honra na Casa do Pai. Estamos nessa posição por causa do sangue do Cordeiro. E isso, outra vez, é algo que poderia ocupar uma grande quantia de tempo.
E outra coisa acerca da páscoa, há um quadro por detrás desta páscoa em Êxodo doze. É a imagem do Rei justo vindo para reivindicar Seus direitos. Ele está vindo à um país onde Sua autoridade e Seus direitos tinham sido rejeitados. Na linguagem do Novo Testamento eles tinham dito, “não teremos este Homem para reinar sobre nós.” Eles tinham recusado Seu direito entre eles. Assim que o Rei vem reivindicar Seus direitos e Seu lugar. E Ele traz Seu verdugo com Ele. Agora, Ele enviou um mensageiro antes, para dizer às pessoas que se eles pusessem um certo sinal nas suas portas, Ele não enviará Seu verdugo lá. Assim que ele vem com Seu verdugo. E assim que Ele passa por todas as ruas, está olhando a cada casa. Está procurando por este sinal nos umbrais das casas. E quando Ele vê este sinal, Ele diz a Seu verdugo, “não vá lá dentro, deixa eles sozinhos, eles são Meu Povo leal, eles reconhecem Minha autoridade.” Mas, aonde Ele não vê o sinal na porta, Ele diz ao verdugo, “vai lá dentro e mata o primogênito.”

Esse é o quadro que está por detrás da história da páscoa. Quando vejo o sangue, eu te passarei por alto. Você será livrado do juízo e da morte. Isso é o que se quer dizer cada vez que chegamos à Mesa do Senhor. Somos um povo que foi livrado por uma poderosa libertação de todo o juízo de Deus. E de todo o poder da morte. Por quê é isso? Porque temos tomado, pela fé, toda a virtude do precioso sangue de Jesus. E em tomando o sangue de Jesus, temos dito que somos o povo do Senhor. Estamos no lado do Senhor! Nós O possuímos como Rei! Reconhecemos todos Seus direitos! Ele é nosso Senhor. Ele é nosso Rei. Esse é o significado da mesa do Senhor.

Uma outra coisa por agora. A páscoa marcou a absoluta divisão entre o povo de Deus, e este mundo maligno. Foi uma separação absoluta. Embora as vezes quando o Faraó passava por um momento ruim sob esses juízos, ele cedia um pouco. E ele disse, “bem, alguns dentre vocês pode sair. Deixem suas mulheres e crianças para atrás. Apenas uns dos homens podem ir.” que foi o que Moisés disse? Ele disse, “Nós sairemos com nossos jovens e velhos, com nossos filhos e nossas filhas, com nossos rebanhos e nosso gado.” quando sairmos, sairemos absolutamente. Não deixaremos nada atrás. Tem que ser uma absoluta separação deste mundo. “este mundo inteiro”, diz o apóstolo, “jaz no maligno.” E nós não fazemos parte dele. A páscoa, então, marcou uma completa e absoluta separação do povo de Deus desde este mundo. E você sabe como o Senhor põe isso em prática. Antes de nada, Ele golpeou todos os primogênitos em Egito. E quando mais tarde o Faraó se arrependeu e perseguiu os Israelitas, o Senhor afogou todo o exército do Faraó no Mar Vermelho, e pôs o Mar Vermelho entre o povo do Senhor e Egito.

A páscoa marcou um corte divisivo muito claro entre o povo do Senhor e este mundo. E é tão claro que é isso o que o Senhor Jesus quis dizer pela mesa do Senhor. Enquanto Ele estava orando como o Sumo Sacerdote antes dEle chegar a se oferecer a Si mesmo como o sacrifício, Ele disse ao Pai, “eles não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo... Eu oro para que os livres do maligno.” Esse é um outro significado da mesa do Senhor. Quando chegamos à mesa do Senhor, queremos dizer isto? Queremos dizer, eu sou do povo que Deus tem absolutamente separado deste mundo? Eu fui libertado deste mundo malvado. Eu não pertenço a ele. A única coisa que vou fazer enquanto Estou nele é, testificar para o Senhor Jesus. Assim que nós lembramos ou testificamos a morte do Senhor cada vez que vamos à mesa.

Agora penso que você entende o que quis dizer quando disse ao começo que estamos em perigo de esquecermos de algo da grande significância da Mesa do Senhor. Enquanto nos regozijamos excessivamente em tudo o que Ele fez por nós na Sua Cruz, devemos lembrar que isso nos envolve em algo. Nos envolve em reconhecermos o Senhorio absoluto de nosso Senhor sobre nós. Nos envolve em reconhecermos que não somos deste mundo, porque Cristo não é deste mundo. Que o Senhor nos dê entendimento espiritual. E, na próxima vez que chegarmos à Mesa do Senhor, lembremos destas coisas.

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