Austin-Sparks.net

"Para Que Eles Sejam Um, Assim Como Nós Somos Um" - Volume 2

por T. Austin-Sparks

Reunião 41 – A Oração é a Base de Tudo em nossa Vida com o Senhor

Reunião Quadragésima Primeira
( Março 10, 1964 P.M. )


Capítulo nove no Livro de Atos, no versículo dez até o doze, “E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; E numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver.

As últimas palavras do versículo onze, “POIS EIS QUE ELE ESTÁ ORANDO”; por estas palavras, vemos que a vida do apóstolo Paulo em relação ao Senhor Jesus, começou em oração. Embora, ele tinha falado ao Senhor na estrada de Damasco, esta foi realmente a primeira vez de oração que ele teve com o Senhor Jesus. Talvez, surpreenderá você saber que esta hora de oração entre Paulo e o Senhor Jesus durou por três dias e três noites. Me pergunto quantos de nós temos orado por três dias e três noites continuamente. Bem, três dias e três noites de oração coloca uma fundação suficientemente boa para a vida cristã, sem duvidar que este tempo estabeleceu a fundação para a vida do apóstolo.

Você tem percebido que algumas das maiores coisas que já o Senhor tem revelado a nós chegou por meio da vida de oração do apóstolo Paulo? Você só tem que prestar atenção a algumas de suas orações, e você verá que elas eram uma revelação da qual não existia nada semelhante em nenhum lugar. Se você observar a Carta aos Efésios, você verá as coisas maravilhosas que saíram quando Paulo orava. O mesmo foi verdade em sua Carta aos Colossenses; e existem muitas outras orações de Paulo em suas cartas. Nessas cartas, ele conta-nos pelo que ele orava, e elas eram revelações muito maravilhosas da mente de Deus. Agora não vamos estudar essas orações nesta noite. Não vamos nem ainda ler elas. Mas simplesmente estamos sinalando que a oração é uma forma maravilhosa na qual Deus se faz conhecer a Si mesmo, e a oração é a base de tudo o demais na vida com o Senhor.

Agora imagino que você está se perguntando, que foi pelo que Paulo estava orando esses três dias e três noites. Se pudêssemos responder essa pergunta, teríamos uma base suficientemente boa para a oração. Isto é, entenderíamos qual é a verdadeira oração, saberíamos algumas das coisas que constituem a verdadeira oração. Penso que estarei certo quando sugira algumas das coisas pelas que Paulo estava orando nesse primeiro tempo maravilhoso de oração. E sinto que estas são as coisas que sempre devem encontrar um lugar em nossa oração.

Não estaremos errado se dizermos que a primeira coisa nessa primeira oração foi humilhação e confissão. Era a oração de um coração quebrado e contrito. Estou bastante certo de que essa foi a primeira coisa na oração de Paulo. Observe, ele acabava de perceber o que ele tinha estado fazendo com sua vida. Não tinha passado muito tempo antes deste momento em que ele tinha dado seu consentimento de morte daquele notável homem jovem, Estevão. Diz que as testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um homem chamado Saulo. E diz que Saulo estava consentindo sua morte. Portanto, Saulo tinha obtido autoridade do sumo sacerdote para colocar homens e mulheres em prisão. E Paulo nos diz, ele mesmo, que ele perseguiu a igreja até cidades distantes. Outra vez diz, Saulo, respirou ameaças e morte contra o povo do Caminho. Assim, ele tinha chegado a perceber o grande erro que ele estava cometendo. Quão terrível era o que ele estava fazendo. Quanta injúria ele estava causando ao Senhor Jesus. Ele tinha sido responsável em espírito e em principio pela crucifixão de Cristo. Seu pecado tinha realmente cravado Jesus na Cruz.

E agora ele estava vivo para toda esta verdade terrível. Sua oração, portanto, deveu ter começado em profunda humilhação e contrição do coração. Ele deveu ter ficado confessando ao Senhor quão errado ele tinha estado, e pedindo ao Senhor pelo perdão. Vocês sabem, queridos, esse é o primeiro elemento em qualquer oração verdadeira, o reconhecimento de nossa própria pecaminosidade, a confissão de quão indignos nós somos da misericórdia de Deus. Nós nunca poderemos vir à Presença do Senhor sem o senso de nossa pecaminosidade. Nunca poderemos permanecer diante Dele sem cabeças curvadas por causa de nossa indignidade. Nenhum orgulho ou justiça própria é permitida na Presença de Deus. A Palavra de Deus diz, “mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” (Is 66:2). E tenho certeza de que este espírito estava neste homem, em sua primeira oração. Estou bastante certo de que houveram muitas lágrimas derramadas por Paulo durante esses três dias e três noites.

Depois, a seguinte coisa nessa oração, estou bem certo, deve ter sido um espírito e atitude de rendição ao Senhor. Deve ter havido nele um espírito de submissão absoluta ao Senhor. O completo comprometimento dele mesmo ao Senhor Jesus. Muitas vezes depois disso, ele chamou-se a si mesmo o prisioneiro do Senhor, e muitas vezes em sua carta, ele dizia, “Paulo, o escravo de Jesus Cristo”. Tenho bastante certeza de que foi nessa primeira oração que Paulo tomou essa posição do prisioneiro e escravo de Jesus Cristo, com uma absoluta submissão e rendição a Jesus como seu Mestre. E tenho certeza que você concordará comigo que essa deve ser uma característica de todo nosso orar. Primeiro, uma confissão de nossa própria pecaminosidade, e depois, uma absoluta submissão ao Senhor Jesus, como Seus prisioneiros e Seus escravos.

A seguir, houve uma terceira coisa nesta oração de Paulo da que tenho certeza. Foi um completo ajustamento à vontade do Senhor. Até este momento, ele tinha seguido sua própria vontade, ele tinha permitido sua própria vontade controlar sua vida e suas ações, ele tinha direcionado sua própria vida, e ele teria dito, “seja feita minha vontade”. E podemos ver quão bem ele procurou fazer sua própria vontade. Mas agora, neste momento, ele estava sendo ajustado à vontade do Senhor. Se ele não usou palavras atuais, tenho certeza que isto é o que ele quis dizer, “não mais minha vontade; mas Sua vontade, Senhor, para minha vida”. Essa deve ter sido uma característica desta oração; porque é tão evidente que desde este momento até o final de sua vida, havia unicamente uma coisa pela qual ele viveu, e essa era A VONTADE DO SENHOR.


Agora, enquanto isso tem que ser nossa atitude no principio de nossa vida cristã, isso sempre deve ser uma característica de nossa vida de oração. Existem muitas maneiras em nossa vida cristã onde temos que ser ajustados à vontade do Senhor. A vontade do Senhor não é sempre algo fácil para nossa carne; e por isso, muitas vezes, temos que ter uma batalha real para sermos ajustados à vontade do Senhor em algum assunto em particular; e a oração é o tempo em que esse ajustamento tem que ser feito. É possível que alguns de nós aqui nesta noite estão tendo uma batalha sobre a vontade de Deus por alguma coisa. Bem, este é o momento para terminar com essa questão. Nossos tempos de oração nos dão a grande oportunidade de ficar certos em linha com a vontade de Deus em todos os assuntos.

Bem, reúne estas coisas antes de seguir adiante. Oração verdadeira é a oração de confissão e humilhação! Verdadeira oração é o tempo de absoluto comprometimento e entrega e submissão ao Senhor! Verdadeira oração é o tempo para sermos alinhados com a a vontade de Deus em todos os assuntos!

Ora, estas três coisas, podemos chamá-las de coisas negativas. É claro elas não são negativas quando temos que encará-las, elas são assuntos muito positivos. Mas quando vamos para a quarta coisa, nos movemos um pouco a um outro lado; e tenho certeza de que esta primeira oração no caso de Paulo foi um tempo profundo de louvor. De onde o louvor sai? Que é o que nos leva a louvar? Qual é a verdadeira natureza e espirito de adoração? Acaso não é uma profunda indizível gratidão pela graça de Deus?! Nós somente adoramos na medida em que apreciamos a graça de Deus. Estou certo de que este homem em seus joelhos durante esse tempo estava derramando seu coração com gratidão pela misericórdia de Deus. Percebendo que tipo de homem era, percebendo sua culpabilidade, e que inimigo de Cristo sua natureza tinha sido, e todavia esse ressuscitado, perseguido Senhor, tinha descido para salvar tal homem como ele foi, isso deveu ter feito Paulo derramar seu coração na mais profunda gratidão pela graça e misericórdia de Deus. Você lembra que uma forma favorita de Paulo abrir suas cartas era com três palavras: “graça, misericórdia, e paz a vocês”. Essa era a fundação de tudo para Paulo. Maravilhosa graça, graça que nunca poderia ser explicada; misericórdia ilimitada; e paz com Deus. Essa era certamente a consciência deste homem durante sua oração. Foi a oração de um profundo louvor pela graça de Deus, e isso deve ter um lugar em toda oração verdadeira.

Agora, dadas estas quatro coisas, há um caminho aberto para o Senhor entrar. O Senhor tinha Seu olho sobre esse homem naquele quarto enquanto ele estava orando. Ele sabia o que Saulo de Tarso estava fazendo. Ele disse a Ananias, “pois eis que ele está orando”. E o Senhor sabia pelo que ele estava orando. E sabia que estas quatro coisas compunham essa oração. ELAS ABRIRAM UM CAMINHO PARA O SENHOR. Assim o Senhor disse a Ananias, “vai a certa casa numa certa rua, a este homem, Saulo de Tarso. Esse homem está orando. Ananias, entra e coloca tuas mãos sobre ele, para que ele receba sua visão e seja cheio com o Espírito Santo”. O Senhor tinha um caminho aberto para encontrar esse homem. Primeiramente, para abrir seus olhos cegos. Eles estavam fisicamente cegos, mas você pode estar certo que ele teve um abrir de olhos espiritual naquela hora. Se Saulo de Tarso estava ainda sob uma pesada nuvem quando ele ajoelhou lá em oração, se ainda havia trevas sobre sua mente, quando Ananias colocou suas mãos sobre sua cabeça, e disse, “irmão Saulo”, todas as trevas saíram; e seu coração foi cheio com a Luz do céu.

Seguidamente, em segundo lugar, Paulo foi cheio com o Espírito Santo.

O Espírito Santo é chamado do Selo de nossa Redenção. “somos selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef. 1:13). Somos selados com o Espírito Santo até o dia da redenção (Ef. 4:30). você sabe o que isso significa em negócios. Se seu selo está sobre bens qualquer, você tem o direito de reivindicá-los. Você pode ir a qualquer lugar e dizer, “isto é meu, tomo possessão disto”. Da mesma forma, o Espírito Santo é o Selo de Deus, o Selo de Cristo. O Espírito Santo é o Selo daquilo que pertence a Cristo, e Ele pode reivindicá-lo a qualquer momento. É uma coisa grande ter o Selo do Senhor sobre nossas vidas.

Ora, sabemos que receber o Espírito Santo é receber nosso equipamento para nossa obra da vida: porque Ananias disse isto a Saulo (depois chamado Paulo). E ele disse, “que o Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a Sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da Sua boca. Porque hás de ser Sua testemunha para todos os homens do que tens visto e ouvido”(Atos 22:14-15).

Estas três coisas aconteceram quando Ananias colocou suas mãos na cabeça de Saulo, e usou esta maravilhosa palavra, “irmão” Saulo. Esse foi um triunfo da graça! Mas o Senhor tinha um caminho aberto para entrar nessa vida, e foi por causa dessas quatro coisas que temos mencionado que compunham sua oração. Se este é o caminho, a forma de nosso coração orar, o Senhor terá um caminho livre conosco.


Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.