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A Centralidade e Supremacia do Senhor Jesus Cristo

por T. Austin-Sparks

Capítulo 2 - A Centralidade e Supremacia de Cristo para o Crente Individual

Leitura: Hebreus 1:1-14.

Agora avançemos para o segundo dos aspectos de "Cristo em você" e vamos para as palavras familiares de Gál. 2:20. "Fui crucificado com Cristo; não sou eu mais quem vive, mas Cristo vive em mim: e a vida que vivo agora na carne a vivo na fé, a fé que está no Filho de Deus, quem me amou e se entregou por mim".

2. CRISTO A VIDA NO INTERIOR

O primeiro é a revelação de Cristo dentro do coração; o segundo é a vida de Cristo no interior. É importante que reconheçamos que isto não é só o fato de que Cristo vive no interior, não meramente que Cristo está no nosso interior, vivendo em nós, mas traz consigo algo mais do que isso; que Cristo é a vida do crente. Cristo no interior é a própria vida do crente; Ele deve ser central e supremo como a nossa vida, e Ele é a nossa vida só na medida em que Ele é central e supremo, nada mais, nada menos. Mas desejamos entender em que sentido Cristo no interior é a vida do crente, e esta carta inteira aos Gálatas nos ajuda a entender isso. Não quero ser demasiado doutrinário ou teológico no sentido técnico, mas sinto que o povo do Senhor deve ficar esclarecido sobre as grandes doutrinas da graça. Assim, peço para fazer uma breve consideração do pano de fundo da declaração que está perante nós.

Muitas vezes falamos sobre Cristo sendo a nossa vida, muitas vezes dizemos coisas nesse sentido, que Ele é a nossa própria vida. Usemos um outro fragmento da Escritura que não está exatamente na mesma esfera desta passagem, embora esteja conetado: "Quando Cristo, quem é a nossa vida, se manifeste, então nós também com ele seremos manifestos em glória". O princípio de Cristo ser a nossa vida é o mesmo, mas aqui existe um pano de fundo disso. Não é somente que Cristo é para nós a energia vital que nós chamamos 'vida'. É claro, Ele é isso, Ele é a vida; o Espírito Santo é o Espírito da vida em nós, mas aqui está explicado pelo contexto e lhe é dado um significado mais profundo. Se você analisar as palavras que estão em torno você verá que esta declaração do Apóstolo representa uma mudança. Esta carta, como você sabe, está lidando com o legalismo no qual os crentes Gálatas tinham caído, pelo qual eles tinha sido vencidos, suplantados ou enredados. Você percebe como o capítulo 3 inicia: "Ó Gálatas insensatos, quem vos fascinou...?" Literalmente, "Quem vos lançou um feitiço?" Eles tinham ficado sob um feitiço, e foi o feitiço de um falso legalismo. Agora, o que Paulo está dizendo aqui no versículo 20, representa uma mudança. Paulo tinha vivido, nos antigamente, se agarrando à lei. A sua posição como Judeu era que o homem que viver sob a lei deve viver pela lei. A lei era: "Não farás", e "Farás". Quando os 44 "farás" eram cumpridos, e os "não farás" eram observados e evitados, então a vida de um homem era preservada por Deus. Se um homem quisesse viver e prolongar os seus dias na terra, então ele devia guardar a lei, e assim ele viveria se agarrando à lei, a lei dos mandamentos. E sabemos, mesmo de alguém como Saulo de Tarso, o qual rigidamente guardou a lei, que era uma coisa tremendamente pesada, e sempre representava condenação, juízo e morte. E as observâncias associadas com a purificação e relacionamento correto com Deus nunca, por um momento, tocaram a consciência, nunca tocaram o coração, eram meramente, digamos, conveniências pelo momento; eram puramente externas, e sempre houve o senso interno de alguma coisa carecendo, algo faltando. Mas Saulo tinha vivido se agarrando à lei, ele sustentava a sua vida se agarrando à lei com todo o seu peso, como todo o seu cansaço, toda a sua ameaça, juízo, condenação, e a sua sombra da morte que sempre teve em conta. Essa era a sua vida passada.

Agora, nenhum homem foi já encontrado, como Paulo deixa perfeitamente claro nos primeiros capítulos da sua Carta aos Romanos, que na sua própria natureza pudesse perfeitamente satisfazer Deus em cada ponto e requisito da Sua lei Divina. Todos quebraram, todos falharam, e em nenhum homem foi a raiz de justiça encontrada. Deus nunca poderia ficar satisfeito com uma justiça meramente externa que não estivesse dentro do próprio homem; um tipo de justiça teórica e não prática; e nunca foi achado um homem em quem houvesse justiça dentro de si, e a raça inteira está reunida na própria declaração de Paulo sobre si mesmo com toda sua justiça cerimonial: "Pois sei que em mim, isto é, na minha carne, não reside bem algum".

VIDA PELA JUSTIÇA, EM CRISTO

Agora, Cristo, o único que assim poderia fazer, cumpriu a lei até o punho em virtude da justiça inerente, e tendo satisfeito Deus, não externamente, cerimonialmente, teoricamente, mas inerentemente como sendo o Justo, sem pecado, tinha em sua própria pessoa cumprido a lei e colocou ela fora do caminho. Despachou ela. Deus apenas queria que fosse cumprida e então Ele a colocasse pusesse de lado. Cristo a cumpriu e a pôs fora do caminho e introduziu uma nova dispensação, não da lei mas da graça. Ele fez entrar um novo regime onde o governo não governa "não farás" e "farás", não um governo de legalismo sistematizado, mas de graça, e a nova dispensação é a dispensação da fé em Cristo; fé em Cristo como Aquele que satisfez cada demanda que Deus já fez para o homem, e satisfez Deus em nome de todos os homens; fé que Nele todos os que creem são reunidos e representados, e Deus é satisfeito com todos os mesmos Nele: Ele produziu a justiça que Deus requeria no homem e Deus é satisfeito. Ele produziu ela como homem pelo homem, e Deus está completamente satisfeito e contente.

Agora esse Cristo, com quem o Pai está completamente satisfeito no assunto de toda a justiça, está dentro do crente; de modo que o crente em Cristo tem toda a justiça Nele; Deus está satisfeito. O crente não é mais justo em si do que ele já foi, mas o Justo está dentro. Deus não olha para nós, Ele olha para o Seu Filho em nós; e portanto, agora Cristo vive no interior, e Paulo diz com efeito, "Agora vivo, não me agarrando à lei mas me agarrando a Cristo, e a coisa com a que me seguro em Cristo é a fé". "E essa vida que agora vivo na carne, vivo ela na fé, a fé que está no Filho de Deus". "Estou me segurando Nele pela fé, e eu vivo". Portanto, não há condenação, não há morte; pois a justiça está aqui, e onde a justiça está não há condenação. Não há pecado Nele, e ao não haver pecado Nele, morte e juízo não têm poder, relacionamento. Ele está aqui, e portanto, Ele é Quem vive no poder de uma vida indestrutível, inatacável. "Vivo me segurando Nele em fé". Como? Dizendo, quando o Acusador lançar uma acusação à minha porta, com um dardo inflamado e dizer: "Você está desagradando ao Pai" (desde que não esteja deliberadamente me entregando ao pecado, conscientemente fazendo o que é desagradável ao Senhor, e o inimigo tente colocar sobre mim o senso de ser desagradável ao Senhor e me derrubar em morte), eu direi: "Cristo, quem satisfaz o Pai por mim, está em mim, o Pai está bem agradado com Ele e Ele está em mim"; e se pela fé me segurar Nele, me ligar a Ele, em vez de morrer eu vivo, em vez de ficar sob condenação eu triunfo; e nesse sentido Cristo no interior é a vida, essa vida que nós vivemos. Vivemos em triunfo não ao lutar contra o pecado, não ao tentar contestar o Acusador como estando no nosso terreno próprio, mas ao apresentar Cristo e ao segurando-nos em Cristo como estando no nosso interior, pela fé.

Cristo é a satisfação dentro dos nossos corações. O que mais você quer? E a fé constantemente se segura Nele como a satisfação de Deus. "Fui crucificado com Cristo" - Por que me procurar então? "...E não sou mais quem vivo" - Por que tentar alguma acusação contra mim então? "Aquele que morreu é justificado do pecado" "...mas Cristo vive em mim". Se você pode acusar Ele com pecado, então não existe esperança para mim; mas na medida em que Ele é para o Pai tudo que o Pai requere em mim, e constantemente mantenho o vínculo da fé forte no que Ele é para o Pai por mim, eu vivo. Não morro, vivo, Ele é a minha vida; Ele se torna a minha vida nesse sentido. Você percebe que é mais do que considerar Cristo como a energia vital dentro de nós que nos mantém vivos. Existe um grande pano de fundo nisto tudo. Reúne tudo que Cristo é na Sua pessoa para com o Pai, e tudo que Cristo fez na Sua obra na Cruz para satisfazer o Pai, e isso é trazido até nós para ser a nossa porção interna, e depois, a fé se liga a isso, segura isso, e nós vivemos, "... e a vida que vivo agora na carne a vivo na fé, a fé que está no Filho de Deus, quem me amou, e se entregou por mim".

Isso colocou num espaço pequeno muita coisa da Palavra de Deus. mas sinto que é algo para nós permanecermos. Veja o que está envolvido, é a introdução do retorno do Senhor Jesus para o Seu lugar de centralidade e supremacia como a nossa vida, e é somente quando Ele é isso que nós vivemos. Nós vivemos por meio de Cristo. Cristo é a nossa própria vida nesse sentido. Ó! conteste ao Acusador com Cristo!

A frase "couraça da justiça" é só uma maneira metafórica, uma maneira ilustrativa, de se colocar esta verdade. A couraça da justiça é Cristo. Ele é o Justo, Ele se tornou para nós justiça, e não adianta tentarmos enfrentar o inimigo em nós mesmos, bons ou maus; devemos enfrentá-lo com Cristo, responda ele com Cristo toda vez. E se o Pai estiver fazendo grandes exigências, Ele proveu a Si mesmo com tudo que Ele precisa no Seu Filho, e Ele nos diz: "Tudo que peço de você é trazer ambas as suas mãos cheias do Meu Filho; traga ambas suas mãos cheias Dele nas Suas perfeições, isso Me satisfaz". Cristo é central e supremo no crente como a vida do crente. Gostaria que vocês fizessem mais do Senhor Jesus. Toda a ênfase destas palavras está no que Ele é no pensamento de Deus; e à medida que compreendermos isto de maneira viva, não meramente como doutrina, compreendê-lo no coração, conheceremos o significado do triunfo; conheceremos a vida de vitória; conheceremos o que é a plenitude. Amados, estou convencido que será na medida em que estivermos ocupados com o Senhor Jesus em si que seremos triunfantes, vitoriosos, vencedores filhos de Deus, e nada mais pode substituir isso, o que Cristo é.

3. CRISTO FORMADO NO INTERIOR

Passemos agora para o terceiro aspecto desta internalização de Cristo, a esperança da glória. Gál. 4:19: "Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós".

Primeiramente temos: Cristo em revelação interna; em segundo lugar, Cristo em vida interna; em terceiro lugar, Cristo em formação interna. Agora, aqui outra vez é necessário fazer distinções. Existe uma passagem similar em Romanos 8, ou que parece ser similar. Tem palavras que semelhantes a estas, mas não são da mesma natureza, no entanto, apontam para a mesma coisa. Aqui está: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". Lá o crente está sendo conformado à imagem do Filho de Deus. Aqui está Cristo sendo formado no interior. Existem similitudes, existem diferenças, e nós estamos ocupados com o significado e valor específico próprio em Gálatas.

Tome novamente toda a carta aos Gálatas. Traga à memória o seu objetivo, veja o que o Apóstolo tem como o seu motivo de escrevê-la; que trata da correção de um erro. Da caída nesse erro, o de ficar enfeitiçado, sob um feitiço, o qual é devido à imaturidade espiritual. Estes crentes não avançaram como deveriam ter avançado no Senhor, e por causa da maturidade atrasada deles tinham caído como presas daquilo que estava acontecendo. Agora, o Apóstolo, escrevendo para corrigir o erro, apontou para a raiz do assunto, diretamente para a situação, e ele diz com efeito: "Tudo se deve à indeterminação de Cristo em vocês". Siga a metáfora de perto e você verá o que ele está dizendo. No verso 19 a ênfase está na palavra "formado" "... até que Cristo seja FORMADO em vocês". É uma palavra muito forte. O que ele está dizendo é: "Sim, Cristo está em você na medida em que você forem crentes e filhos de Deus, porém é um Cristo mal definido, uma Cristo sem forma, um Cristo sem características desenvolvidas; Ele está lá, mas Ele ainda não tem definição clara em vocês, as características não estão desenvolvidas; e por causa disso existe tudo isto - esta fraqueza e aptidão para ser desencaminhado; o Cristo que vocês têm é alguém que ainda não tem sido formado". Observe que isto é uma coisa diferente de Romanos 8:29. Isso aponta para um crescimento progressivo, para à imagem final de Cristo, o Filho de Deus. Isso é o que está acontecendo. Nós estamos sendo conformados pela correção, pelo sofrimento, pela tribulação, pela dor, pela disciplina, pelas coisas que o Senhor permite que nos aconteça, estamos sendo conformados à imagem de Cristo. Isso é o que está ocorrendo diariamente, mas isso não é o que está aqui, isto é algo mais. É a implicação de Cristo estar claramente definido em nossos corações. Havia confusão, indefinição, porque eles não tinham visto claramente que "Cristo é o final da lei para os que creem"; que Cristo realmente represento um corte limpo entre a velha dispensação e a nova, a velha ordem e a nova; que Cristo tinha cumprido a lei e colocado ela fora do caminho. Eles não compreenderam a clara definição de Cristo nos seus corações, e porque eles não tinham compreendido claramente essas características do significado da pessoa e obra de Cristo, eles foram um presa para qualquer coisa que aparecesse. Agora, existem muitos do povo do Senhor nessa situação. Eles são uma presa para todo tipo de coisas porque eles não têm reconhecido a implicações claras de Cristo estar no interior.

A NECESSIDADE DE UMA CLARA COMPREENSÃO DE CRISTO

Por que existem tantos do povo do Senhor simplesmente batidos e assediados e atormentados pelo Acusador, sempre lhes fazendo ter os seus olhos voltados para dentro em autoanálise, em introspecção autoconsciente, ocupados com eles próprios o tempo todo; tão amarrados consigo mesmos que ficam inúteis para Deus e para as outras pessoas? Por quê? Porque eles não têm reconhecido claramente as implicações de Cristo; que Cristo respondeu a Deus em nome deles em tudo que Deus já requereu deles; eles não compreenderam isso pela fé. Esse é o caminho da libertação de nós mesmos. Essa é libertação de si próprio para Cristo. Porém, eles estão ainda numa maneira mal definida tentando prover Deus com satisfação, e é uma luta terrível. Eles não viram as características claras de Cristo. Cristo não está formado neles. Ele é (se você sofrer isso) um morador sem forma, mal definido. É um tanto difícil de explicar, mas provavelmente você entende o que quero dizer. Logo que compreendemos as implicações claras de Cristo habitando no coração, teremos uma posição estabelecida, teremos chegado a um lugar forte, teremos chegado ao lugar em que nenhum legalistas poderão aparecer e arrebatar o nosso coração. É o que João deu a entender quando escreveu sobre os anticristos, e sobre o povo do Senhor dizendo: "me pergunto se isto está correto, se isto é verdade? Parece que sim". "Mas a unção que recebestes dele reside em vocês, e não tendes necessidade de que ninguém vos ensine". Internamente você sabe pela unção se a coisa está correta ou errada. Você não consegue colocá-lo em palavras, nem sempre analisar a coisa e dizer, isto está errado nisto e naquilo; você não consegue esclarecê-lo tudo; mas no seu coração você tem o testemunho de que há alguma cosia sobre isso que o esclarece tudo; mas no seu coração você tem um testemunho de que há alguma coisa sobre a qual você tem de ter cuidado. Existe toda a diferença entre as nossas suspeitas e os nossos preconceitos e o testemunho no interior. Não tente projetar a sua mente em nada; não pense que você tem de assumir uma atitude suspeitosa e questionar tudo para se manter a salvo; não pense que você deve ser prejudicado por razões de segurança.

Se você está andando no Espírito você pode ter um semblante aberto, a sua mente aberta; você pode ficar sem medo, a unção em você lhe ensinará, você terá conhecimento toda vez. Talvez você não seja capaz de definí-lo, mas você dirá: "Existe algo intangível no meu coração; eu conheço". Essa palavra falada em relação aos anticristos, sobre os quais o povo do Senhor não tinham certeza - "a unção vos ensina". Isso é Cristo ser formado no interior. Você chega a um lugar claro, definido. As características de Cristo foram definidas, delineadas; os sentidos foram exercitados; as faculdades semelhantes às de Cristo foram desenvolvidas. Não é algo sem forma mas algo claro; o Cristo formado dentro. Paulo diz: "Estou sofrendo, estou como que com dores de parto pelos meus irmãos, os seus estados me deixa com dores de parto até que você chegue ao lugar em que Cristo é definido nos seus corações; onde Ele toma forma, e não é um Cristo sem forma". Esse é o significado de Gálatas 4:19.

4. CRISTO ESTABELECENDO-SE (FAZENDO O SEU LAR) NO INTERIOR

E logo a seguinte coisa, a quarta coisa. Efésios 3:17: "Que Cristo habite nos em seus corações através da fé; a fim de que arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível, em união com todos os santos..." "Que Cristo habite em vossos corações por meio da fé". Agora aqui você tem um avanço tudo o resto. Talvez você não o reconheça, mas é um avanço. Isto não está dizendo que Cristo tome residência no seu coração, Isto não está dizendo que Cristo venha ao seu coração. E isto não está dizendo que Cristo encontre um alojamento no seu coração. Isto está dizendo: "Que Cristo habite no seu coração" e a palavra Grega lá é, "fazer o Seu lar" ou "estabelecer-se" no seu coração. "Que Cristo faça o Seu lar no seu coração". Isso é mais do que um alojamento, é algo mais do que só entrar e ficar lá. Não toda casa é um lar.

Alguns de você estarão voltando para as nossas reflexões sobre "Betânia", e você lembrará como no início da nossa meditação sobre Betânia mostramos que Betânia representava o contraste de que quando Ele veio - Ele que criara todas as coisas - veio para os Seus e que os Seus não O receberam, de maneira que Ele disse quanto à Sua presença aqui na terra: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninho; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça": essa era a sua situação no mundo: mas Ele veio para Betânia, e Ele voltava e voltava - e na face de grandes estresses, quando as coisas pressionavam cada vez mais pesadamente sobre Ele em direção ao final, o Seu constante retiro era para Betânia. O único lar que parecia Ele ter tido nesta terra era Betânia. Era porque Ele encontrava a satisfação do Seu coração em Betânia. Havia alguém lá que "continuava a ouvir". Como apontamos, a tradução literal de Maria ficar escutando é: "ele continuava a escutar a Sua palavra". Ele queria alguém, Ele queria algum coração no qual derramasse o que estava Nele próprio e encontrasse apreciação e reposta, e Ele o encontrou em Betânia - a melhor parte. Era a sua satisfação do próprio coração porque Ele era escutado, respondido, e feito com que sentisse que era o maior dos privilégios ter Ele lá. "Que Cristo faça o Seu lar em vossos corações".

Nós somos muitas vezes como Marta antes dela ser corrigida (graças a Deus que ela ficou bem, e a última imagem de Betânia é Marta ainda servindo, porém as coisas estão bem agora, as atividades externas não superaram as atividades espirituais internas; as coisas foram concertadas), nós estamos fazendo uma infinidade de coisas para o Senhor quando o Senhor está só desejando ter uma oportunidade para ser escutado. O Senhor muitas vezes nos diz: "Sim, sei que você quer ficar muito ocupado para mim, sei que você quer tudo para Mim, sei que o seu motivo está certo, aprecio muito tudo isso, mas ó, desejo que você Me dê uma chance para dizer algumas coisas a você; ó, que você Me dê uma oportunidade só para falar ao seu coração, para lhe mostrar coisas que você não conhece, coisas que fariam uma grande diferença". E esta é a explicação de sermos chamados para apartarmos às vezes. Ele nos afastaria das atividades febris dos "muitos afazeres" para um lugar em que Ele é estucado. Mas quão melhor se dessemos a Ele uma chance, do que Ele ter que criá-la. Nós temos de correr o risco de sermos mal interpretado por aparentemente não fazer nada, como Maria foi mal interpretada. Às vezes ficamos com medo das pessoas pensarem que estamos a desleixar porque nos afastamos com o Senhor mais um pouco. Tudo bem, o Senhor sabe. Mas note bem, Ele virá e fará a Sua casa onde Ele encontrar isso. Às vezes é mais do que Cristo como um alojador. (Perdoe pela maneira de colocá-lo). É Cristo à vontade no coração, fazendo o Seu lar lá. Peça ao Senhor para que aplique isso a você na medida em que for necessário. Vocês que estão atarefados, lembrem que todas as suas obras, na mente do Senhor, nunca podem tomar o espaço da oportunidade que Ele almeja conseguir falar coisas mais plenas em seus corações. As suas atividades não terão vitalidade a menos que você esteja Lhe dando tempo para falar e tenha respostas para novos desvendamentos.

5. CRISTO GLORIFICADO NO CRENTE

Agora, finalmente, na Segunda Carta aos Tessalonicenses 1:10. "quando naquele dia ele vier para ser glorificado nos seus santos e para ser admirado em todos os que tiverem crido" "E ser maravilhado em todos os que creem" (A.R.V). É a consumação de Cristo no interior. Não acha que isso é uma declaração maravilhosa, algo maravilhoso dito lá? Sim, nós esperamos ver Ele vindo em glória, nós esperamos ver o Cristo glorificado, mas Ele está realizando algo até lá que significa que quando Ele aparecer a Sua glória estará nos santos. Não é somente o Cristo objetivo vindo em glória, é o Cristo subjetivo manifesto em glória. "se realmente participamos dos seus sofrimentos para que, da mesma maneira, participemos da sua glória" Ele orou para que contemplemos a Sua glória, e Ele vai ser glorificado NOS santos e maravilhado NELES que creem.

Foi - da perspectiva do mundo - um camponês Palestino que um dia subiu para a ladeira de uma montanha. Talvez houveram coisas surpreendentes sobre Ele, impressionantes, mas na maioria Ele era um homem como os outros. Ele chegou ao topo dessa montanha e de repente Ele ficou flamejante e chamejante com glória celestial, as Suas vestes foram mudadas, brancas e brilhando; glorificado, transformado de repente de um homem ordinário - como o mundo diria - para a glória de Deus; de repente, confundindo os que estavam lá de maneira que começaram a falar e não sabiam o que diziam. Totalmente arrebatados, como dizemos. Agora amados, esse Cristo está em nós. Nós somos pessoas muito ordinárias dentre os homens, não há nada muito surpreendente, excepcional, distintivo sobre nós, mas há um momento em que aquilo que aconteceu no monte da transfiguração irá nos acontecer; Cristo em nós vai resplandecer em glória através de nós, e como aqueles no monte da transfiguração ficaram maravilhados com Ele, assim Ele vai ser maravilhado em todos os que creem. Esse é o final de "Cristo em vós, a esperança da glória". A esperança dessa glória é Cristo em você; em outras palavras, Cristo central e supremo. Da iniciação até a consumação da vida do crente tudo depende disso.

Nós devemos retornar para todos os cinco estágios e ver o que cada um deles representa como uma exigência. Faça-o por si. Você verá que Cristo como revelado no crente significa ser um vaso capturado. Saulo de Tarso foi tomado como prisoneiro no dia em que o Filho foi revelado nele. Ele era um homem capturado a partir daquele dia. Ele chamou-se "o prisoneiro de Jesus Cristo". Você e eu temos de ser capturados.

O QUE "CRISTO EM VÓS" EXIGE

Cristo vivendo no interior como a nossa vida significa que somos um vaso crucificado. "Fui crucificado" - capturado; crucificado. Cristo formado no interior significa ser um vaso que avança com o Senhor, não ficando onde os Gálatas ficaram, mas avançando. Cristo fazendo o Seu lar no coração está conetado com estarmos "arraigados e fundamentados em amor" e logo lá segue a frase "com todos os santos". Assim, a comunhão no Corpo de Cristo, e o amor mútuo de um pelo outro é um princípio de "Betânia", conduzindo ao estabelecimento de Cristo. E assim, cada um representa a sua responsabilidade e exigência peculiar, até que você chegue à consumação; e você descobre que o contexto de cada um mostra qual é a exigência. Na consumação a carta aos Tessalonicenses fala sobre o sofrimento deles, a alegria no sofrimento deles por amor ao Salvador. Eles certamente estavam sofrendo porque tinham se convertido dos ídolos para servir ao Deus vivo e esperar pelo Seu Filho vir da glória, e eles sofreram, mas sofreram com alegria. E a consumação da glória está relacionada com a fidelidade através do sofrimento. Você percebe que existe uma exigência para cada coisa. Você pode analisar isso mais atentamente.

O Senhor ache em nós aquilo que responde ao Seu propósito e faça possível a realização do segredo do Seu coração: "Cristo em vós", central, supremo, "a esperança da glória".

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.