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Para Encher Todas As Coisas

por T. Austin-Sparks

Capítulo 5 – O Conflito Contra O Cumprimento Pleno Do Propósito De Deus

“Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas” (Efésios 4:10).

“E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Efésios 1:22,23).

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder... porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6:10,12).

A primeira passagem estabelece a intenção eterna de Deus de que Seu Filho deve “encher todas as coisas”.

A segunda passagem indica o instrumento pelo qual esse enchimento pleno será ministrado: “a igreja, a qual é o seu corpo”.

Ao chegarmos à terceira passagem, vemos a oposição que violentamente vai contra o propósito e contra o vaso desse enchimento pleno.

Com as seguintes palavras, o apóstolo introduz um resumo no fim da carta: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”. É necessário que nos lembremos de que essa expressão “quanto ao mais” não tem o significado que normalmente pensamos. Geralmente entendemos essa expressão como significando “por último”, o terceiro ponto em um sermão, mas esse não é significado dessa expressão aqui. É maior e mais abrangente do que isso. O que realmente o apóstolo está dizendo é: “Bem, agora, tendo tudo isso em vista, daqui em diante... com tudo isso em vista, de agora em diante”... “sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”. A expressão de um grande resumo através de uma grande retrospectiva.

Então, devemos considerar essa parte da carta, do versículo dez do capítulo seis, nesse arranjo, como um agrupamento de tudo o que foi dito antes. O apóstolo está dizendo: “Tudo o que falei antes se torna a ocasião e o terreno de um tremendo conflito. Tudo isso, em todas as suas partes, é o que está sendo desafiado, resistido, combatido”. Perceba que ele não está nos dizendo ou dizendo à igreja: “existe uma grande batalha acontecendo”. Para ele, é certo que isso está acontecendo. Ele não precisa dizer isso para aqueles que conhecem algo a esse respeito! Mas ele diz que essa luta em que estamos, esse fato de conflito, não tem, de modo algum, um caráter mundano, temporal. Ela é contra “principados... potestades... dominadores deste mundo tenebroso... forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Essa luta, então, está relacionada, em primeiro lugar, ao propósito derradeiro que vínhamos considerando mais ou menos plenamente nos dois primeiros capítulos. Tal propósito derradeiro e irrevogável se estabelece nessas palavras: “(Ele) subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas” – de acordo com o propósito eterno, de acordo com o conselho da vontade de Deus, de acordo com o plano e determinação de Deus “para [Ele] encher todas as coisas”. Essa sempre tem sido a exaustiva ocasião para todo conflito espiritual, que vai contra esse propósito final. Qualquer coisa ou todas as coisas serão utilizadas por todo esse poderoso sistema de antagonismo contra esse propósito, a fim de tentar derrota-lo, atrasá-lo, contradizê-lo, distrair dele – qualquer coisa e todas as coisas para negar esse propósito “para [Ele] encher todas as coisas”.

Devemos então olhar mais de perto e ver a base para o triunfo. A batalha é real. Isso é fato. Mas não fomos deixados sem iluminação e instrução sobre os fundamentos do triunfo, e o primeiro é reconhecer plenamente o domínio e natureza dessa batalha espiritual. Cinco vezes nessa carta, o apóstolo usa a palavra “celestial”. A primeira vez foi: “(Ele) nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais” (Efésios 1:3), e a última vez nos mostra onde nossa batalha está – nas regiões celestes (Efésios 6:12).

Por causa da dificuldade da nossa mente em entender palavras como essa, se faz necessário fazermos uma pausa para explicar.

Veja, não é, de forma alguma, uma região geográfica. Não é uma região literal. É uma esfera espiritual. Aqui não está sendo falado a respeito do céu. Está sendo falado a respeito das regiões celestiais, que é algo diferente. Recentemente, o Sr. Kruschev, em sua zombaria anti-Deus, anti-cristã, disse que ele havia falado com seu homem do espaço, que esteve lá no espaço exterior para olhar em volta e ver se podia encontrar esse “paraíso”. Quando o homem do espaço voltou, disse que havia procurado em todos os lugares, mas não encontrou nenhum traço sequer do paraíso. O Sr. Kruschev, com escárnio, disse: “Claro que não. Tudo é ficção, é tolice”. Dizer algo assim trai a si mesmo! Mostra quão ignorante ele é a respeito das coisas que estão mais próximas a ele e onde ele próprio vive sua vida. Essa “região celestial” não é um lugar lá em cima nas nuvens, mas é aqui mesmo onde estamos. É aqui em baixo onde estamos, subsistindo sob duas condições. Você não precisa subir em um avião, ou algo assim, e ir para algum lugar acima da terra para chegar onde o apóstolo está se referindo. Sabemos muito bem que essa coisa, essa coisa sinistra, essa coisa má, essa coisa mortífera, essa escuridão, essa coisa paralisante, pode estar em qualquer lugar. Pode invadir qualquer lugar, e sabemos muito bem que, em qualquer dia, em qualquer lugar, existe um sistema terrível do mal nesse universo. Não se trata de algo remoto, mas está aqui mesmo, oprimindo nossos corpos, oprimindo nossa mente, e às vezes quase parecendo como se estivesse dentro de nós.

Por outro lado – bendito seja Deus! – é possível para o outro tipo de “região celestial” estar bem aqui, nos pressionando – essa gloriosa e abençoada “região celestial” de Cristo, com sua alegria, sua paz, seu descanso e seu alívio, e não precisamos subir para nenhum lugar para encontra-la. Ela está aqui, bem aqui onde estamos.

Essa “região celestial”, seja lá qual dos dois tipos possa ser, é uma região espiritual, que desce sobre nós e exerce pressão sobre nós. Às vezes é a linda região celestial, que vem, nos levanta e nos leva para dentro dela. É uma grande alegria quando estamos juntos no Senhor! Às vezes a outra “região celestial”, a maligna, antagônica e hostil, parece estar em todo lugar à nossa volta, exercendo pressão sobre nós.

Isso é o que significa “regiões celestiais” nessa carta.

Penso que precisamos um pouco de lavagem cerebral nessa questão, não é mesmo? Quando lemos essa expressão “região celestial”, sempre pensamos no céu, e então as pessoas começam a dizer: “Você é tão celestial! Você não é dessa terra! Seus pés estão fora da terra. Você está lá em cima nas nuvens”. Mas, tenha cuidado com esse tipo de fala sem sentido, porque essa é uma questão real. Essa “região celestial” é aqui mesmo. É um estado, é uma condição espiritual, é um poder e uma força espirituais, não uma localização. Uma querida irmã, muitos anos atrás, disse que jamais subiria numa aeronave porque estaria invadindo a esfera dos demônios! Você percebe, esse é um entendimento imperfeito. Invadimos a esfera dos demônios sempre que oramos, sempre que dobramos nossos joelhos.

Então, a expressão “região celestial” significa a realidade das coisas espirituais, a realidade das forças espirituais, a realidade da influência espiritual, das tensões – e quão real elas são! Tensões espirituais. Mas existe essa característica extra. Tais forças não são dispersas, despreparadas, mas são forças muito inteligentes. Elas sabem o momento que devem agir. Elas sabem quando te pegar com a guarda baixa. Elas sabem dos seus momentos de fraqueza. São forças muito inteligentes. Esse é o significado de “regiões celestiais”.

Qual é o objetivo iminente dessas forças antagônicas? É destituir os crentes de sua posição espiritual, que é posta aqui: “(Ele) nos fez assentar nos lugares celestiais” (Efésios 2:6). Em outras palavras, Ele nos colocou em união com Cristo, numa esfera espiritual superior – uma posição espiritualmente acima, uma posição de ascendência espiritual em Cristo. O objetivo imediato dessas forças do mal é destituir a igreja, empurrando-a ou pressionando-a para que haja espiritualmente uma marcação [como em jogo de futebol] sobre a igreja, uma marcação sobre o corpo de Cristo, a fim de separá-la de sua verdadeira posição em Cristo e derrubá-la, de alguma forma, mas derrubá-la.

Não precisamos falar mais sobre isso. Já conhecemos o suficiente a esse respeito, e estamos destinados a conhecer muito mais se prosseguirmos. Estamos definindo, explicando, a natureza desse conflito consumado.

Vamos então para as várias “ciladas”, como o apóstolo chama aqui: “para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” [Ef 6:11]. Elas são muitas para que qualquer homem possa contar, e eu não teria a menor condição de tentar enumerá-las. Mas pode ser que nos ajude mencionar algumas poucas.

A primeira é: levar-nos para fora da nossa legítima posição em Cristo. O que é isso? É a posição dos justificados, daqueles que são justos em Cristo, contra quem nenhuma acusação pode ser levantada. Paulo fala sobre isso de forma definitiva e distintiva em sua carta aos Romanos: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?... É Cristo Jesus quem morreu” (Romanos 8:33,34). Os que foram justificados são justos pela fé em Jesus Cristo. O primeiro objetivo ou cilada do inimigo é nos tirar desse solo, e fazer com que aceitemos julgamento, condenação e acusação, nos colocando debaixo de um terrível senso de morte, nos fazendo acreditar que Deus fez tudo contra nós, que Ele não está mais a nosso favor. Essa, de fato, é uma batalha! Consequentemente o apóstolo diz: “vestindo-vos da couraça da justiça” (Efésios 6:14). Todos seus órgãos vitais precisam ser cobertos nessa questão, e é de fato uma questão de vitalidade da vida cristã. Se as forças do mal puderem simplesmente conseguir uma entrada através de acusação e condenação, nos levando para debaixo de um senso de julgamento, e transformando a verdade de Deus em mentira, dizendo: “Deus não está a seu favor. Deus é contra você”, elas, com certeza, nos arruinarão. Estaremos derrotados! Ninguém será capaz de lutar qualquer batalha se tiver perdido essa base. Essa é a primeira cilada. “Vestindo-vos com a couraça da justiça” – Sua justiça é nossa.

“Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito” (Efésios 4:3). O assalto contra a unidade é um dos mais estratégicos ataques e métodos do diabo. Sabemos que qualquer general em batalha tem uma lei, um princípio, que o governa quando ele encara o inimigo, que é: “Dividir e conquistar”. Se você puder simplesmente espalhar e dispersar aquelas forças, destruir sua unidade, sua coesão, a batalha é sua. Dividir e conquistar! Esse grande inimigo sabe bem disso, o valor que isso tem! Divisão... uma vez começada, muito em breve virá a confusão, e não estaremos mais em contato uns com os outros. Quando o exército não está em contato com seus suportes, começa a confusão. E então, o que vem com a confusão, ou o que segue sua sombra? Toda a força de batalha se volta para si mesmo, para seus próprios problemas internos – o que chamamos no capítulo anterior de “introspecção corporativa”. Ocupação consigo mesmo e com seus próprios problemas, suas próprias dificuldades. E o inimigo se deleita quando vê as forças de Deus num estado como esse, divididas, confusas e atadas com seus próprios problemas e dificuldades! De fato, uma cilada do inimigo! Então a palavra é: “Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito”.

Outra coisa nesse sistema de adversidade é fazer com que o povo do Senhor coloque as causas secundárias no lugar das causas primárias. Podemos imaginar o que isso quer dizer. É colocar certas situações e condições em segunda classe, acusar alguém e dizer: “É isso ou aquilo outro ou algo mais. É assim que é”. Assim, voltamos nossos olhos para as pessoas. Voltamos nossos olhos para o que elas dizem e para o que elas fazem. Voltamos nossos olhos para eventos e acontecimentos. Nos tornamos obcecados pelas coisas à nossa volta – causas secundárias – assim, falhamos em ver o que está atrás de tudo isso, a causa primária, que são “principados... potestades... dominadores deste mundo tenebroso”. E, preste atenção, isso pode tomar um longo caminho. Não gosto de dizer algumas das coisas que estou prestes a dizer, mas preciso. Então, com coragem e lealdade, as digo.

É possível atribuir a obra do diabo como sendo obra de Deus! Terrível coisa está acontecendo, então dizemos: “Oh, não, claro que isso não é do diabo. É do Senhor. O Senhor está fazendo algo. É o Senhor. Não atribua isso ao diabo”. É possível fazer isso.

Quero seguir essa linha para examiná-la. O único ponto de investigação sobre qualquer situação deveria sempre ser: “Qual é o seu efeito?”. Em outras palavras: “É para a glória de Deus ou para desonra do Senhor?”. Podemos nos lembrar de quando o Senhor esteve aqui e, quando estava expulsando os demônios, Seus inimigos disseram: “Ele expele os demônios pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios” (Lucas 11:15). O Senhor Jesus os conduziu para uma questão de lógica, completa e pura lógica: “Se também Satanás estiver dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?” (Lucas 11:18). “Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e casa sobre casa cairá” (Lucas 11:17). Lógica! O demônio não está se expulsando! Então, Deus expulsa Deus? Deus trás desonra para Si mesmo? Deus destrói a Si mesmo? A resposta é totalmente clara: Não! Nunca! Deus nunca faz qualquer coisa que trará vergonha, desonra ou censura a Seu próprio nome. Ele tem muito ciúme do Seu nome. Então, se qualquer coisa tem esse efeito, deveríamos suspeitar dela. Deveríamos atravessar o cerne e coração dela, dizendo: “Isso é desonra ao Senhor. Isso é censura ao Seu nome. Isso é do maligno. Isso destrói os valores espirituais e celestiais. Assim sendo, não pode ser de Deus”. Devemos questionar sempre e sermos muito fiéis a esse respeito e ver exatamente onde cada coisa deve ser atribuída.

Causas secundárias é o método favorito do inimigo para se encobrir, se esconder, e nos fazer pensar que isso é... bem, você sabe, pessoas difíceis, coisas difíceis, isso ou aquilo outro, e em todo o tempo é essa coisa maligna e sinistra que está por detrás provocando, estimulando essas coisas, mas elas não são apenas o começo e o fim em si mesmas. Você verá em um momento no que ela vai conduzir.

Outra coisa que está bem clara nessa carta, como sendo uma das grandes obras de arte do inimigo, é que ele mantém o povo de Deus longe da luz, longe de obter luz. Ele mantém o povo de Deus na escuridão, o mantém cego, o mantém ignorante. Isso é visto nessa carta através da oração do apóstolo – e ele não chega à batalha no fim da carta, mas ele está nela desde o início. É por causa dela que ele escreveu tal carta. Existe uma incrível batalha, e logo no início da carta ele diz: “fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes”... para saberdes... e pela terceira vez... para saberdes (Efésios 1:16-19). Oh, a imensa consequência de saber, depende de “ter os olhos do vosso coração iluminados” para saberdes. Cegueira, ignorância nessa esfera das coisas espirituais para com o propósito de Deus, para com o instrumento que Deus usa para realizar seu propósito, para com os caminhos [ou métodos] de Deus para completar Seu propósito. Isso é um golpe de mestre nas mãos do inimigo. Sempre foi assim, desde o começo. Em outro lugar o apóstolo disse: “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2 Coríntios 4:4). Essa comissão do apóstolo foi expressa nessas palavras: “para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus” (Atos 26:18). Oh, o imenso valor da iluminação espiritual para o Senhor e para a igreja! E o imenso valor da ignorância espiritual para o diabo! Portanto, cuidado com esse assunto. Se levante em: “Resistir... e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Efésios 6:13) para essa questão de iluminação espiritual. Posso ver o apóstolo na prisão, não apenas oferecendo uma simples petição, mas com seus joelhos dobrados – como dizemos – lutando: “Deus, eu oro, conceda Seu espírito de sabedoria e de revelação”. A importância disso é incalculável.

Existem muitas outras ciladas, mas mencionarei apenas mais uma antes de concluirmos.

Tal cilada é fadigar ou consumir as coisas. Isso pode ser visto nas profecias de Daniel “[Ele]... consumirá os santos do Altíssimo” (Daniel 7:25 – ARIB). Ah, sim, minando a vida, desgastando. Esse é o objetivo de longo prazo dessas forças. Quer estejamos sempre alerta para isso ou não, quer estejamos atentos para isso ou não, quer tomemos isso dessa forma ou não, aqui está o fato: com muita frequência, a causa de nosso estado de exaustão não pode ser atribuída a nenhum outro motivo que não seja a ação de forças espirituais.

Isso pode ser provado. Oh, alguns de nós sabem o que estou falando: exaustão física, exaustão mental, exaustão espiritual, até ao ponto de simplesmente desistirmos – irmos para a cama, nos jogarmos na poltrona, e não fazermos mais nada: “Eu simplesmente não consigo. Não é algo que está em mim. Não tenho força. Não tenho energia para ir a essa reunião, para ir adiante com o ministério, para assumir esse pequeno trabalho. Simplesmente não consigo”. Você, alguma vez, colocou essas coisas em teste e se agarrou a Deus para obter vida de ressureição, energia divina, e assim continuou em fé, apegado ao Senhor? Qual foi o resultado? Oh, uma poderosa ascensão de vida! Depois de tudo, você sentiu que tinha mais vida do que tinha em seus melhores momentos de vida natural. É um erguer poderoso. Veja, isso que estamos falando é uma batalha, e o inimigo quer que nos rendamos, desistamos, que aceitemos a situação. Fracasso – Eu não consigo: “mas, apesar disso”, o apóstolo diz a Timóteo, “toma posse da vida eterna” (1 Timóteo 6:11,12). Isso é maravilhoso, simplesmente maravilhoso, o que foi feito através desse sobrenatural inflar de vida divina, quando naturalmente tudo era uma impossibilidade.

Estou falando a verdade, isso é um fato. Esse esgotamento, exaustão, drenagem tem que ser combatido pela ação positiva da fé. Precisamos nos agarrar Nele, que é a nossa vida, para atravessar a situação até o fim.

Para concluir: qual é o contraponto inclusivo de tudo isso e muito mais que se levanta contra, que constitui esse conflito, essa batalha? O apóstolo nos dá a resposta, quando ele nos disse a respeito da esfera e natureza da batalha, quando ele nos falou sobre todos os pontos que o inimigo ataca, representados pelas diferentes peças da armadura – pontos espirituais na vida – Ele disse: “Resistir... e, depois de terdes vencido tudo... permanecer” [Ef 6:13]. Ele disse ainda: “orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:18). Orando! Mas, perceba que é uma oração de luta, porque está no terreno de batalha. É oração que está relacionada a todo esse conflito. Quanto o inimigo tem tido êxito em trazer dano e ferimento – assaltos e extorsões, por roubar da igreja as suas orações de luta! Existe todo tipo de oração, exceto a oração de luta! Enchemos todo nosso tempo com toda sorte de coisas, mas não apresentamos orações de luta, corporativamente, contra as forças do mal! Elas estão lá para amenizar as coisas, para te roubar em relação a isso. Oh, como temos visto e observado que a igreja está indo em direção a todos esses problemas porque perdeu seu poder de luta em oração! É verdade. Um verdadeiro levantar de resistência coletiva, corporativa contra todas essas coisas, juntos derrubando tudo isso, permanecendo e resistindo em oração. “Resisti-lhe” (1 Pedro 5:9), diz a Palavra. Sim, a oração de luta tem que ser restaurada, ou todas essas coisas que mencionamos triunfarão: divisões, confusões, introspecção corporativa, julgamentos, exaustão de vida, retenção de vida. Todas essas coisas terão êxito até que nós alcancemos esse ponto em que o apóstolo diz: “orando em todo tempo” – oração de batalha, oração de luta.

Temo que muitos cristãos não saibam o que queremos dizer ao usar essa linguagem. É uma fraseologia estranha para muitos. E, de fato, sei que existem ainda muitos que não gostam disso e ofendem-se quando se fala a respeito desse assunto. Um dos enganosos argumentos é: “O Senhor está no trono. O Senhor é Senhor sobre tudo. Ele é soberano. Ele está fazendo Sua vontade. Por que me preocupar? Por que lutar? Por que levar isso tão a sério?”. Quanto engano! A Bíblia fala que essa batalha tem que ser levada ao triunfo pelo caminho da oração, e é a igreja que está em vista nessa carta – a igreja em oração.

Oh, que o Senhor nos traga para um novo caminho nesse terreno de permanecermos juntos em oração contra essa complexa obra destruidora dos principados, potestades e forças espirituais do mal! Que possamos recuperar nossa oração de luta, e veremos o que acontece – e isso será uma experiência gloriosa da igreja, ao ver que a absoluta supremacia do Senhor Jesus é uma realidade, mas que opera através dos joelhos dobrados da igreja.

Que Deus nos ajude!

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.