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O Que é a Igreja?

por T. Austin-Sparks

Primeiramente publicado na revista "A Witness and A Testimony", em Jul-Ago 1936, Vol. 14-4. Extraído de “O Senhor Ressuscitado e as Coisas Que Não Podem Ser Abaladas – Capítulo 4”. Origem: "What is the Church?" (Traduzido por Marcos Betancort Bolanos)

O que é a Igreja? É Cristo em união viva com os Seus, que onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome, aí estou Eu no meio deles. Isso é a Igreja. Você não constrói prédios especiais e chama eles “a Igreja”. Você não tem organizações especiais, instituições especiais, as quais você chama “a Igreja”. Crentes em união viva com o Senhor ressuscitado constitui a Igreja. Esta é a realidade, não a figura. A saber, a Sua carne, limitação humana, removida. Ora, em união com Cristo ressuscitado, todas as limitações humanas são transcendidas. Isto é uma das maravilhas de Cristo ressuscitado como uma realidade viva. Somos levados até a esfera de capacidades que são mais do que capacidades humanas, onde, por causa de Cristo em nós, podemos realizar o que nunca poderíamos realizar naturalmente. Nossos relacionamentos são novos relacionamentos; eles estão com o céu. Nossos recursos são recursos novos: eles estão no céu. É por isso que o Apóstolo escreveu aos Coríntios e disse que Deus escolheu as coisas fracas, as ignóbeis. As coisas que são desprezadas, e as coisas que não são, para que Ele por elas possa reduzir a nada o sábio, o poderoso, as coisas que são. Por que Deus o designou assim? Porque não é por força, nem por poder, mas pelo Seu Espírito; e para mostrar que existem poderes, energias, habilidades para os Seus que transcendem todos os maiores poderes e habilidades deste mundo.

Essa é a história do povo de Deus, e é aí onde muitas pessoas erram. Homens do mundo olham para cristãos e pela maior parte não acham muita coisa deles. Eles os medem pelo padrão do mundo, e dizem: Bem, eles são antes um pobre bando; seus calibres, não é muita coisa! Mas homens do mundo são incapazes de medir forças espirituais e celestiais. Eles são incapazes de ver o que está acontecendo quando uns poucos destes pobres, fracos, ignóbeis, desprezados crentes estão juntos diante de Deus, governados pelo Espírito Santo, as coisas sendo movidas aos limites deste universo, toda a jerarquia de Satanás sendo removidas à suas profundezas, e os poderes do céu estão sendo operados. Esse é o caminho de Deus, e o mundo nunca pode medir isso. Nem isso pode ser feito pela sabedoria humana, força, ou habilidade na melhor das formas. Deus escolheu as coisas fracas por isso. Por quê? Simplesmente porque coisas fracas nas suas dependências são os melhores instrumentos, os melhores meios de dar Deus uma chance de mostrar que tais obras não são de modo algum de nenhuma suficiência humana, mas tudo Dele mesmo.

Por favor não tome nenhum conforto pelo fato de que Deus escolheu as coisas fracas e ignóbeis e dizer: Bem, eu sou isso, e por isso está tudo bem! O ponto é, está você na mão de Deus trazendo ao nada o poderoso, o sábio? Não é o caso de descansar sobre nossa fraqueza, e nossa insensatez, e nosso nada, e dizer: isso aplica-se a mim; está tudo bem; é isso tudo o que importa! Isso não é tudo o que importa. A coisa que importa é que eu, sendo um fraco, insensato ninguém, possa conhecer a união da ressurreição com Cristo em tudo o Seu grande poder, e nessa união com Ele, poderosas coisas espirituais sejam realizadas através de mim. Esse é o lado positivo.

Os céus e a terra estão unidos em Cristo ressuscitado. Sim, Ele está nos céus, e porém Ele diz: “Eu estou com você todos os dias”. Ou novamente, temos a declaração, “Eu irei ao Pai”, e na mesma hora a promessa: “E faremos nele morada”. Estevão, na hora de sua morte, viu os céus abertos e o Filho do Homem em pé à direita de Deus, e no entanto esse Filho do Homem estava pelo Seu Espírito em Estevão, pois Estevão foi declarado ser um homem cheio do Espírito Santo. O Espírito Santo é o Espirito de Cristo. Assim, Cristo que está nos céus está também no interior, e os céus estão também no interior, e os céus e a terra são um no Cristo ressuscitado. Cristo foi visto nos céus por Saulo de Tarso na estrada à Damasco, e todavia Ele diz para Saulo: “por que Me persegues?” Quando Saulo estava perseguindo crentes, o Senhor Jesus claramente insinuou que enquanto Ele estava lá cima, Ele também estava aqui, e que quando Saulo tocava nos crentes ele tocava Nele. Os céus e a terra são um no Senhor ressuscitado.

Tipicamente isto é representado pela escada de Jacó, Jacó repousou num certo lugar, e tomou as pedras desse lugar e deitou, fazendo delas a sua almofada. “E sonhou, e eis que uma escada estava apoiada na terra, e seu topo chegava aos céus: e eis que anjos de Deus subiam e desciam por ela: e eis que o Senhor estava sobre ela...” Os céus e a terra tinham se unido nessa escada. Traga isso e marque a interpretação espiritual dada nas palavras do Senhor a Natanael: “vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Qual é o significado disto? É claramente que Cristo é a escada. Cristo uniu os céus e a terra em Sua Pessoa ressuscitada. Os céus estão abertos por causa da obra de Sua Cruz. A limitação se foi, a barreira foi removida, e em Cristo somos unidos novamente com os céus.

Isso significa que com um céu aberto o Espírito Santo da unção é dado. Nele chegamos a participar na unção de Cristo. Os céus foram abertos, e o Espírito desceu e repousou sobre Ele. Esse é o tipo. Depois de Sua morte, sepultamento, e ressurreição, os céus foram abertos para Ele, e o Espírito foi dado a Ele sem medida. Então a partir desse momento, crentes foram batizados em Cristo, e, sendo batizados em Cristo, eles viram sob a unção de Cristo. Tenha cuidado para não se empenhar em ir atrás de uma unção pessoal. Lembre, a sua unção está sempre em Cristo, sob Cristo como o Cabeça sobre Quem a unção descansa. Muitos perigos estão ligados com a procura por uma unção pessoal como tal. Entretanto, isso foi por sinal. Batizados em Cristo, em união com o Senhor ressuscitado, o Espírito da unção repousa sobre nós, porque repousa sobre Ele. Somos batizados em um Espírito num só Corpo.

A partir daí tudo é de Deus. Tudo é diretamente de Deus; nenhum tipo agora, nenhum intermediário, mas tudo diretamente de Deus. Isso significa que os céus abertos nos dão imediato acesso a Deus, e que Deus não está agora distante, longe de nós, lá nos céus à parte. Os céus e a terra são unidos em Cristo, e Deus está aqui pelo Seu Espírito em nossos corações, com todos os recursos que Ele tem. Nós podemos conhecer o Senhor numa forma pessoal e interior. Podemos recorrer aos recursos do Senhor numa forma pessoal e interior. Tudo que o Senhor tem está disponível para nós interiormente. Esse é o significado de um céu aberto. Tudo que se seguiu na vida de Cristo aqui nesta terra, de recurso secreto, foi simplesmente indicativo deste significado do Seu batismo, isto é, de um céu aberto.

Veremos mais desses recursos ao continuarmos, mas os céus abertos é uma coisa maravilhosa, algo tremendo. Os céus não estão mais fechados quando somos unidos com Cristo no terreno da Sua obra expiatória, pela qual o véu foi removido e somos levados diretamente até a presença mesma de Deus. Nós nos beneficiamos e damos atenção à exortação do Apóstolo: “cheguemo-nos em inteira certeza de fé”. Temos acesso por meio do Seu Sangue. Este é o novo e vivo caminho o qual Ele abriu para nós através do véu, isto quer dizer, a Sua carne. Possa haver agora um céu aberto para nós, e tudo que os céus abertos significam.

O Senhor nos ensine o que significa, e nos traga para o bem disso.


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