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"Para Que Eles Sejam Um, Assim Como Nós Somos Um" - Volume 2

por T. Austin-Sparks

Reunião 29 – A Verdadeira Emancipação de todas as Formas de Legalismo é Ver Cristo.

Reunião vigésima nona
( Fevereiro 27, 1964 A.M. )

Leitura: Gálatas

Continuamos com esta nossa consideração, desta grande questão fundamental enquanto à verdadeira natureza desta dispensação. A questão é: o Cristianismo é um sistema legal ou um mover espiritual do céu? Temos visto que esta questão se tornou o foco desta luta. Então, com a carta aos Gálatas em nossa frente, estamos procurando ver o que o apóstolo tinha a dizer sobre o assunto. Na medida em que ele foi feito o próprio centro da controvérsia, temos que considerar o próprio apóstolo. Por enquanto, temos olhado a fonte de seu apostolado, ele disse que não foi de homem nenhum. Mas pela revelação de Jesus Cristo – um apóstolo de Jesus Cristo e Deus o Pai. Depois, seguimos ontem a considerar a grande crise por trás de seu apostolado.

Esta manhã vamos considerar o constituir de seu apostolado. Vamos então para a carta aos Gálatas. Capítulo um, e versículo quinze: “mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre da minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar Seu Filho em mim, para que eu pregasse entre os gentios”. E a seguir as palavras bem conhecidas no capítulo dois, e versículo vinte: “Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus”.

Me permita vos lembrar que o que é importante para nós, é que esta experiência espiritual do apóstolo Paulo contém todos os princípios para esta nova dispensação. Se fizermos a pergunta, “que é o Cristianismo?” Segue-se que a resposta é encontrada na história espiritual deste homem, a dispensação na qual vivemos é encontrada sobre estes princípios. Para, assim, aquilo que constitui esta dispensação é aquilo que constituiu o apostolado de Paulo. Depois de enfaticamente declarar que ele não o recebeu de nenhum homem, nem mesmo dentre aqueles que eram apóstolos antes que ele, ele segue bem até o coração deste assunto, e diz, “aprouve Deus revelar Seu Filho em mim”. Logo, esta dispensação é fundada sobre uma revelação interior de Jesus Cristo. Se você e eu quisermos saber onde é que devemos estar, é nisto.

Nossa verdadeira vida cristã repousa sobre uma revelação interior do Filho de Deus. O apóstolo Paulo tinha chegado a ver o imenso significado do Filho de Deus. Aqui está um homem que foi absolutamente intoxicado com Jesus Cristo. Em tudo ele via Cristo. E como dissemos ontem, nesta carta muito curta aos Gálatas, o nome “Jesus Cristo” ocorre não menos que quarenta e três vezes.

Primeiro, “APROUVE DEUS REVELAR SEU FILHO EM MIM”. E a seguir, “JÁ FUI CRUCIFICADO COM CRISTO; E VIVO, NÃO MAIS EU, MAS CRISTO VIVE EM MIM”. Nessa Cruz de Cristo, um homem, Saulo de Tarso, saiu. A Cruz dispensou um tipo de homem. E a ressurreição trouce um outro tipo de homem; e esse outro tipo de homem é Cristo. Portanto, Cristo toma o lugar de Saulo de Tarso. Isto é fundamental, a base desta dispensação toda. Que imensa diferença faria se víssemos Cristo como Paulo viu Ele; é complicado para nossa imaginação fazer isso.

Paulo chegou a ver Quem Jesus de Nazaré era. Se lembra que na estrada para Damasco, quando ele disse, “quem és, Senhor?” Jesus respondeu, “Sou Jesus de Nazaré”. Ele não disse, “Sou o eterno Filho de Deus”. Ele não disse, “Sou Deus, Quem se fez carne”. Ele disse, “SOU JESUS DE NAZARÉ”. E Paulo estava em terra, incapacitado e cego. O brilho DESSA GLÓRIA o jogou na chão, e a primeira sensação que este homem teve foi, “esta glória, este poder, Jesus de Nazaré? Jesus de Nazaré, tudo isto?” Digo que é muito difícil para nós entender. Se lembra de algumas das coisas que Paulo escreveu mais tarde sobre Cristo? Quando ele escreveu sua carta aos Filipenses, ele falou de Jesus como, “antes dos tempos eternos, subsistindo em forma de Deus”. Ele disse, “Ele estava em igualdade com Deus”. E a seguir, quando ele escreveu a carta aos Colossenses, ele deu uma imagem incomparável de Cristo. Ele disse que, “Ele existia antes de todas as coisas, e todas as coisas foram criadas por meio dEle, sejam coisas nos céus, ou na terra. Sejam principados ou potestades: todas as coisas tinham sido criadas por Ele, e por meio dEle, e nEle todas as coisas subsistem. Porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude”. E isso é Jesus de Nazaré. Você vê, Paulo chegou a ver a significância do Filho de Deus.

Apenas pense isto novamente: Subsistindo em igualdade com Deus; o instrumento e herdeiro de toda criação pela vontade do Pai; todas as coisas postas nEle pela designação do Pai; Ele tinha que ter a preeminência em todas as coisas, uma e outra vez. Este é Aquele que Paulo, ou Saulo de Tarso, seus amigos e sua nação crucificaram. Perseguindo e crucificando Deus manifestado em carne. Perseguindo e crucificando Aquele que criou todas as coisas. Veja quão vasto é Este! Agora, aqui tem um pequeno homem que está crucificando Ele! Podes chegar a tocar isso? Podes pelo menos perceber O QUÊ este homem sentiu quando viu quem Jesus de Nazaré era? Não é de estranhar por que Paulo queria ser liberado de um sistema que podia fazer isso. Todo o ser de Paulo clamava, “me deixe ser emancipado de algo que pode fazer isso. Me deixe escapar de um sistema que pode fazer isso”. Não é de estranhar por que esta palavra “liberdade” era uma tão grande palavra com Paulo. E não é de admirar por que Paulo estava com tanta raiva deste sistema. Nesta carta ele diz, “Se nós, ou um anjo do céu, vos anunciar um outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”. E o repetiu. Ele disse, “agora de novo também vo-lo digo”. Quão zangado ele estava! O Evangelho era o Evangelho de Deus concernente a Seu Filho. Em nenhum lugar em todos seus escritos, com todo o que ele tinha que enfrentar, Paulo é achado tão zangado como nesta carta. Ele parece jogar fora toda discrição. Descarta completamente qualquer compromisso. E diz, “não pode haver nenhum compromisso com um sistema que possa ter este efeito”.

O legalismo sempre crucifica Cristo novamente, PORQUE, o legalismo recorta a maior palavra no Cristianismo. A palavra da porta para o verdadeiro Cristianismo é a palavra: “GRAÇA”. O legalismo sempre lança fora a “Graça”, e põe em seu lugar a “LEI”.

A graça é a palavra principal no vocabulário do cristão. Você nota que quando o legalismo atinge sua maior expressão, sempre coloca o crucifixo no lugar da tumba vazia? A insígnia do cristão é a tumba vazia. Ou seja, “Vida dentre os mortos”. A insígnia do legalismo é um crucifixo, “um Cristo morto”. O legalismo sempre traz morte, e o principal acerca de Cristo é ressurreição. É Vida dentre os mortos. Isto era algo que Paulo chegou a ver quando aprouve a Deus revelar Seu Filho nele. E ele disse, me deixe sair de todo este sistema legalístico. Jesus de Nazaré, quem nós crucificamos, está vivo. Ele foi me revelado vivo em meu coração.

A única verdadeira emancipação de todas as formas de legalismo é ver Cristo. Não é qualquer força neste mundo que teria emancipado Saulo de Tarso do Judaísmo. A única coisa que fez isso foi vendo Jesus. E portanto, repito, a única coisa que nos emancipará de todas as formas de legalismo morto é ver realmente o Senhor Jesus, e isso bastará. Não importa ao que você estiver amarrado – um Cristianismo tradicional morto, ou qualquer outro tipo de escravidão. Se você verdadeiramente ver a significância do Senhor Jesus, você será emancipado. Não devemos ir por aí dizendo às pessoas que elas devem sair disto e daquilo. Seja o que for, não é de nossa conta lhes dizer que elas têm que sair disso e entrar nisto. Me permita enfatizar isso, que não é de nossa conta. Se você fizer esse tipo de coisa, você só vai tornar as coisas muito mais piores. Uma grande quantia de bagunça e confusão sempre segue esse tipo de coisa. Qualquer um que diga, agora você deve deixar isso e entrar nisto, vai causar confusão – confusão que não glorificará o Senhor Jesus.

O que bastará para qualquer um é realmente ver Jesus. Não é de nossa conta pregar a igreja em primeiro lugar. Está ouvindo o que estou dizendo? Não é de nossa conta ir por aí pelo mundo pregando a igreja. Seja a Igreja universal ou a igreja local. NÃO somos comissionados a ir e pregar isso. Nunca saberemos o que é a Igreja até que tenhamos visto Jesus, porque Jesus é a Igreja em expressão corporativa. Nunca poderemos entender o que é a Igreja até que entendamos quem é Jesus. De outra forma, a Igreja para nós será algo demasiado pequeno, limitado, exclusivo. Jesus não é desse jeito. Quão grande é Ele! Quão maravilhoso é Ele! Paulo diz: “a Igreja é a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas”.

O apóstolo Paulo foi o maior mestre no tempo do Novo Testamento no assunto da Igreja. Mas seu conhecimento da Igreja era o resultado de seu estar vendo o Filho de Deus. Você vê o simples começo disso. Jesus disse, “Saulo, Saulo, por que Me persegues?” Saulo podia ter respondido, “não estou perseguindo você, Senhor, estou perseguindo estes cristãos”. Se ele tivesse dito isso, Jesus teria respondido, “é a mesma coisa”. Eu e estes cristãos são um corpo. Você não pode tocar um membro do Meu corpo sem Me tocar”. Como de verdade é isso no corpo físico. Você tira seus sapatos, e caminha pelo chão, e se depara com um alfinete, e fura o seu dedo mínimo, a extremidade mais distante e pequena do teu corpo inteiro. E você levanta rapidamente seu pé. Isso te machuca. Como você sabe que te machuca? Porque a extremidade mais distante de teu corpo tem um relacionamento com tua cabeça. Quando você diz que te machucou, você está dizendo-o com tua cabeça. Você vê como é, você não pode tocar a parte mais remota no corpo humano sem tocar a cabeça. Todo o sistema nervoso do corpo está centrado na cabeça. Por isso Jesus teria respondido, “é a mesma coisa”. Toca uma simples criança Minha e você estará Me tocando.” Penso que Saulo de Tarso nunca se levou maior surpresa da que se levou quando Jesus disse isso. Quando lhe foi mostrado que tocar qualquer um dos simples cristãos na terra, era tocar o glorificado Filho de Deus, esse era o começo de seu entendimento da Igreja.

Não há nada legal sobre isso; isso é muito espiritual. Se nós realmente ver o Senhor Jesus, seremos emancipados. Alguns de nós temos tido essa experiência. Estávamos em sistemas legais; nosso horizonte era esse sistema. Então o dia chegou quando o Senhor abriu nossos olhos para realmente ver a significância de Cristo. E todo esse sistema caiu como sendo algo tudo sem sentido. Não, não é de nossa conta dizer, “sai disto, e disso, e entra nisto outro”. A palavra “deves” ou “não farás” não pertence a este reino. Isso pertence ao reino legal antigo. O “deves” torna-se algo espiritual, não algo legal. Poderíamos dizer de Paulo que havia um poderoso “deves” em seu espirito. Tenho visto o Senhor, e estou vendo mais e mais do que o Senhor é, e isto está criando em mim este grande imperativo. “uma coisa faço, deixando as coisas que para atrás ficam, prossigo para o alvo do prêmio...” Portanto, não dizemos, “muda teu sistema”. Mas sim dizemos, “peça ao Senhor para revelar Seu Filho em você”. Então a grande obra de emancipação começará.

Me pergunto se você tem notado que cada vez que Deus fez um novo mover, Ele sempre o fez na base de Seu Filho. Fosse esse mover inteiramente uma nova fase, ou a recuperação de algo que foi perdido, Ele sempre pôs Seu Filho na frente. O principio da Bíblia é Deus criando um mundo novo. E Ele o faz tudo em, através e pelo Seu Filho. Seu Filho é o Agente, o Instrumento e o Modelo da criação. Mais tarde, quando Deus estava fazendo um outro mover novo com Abraão, Ele constituiu a vida de Abraão sobre a base de Seu Filho. Passo a passo Ele trouce Abraão diretamente até o clímax. E qual foi o clímax? Foi isto, “toma agora o teu filho, teu único filho, quem amás, e oferece-o em holocausto”. Esse foi o clímax da vida de Abraão. Toda sua vida foi reunida nisso. Nesse passo, Abraão entrou diretamente até o coração de Deus. “Pois Deus amou tanto ao mundo, que deu Seu único Filho”. O novo mover de Deus com Abraão foi na base do Filho de Deus.

O seguinte grande mover de Deus foi com Israel, a nação. A nação de Israel está em escravidão em Egito. A emancipação dessa nação dessa escravidão foi na base dessa Páscoa, o sangue e a carne do Cordeiro Pascal. Deus tinha posto Seu Filho bem no começo da vida nacional. Tendo tirado eles da escravidão na base de Seu Filho, Ele constituiu eles no deserto na base de Seu Filho. O tabernáculo no deserto foi uma representação compreensiva e detalhada do Filho de Deus. Muitos anos mais tarde, quando essa nação tinha afastado-se do Senhor, e quando todo apelo a eles tinha falhado, Deus levantou os profetas. Ora, alguns profetas profetizaram em direção ao cativeiro; e alguns profetizaram como para aquilo que apontava para além do cativeiro. Você vê, a história desta gente foi baseada sobre a apresentação do Filho de Deus.

O seguinte grande mover de Deus neste mundo é o Novo Testamento. Começa com a encarnação do Filho de Deus. E segue para a ressurreição do Filho de Deus. E continua a mostrar que o significado completo do Filho de Deus é para ser manifestado através da Igreja. É sempre o Filho de Deus em vista. Cada mover novo de Deus é tomado por uma apresentação fresca de Cristo. Nos primeiros três capítulos do Livro de Apocalipse, Cristo está procurando trazer de volta as igrejas para suas prévias posições espirituais. Isto é um mover para tentar e recuperar o que tem sido perdido. E portanto, você tem no primeiro capítulo, a incomparável apresentação de Cristo. Que descrição impressionante de Cristo é essa! Apenas leia-a novamente, cada detalhe nessa descrição é de algum aspecto de Cristo. É uma apresentação simbólica, compreensiva, do significado de Cristo. Penso que é evidente para todos nós, que desde o Livro de Gênesis na criação, até o Livro de Apocalipse no fim, Deus sempre move-se na base de Seu Filho.

Assim pois, voltamos para Paulo, isto é um novo e poderoso mover de Deus. É a emancipação de um povo de toda a morte do legalismo. O povo dos dias de Cristo estava em escravidão ao legalismo tanto quanto Israel estava em escravidão em Egito. E o mesmo Deus, Quem disse a Moisés, “tenho visto atentamente a aflição do Meu povo, e tenho ouvido seu clamor por causa de seus exatores; portanto desci para livrá-lo”. E como se fosse, Ele voltou-se para Paulo e disse, “vem, e Eu te enviarei”. Um vaso escolhido para a liberação de Seu povo.

Tão grande é este assunto com Deus. Bem, todos estes são reunidos nestas palavras, “aprouve Deus revelar Seu Filho em mim”. “Já fui crucificado com Cristo” para todo o sistema do legalismo. “É verdade que estou vivo, e no entanto não sou eu, mas Cristo, Quem vive em mim”. Isto é um capítulo a mais sobre esta tão grande questão, “que é o Cristianismo? É um sistema legal imposto sobre o povo de Deus? Ou é um grande mover espiritual libertador do céu? A resposta é encontrada nisto: “temos realmente visto o Senhor? Temos realmente visto a significância de Cristo?” Só se o temos visto, seremos pessoas livres. O deixaremos aqui por esta manhã. Se o Senhor quiser, amanhã de manhã lidaremos com o que sinto ser um dos mais importantes aspectos deste assunto todo. Será a real diferença fundamental entre a velha e a nova dispensação. Por isso sugiro que tente fazer tempo para ler esta carta novamente antes de amanhã.

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