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A Plenitude de Cristo

por T. Austin-Sparks

Primeiramente publicado na revista "A Witness and A Testimony", em Nov-Dez 1934, Vol. 12-6. Origem: "The Fulness of Christ". (Traduzido por Marcos Betancort Bolanos)

O campo de nossa meditação principalmente será o livro de Josué, e as cartas aos Efésios e Colossenses. O fragmento que é a chave desta meditação está em Efésios 4:13:

“Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo”.

Este versículo pode muito bem ser colocado no começo do livro de Josué, e daria uma interpretação muito boa a esse livro, e seria uma guia para a leitura espiritual e estudo do livro. Explicaria tudo que está acontecendo depois que Israel atravessou o Jordão e entrou na terra. Explicaria coisas de ambos os lados; do lado da intenção Divina, e do lado da resistência do adversário. Representaria o que o Senhor está procurando, e quais os inimigos que estão contra.

“Até que todos alcancemos a unidade da fé...” Leve essa primeira cláusula do versículo pelo livro de Josué, e será muito iluminador.

“...e do conhecimento do Filho de Deus...” o mesmo se aplica aí. Será necessário tomar só um fragmento da carta aos Hebreus, talvez, para nos ajudar nessa conexão quanto a Josué sendo designado para trazer descanso. “Mas Josué não realizou completamente esse propósito de trazer o descanso “sendo assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus” (Heb. 4:9). Esse “descanso restando” é achado em Cristo. O livro de Josué pretende apontar para a plenitude do conhecimento do Filho de Deus nos santos; chegando à finalidade, ao descanso; “...e cheguemos à maturidade...” e isso claramente fica em contraste da vida no deserto de imaturidade espiritual.

“... atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo”. É somente possível entender a terra à luz da plenitude de Cristo. Todas as promessas superlativas conetadas com a terra são transferidas espiritualmente para o Senhor Jesus. Ele é a plenitude de Deus para Seu povo em todos os aspectos.

Verdadeiramente este versículo décimo terceiro de Efésios é uma introdução magnifica no livro de Josué. A última cláusula personifica todas as outras cláusulas: “...a plenitude de Cristo”. Esse é o fim em vista.

As cartas aos Efésios e Colossenses como um todo tem a ver com a plenitude de Cristo. Na carta Colossense está a plenitude de Cristo como Cabeça; na carta aos Efésios está a plenitude de Cristo como Cabeça sobre todas as coisas para a Igreja que é Seu Corpo, a qual é a plenitude Dele que cumpre tudo em todas as coisas.


A Trindade em Ação

Retornando para o tipo, ou lado ilustrativo desta verdade espiritual como é apresentada na vida de Israel, podemos começar observando as três seções da história de Israel. Primeiramente em Egito e a libertação; em segundo lugar, no deserto, em terceiro lugar, na terra. Cada uma delas representa uma relação especifica da Cabeça Trina.

1. O Pai em Egito.

A primeira – Egito e a libertação – distingue Deus o Pai agindo em graça Soberana. O pensamento do Pai é muito definidamente introduzido quando a comissão é dada a Moisés. Moisés foi instruído a dizer para o Faraó: “Faze partir o meu filho Israel, para que me sirva”; e “Mas uma vez que recusas deixá-lo partir, eis que farei perecer o teu filho primogênito”. É Deus o Pai agindo em graça Soberana em relação a Israel em Egito, e a libertação de Israel. É Deus, Cujo coração está fixado sobre Sua família, Seus filhos. Quem toma a iniciativa em relação aos homens e mulheres na escravidão do mundo de pecado, e Satanás. É Deus quem amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito. O elemento paternal está aí em graça Soberana para obter uma família.

2. O Filho no Deserto.

No segundo caso – no deserto – é Cristo como o modelo e base de vida. O modelo, provavelmente consumadamente representado no Tabernáculo e todas as ordenanças do Tabernáculo, é Cristo em Pessoa, e Cristo como uma ordem celestial, um sistema espiritual, para o qual o povo de Deus é para ser conformado, qual semelhança é para eles serem trazidos. É apresentado muito claramente no Novo Testamento. Cristo é referido lá como a base da vida. No deserto haviam muitos tipos de Cristo como a vida do povo celestial, o Maná, o Pão: “Eu sou o pão da vida”; “Vossos pais comeram o maná no deserto...”; “Eu sou o pão vivo”. A água da rocha, ao que Paulo se refere: “Não quero que ignoreis que nossos antepassados estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar... e todos beberam da mesma bebida espiritual, porque tinham a sede saciada pela rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo”. E assim, em muitas outras ocasiões encontramos Cristo no deserto como a base da vida.

3. O Espírito na Terra.

Quando chegamos ao terceiro caso – na terra – chegamos ao Espírito Santo; o Espírito Santo na energia com relação ao atingir a plenitude de Cristo. Josué, como bem sabemos, é um tipo da energia do Espírito Santo. Josué ficou sob o governo do Chefe do exército de Yahweh – o Espírito Santo em relação a Cristo no lugar de autoridade absoluta.

Estas três seções da história de Israel trazem à vista os três relacionamentos da Cabeça Trina na suas especificas expressões; o Pai, o Filho, o Espírito Santo. O Pai e redenção; o Filho e o objeto redentor; o Espírito Santo e a energia redentora.

Quatro Características do Livro de Josué

O livro de Josué corresponde com Efésios e Colossenses em quatro coisas, essencialmente:

Primeiramente, em Cristo ressurreto no outro lado do Jordão.

Em segundo lugar, nos celestiais em Cristo. Um povo que é considerado como inteiramente separado deste mundo e que está proibido de ter qualquer tipo de relacionamento voluntário com ele.

Em terceiro lugar, aumento espiritual - continuando para a maturidade, para o fim de Deus.

Em quarto lugar, governo espiritual.

Essas são as quatro coisas que são as linhas principais do livro de Josué, e elas são as quatro coisas que caracterizam numa maneira excepcional as cartas aos Efésios e aos Colossenses.

A coisa importante a ver é que são passos sucessivos, cada um dos quais faz necessário o outro, tanto antes como depois.

Se você está em Cristo ressurreto, então, como Paulo diz em Colossenses 3:1, você deve procurar essas coisas que são de cima, onde Cristo está. A vida ressurreta com Cristo demanda a posição celestial e a vida celestial em Cristo.

Para ter uma vida celestial com Cristo agora você deve conhecer a vida de ressurreição em Cristo. É impossível conhecer uma vida em comunhão celestial com o Senhor se você não conhece Ele no poder de Sua ressurreição. É uma coisa que é básica. É uma crise num certo ponto, mas é uma coisa que continua todo o tempo. Todos os dias, a fim de manter e continuamente desfrutar da nossa vida celestial e posição em Cristo, temos que aplicar o poder de Sua ressurreição; isto é, viver sobre Sua vida ressurreta. Se estamos diariamente e realmente vivendo sobre a vida ressurreta do Senhor Jesus, saberemos o que a comunhão celestial é. Estas coisas se exigem mutuamente, ambos os sentidos.

Depois, se estamos ressurretos com Cristo, e numa comunhão celestial, nos moveremos para a terceira coisa espontaneamente – aumento espiritual; crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo; avançando para a maturidade, para a plenitude.

Trabalhemos novamente. Não pode haver aumento espiritual exceto quando vivemos fora do contato voluntário com o que é referido pelo mundo espiritualmente ou moralmente. Nós nunca podemos crescer em Cristo se temos qualquer tipo de raiz, ou ligação com o mundo espiritualmente ou moralmente. Se tivermos, nos manterá afastados do crescimento espiritual. Nunca podemos conhecer aumento espiritual exceto quando conhecemos a energia da vida ressurreta do Senhor Jesus.

A seguir, a quarta coisa segue-se – governo espiritual, ascendência, autoridade, poder, domínio. Isso é algo mais do que posição. Isso é colocar sua posição numa forma executiva. Você pode ter uma posição na qual você não está funcionando. Isso precisa de explicação, mas é facilmente feito e muito simples e prático. O que é governo espiritual? O que é ascendência espiritual? Algumas pessoas têm, aparentemente, reduzido esta questão de autoridade, governo e poder, para aplicar meramente ao campo do poder direto sobre o inimigo, e sempre que autoridade ou governo é mencionado, eles têm alguma ideia de exorcismo e de lidar com demônios, e assim por diante. Esse pode ser um campo bem apropriado para o exercício de autoridade em Cristo, mas mais frequentemente daquilo que não é a experiência da média de cristãos é lidar com demônios indiretamente, e não diretamente. Se alguém contraria um desejo, uma preferência, um gosto nosso, e se torna desse modo um meio de irritação e aborrecimento, há muito espaço para perder sua posição e se desmoronar na sua ascendência. Existe, por outro lado, a mesma oportunidade para provar que você está acima e não abaixo. De mil maneiras diferentes na vida diária ordinária, toda a questão do governo está envolvida. Cada provocação é uma prova de governo espiritual. Por que o Senhor não remove pessoas difíceis e inábeis da esfera de nossas vidas, mas as deixa lá? Podemos ter orado muitas vezes para o Senhor tirar elas de nosso âmbito, para nos libertar delas; e o Senhor ignora todo esse tipo de orações. Ele está simplesmente dizendo: isto é para o alargamento de Cristo! Como? Simplesmente ao colocarmos no topo da situação pela apropriação da fé de Cristo. Esse é o governo de Cristo. Isso é aumento espiritual. Isso é ascendência espiritual.

São inúmeras as maneiras em que podemos subir ou descer quase num dia, e muitas vezes num dia; e seja que subamos ou desçamos, depende inteiramente sobre a medida de Cristo que há em nós, a qual temos atingido. Se há uma grande medida de Cristo, então seremos capazes de enfrentar o mal com o bem, e assim triunfar. Isso é governo. Indiretamente estamos simplesmente lidando com o inimigo. O inimigo conta com o terreno da reação da carne para suas vitórias todo o tempo. Se ele não tiver terreno de reação carnal – isto é, se nós não reagirmos na carne – o inimigo é um inimigo derrotado, e nós estaremos num lugar de autoridade sobre ele. Autoridade não é simplesmente oficial; é espiritual, é moral, é “Cristo em você...”

Ascendência Espiritual e Moral – o Desejo de Deus Para Nós

Isso é do que o Senhor está atrás. Ele está atrás de obter Seu povo num lugar de elevação espiritual, no alto com Ele mesmo. Isso deverá ser a exteriorização de nossa união ressurreta com Cristo, nossa comunhão celestial com Cristo e de nosso aumento espiritual em Cristo. Trabalhando para trás, é tão simples, tão patente, que você nunca pode conhecer domínio espiritual, elevação moral, a menos que você tenha o aumento de Cristo, espiritualmente crescendo, e a menos que você conheça o que a união celestial com Cristo é, e a menos que você conheça o poder de Sua ressurreição.

Observe algumas das características correspondendo Josué, Efésios e Colossenses. Aqui há uma pequena base de estudo nestes três livros. Veja quantas vezes no primeiro capítulo do livro de Josué há uma chamada pela força espiritual, ou para ser forte. Nesse primeiro capítulo o Senhor diz uma e outra vez a Josué: “Sê forte, destemido”; “Ora, não te ordenei: Sê forte e corajoso...” Torne para a carta aos Efésios, capítulo 3 versículo 16: - “Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo”.

Capítulo 1, versículos 18-21: “... para que saibais qual... e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua portentosa força. Esse mesmo poder que agiu em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e entronizando-o à sua direita, … muito acima de toda...”

Ou de novo, no Capítulo 6, versículo 10: - “Concluindo, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”.

Devemos reconhecer que tudo isso é para algo. Surge no primeiro capítulo do livro de Josué, e em Efésios o que está em vista é apresentado tão claramente. É um conflito espiritual, para o qual a natureza não faz nenhuma provisão, e para o qual o homem não encontra nada em si mesmo.

Torne para a carta aos Colossenses, Capítulo 1, versículo 11: - “Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a maravilhosa força de sua glória...”

Olhe novamente em Josué, capítulo 3. Lá você tem a travessia do Jordão. O significado em tipo do Jordão é a identificação com Cristo na morte, sepultamento e ressurreição. É a posição de Romanos 6.

Torne para Efésios, e em capítulos 2 e 3, você achará o aspecto das coisas do Jordão referido bem definidamente: - “Ele vos concedeu a vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados... Deus nos ressuscitou com Cristo...”
Depois em Colossenses, capítulo 2, versículos 10-12: - “Assim como, em Cristo, estais aperfeiçoados... Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar da carne pecaminosa. Isso aconteceu quando fostes sepultados com Ele no batismo, e com Ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos”.

Três Características da Terra

No livro de Josué você está por fim na terra, e estando na terra representa três coisas: -

1. Vida de Ressurreição com Cristo.
2. União celestial com Cristo.
3. Plenitude em Cristo: a medida de Cristo.

Quando você torna para estas duas cartas do Novo Testamento, você vê quanto é referido acerca destas três coisas.

Em Efésios é: “Deus nos ressuscitou com Cristo, e com Ele nos entronizou nos lugares celestiais em Cristo Jesus”.

Em Colossenses é: “Portanto, visto que fostes ressuscitados com Cristo, buscai o conhecimento do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nos objetivos do alto, e não nas coisas terrenas, pois morrestes, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.

A plenitude em Efésios é: “Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo. E que Cristo habite por meio da fé em vosso coração, a fim de que arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível, em união com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade dessa fraternidade, e assim entender o amor de Cristo que excede todo conhecimento”.

A plenitude em Colossenses está a representação sem par da plenitude de Cristo, e depois somos informados de que nós temos a plenitude Nele. De maneira que além do Jordão, na terra, todas estas coisas como realidades espirituais são obtidas.

Além disso, no livro de Josué está a conquista. Em Efésios, nos celestiais, “nossa luta não é contra carne nem sangue, mas contra principados e potestades, contra os dominadores deste sistema mundial em trevas...” Isso é um toque de Josué.

À medida que você avança no livro de Josué você descobre que você chega à questão dos relacionamentos. Uma seção muito interessante e iluminadora de Josué tem a ver com relacionamentos na herança. Nas Escrituras correspondentes em Efésios há muito acerca de relacionamentos em Cristo. O capítulo 4 e 5 têm a ver principalmente com relacionamentos no Corpo de Cristo. A mesma coisa está em Colossenses.

Depois quanto ao governo. Josué traz o governo muito claramente à vista. Um pequeno toque somente mostrará de uma só vez essa linha de coisas no livro de Josué – o trazer dos reis, e o comando para colocar o pé sobre o pescoço destes reis. Isso nos levará até o Novo Testamento, e no meio do nosso caminho (por assim dizer) para Efésios e Colossenses passamos através de Romanos, e vemos: “E, sem demora, o Deus da paz, esmagará Satanás debaixo de vossos pés”. (16:20).

Em Efésios a palavra é: “Muito acima de toda potestade e autoridade, poder e domínio”. Somos chamados para essa união celestial com Ele na ascendência sobre estas forças espirituais.

De maneira que vemos as características correspondentes entre estes livros do Velho e o Novo Testamento. Tendo pavimentado o caminho por uma meditação podemos avançar um pouco mais em ver o presente valor espiritual de tudo isto. O que precisamos ver, principalmente, é o propósito de Deus, e depois os meios e métodos de Deus para atingir Seu propósito.

O Propósito de Deus

O propósito de Deus está claramente revelado ser o trazer dos santos para a plenitude de Cristo. Paulo colocaria isso em várias maneiras. Ele usa a palavra: “Atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo”. Em outro lugar ele o expressará nesta maneira: “Para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”. Ir pelas cartas de Paulo somente com o pensamento de integralidade espiritual, perfeição (no correto uso e significado dessa palavra “perfeição” - significa integralidade, plenitude), é ver quão tremendo este assunto é no pensamento Divino. O propósito de Deus é mostrado ser, por uma esmagadora quantia de Escritura, o trazer dos santos para a plenitude de Cristo. O que se segue são os meios e métodos de Deus para atingir esse fim.

Algumas Coisas Que são Básicas para o Propósito

Se Deus vai obter Seu fim; isto é, os santos levados à plenitude de Cristo, então algumas coisas são necessárias para Ele, para Seu fim, como também para nós, para chegar ao fim de Deus.

A primeira coisa é um coração que está completamente fixado no Senhor. A menos que o Senhor tenha isso em nós Ele não terá esperança, nenhuma oportunidade; a menos que o nosso coração esteja completamente fixado no Senhor, todo o propósito do Senhor nunca poderá ser nossa experiência abençoada.

Josué e Calebe, personificando a companhia que entrou na terra, representa esse princípio. Eles seguiram completamente o Senhor, e, fazendo assim, eles são colocados em contraste com os dez espias que os acompanharam na primeira investigação da terra. Os outros não seguiram completamente o Senhor, simplesmente porque seus corações não estavam completamente fixados no Senhor; e a história da geração que caiu no deserto é simplesmente a história de um coração não fixado completamente no Senhor;

Se você quer prova disso na Palavra, você pode tê-la em certas porções como encontramos em Salmos 7:37, ou em Salmos 106:24: - “Da mesma forma rejeitaram a terra...” Isso mostra bem claramente que seus corações não estavam fixados na terra, e completamente após o Senhor.

Se você quer um comentário analítico mais vívido, e talvez mais terrível sobre a história deles você o tem em 1 Coríntios 10:6:11. Isso é uma declaração de que seus corações não estavam completamente fixados no Senhor; por isso, eles não entraram na terra, não chegaram à herança, não alcançaram o fim de Deus.

Um coração completamente fixado no Senhor é aquele que tem claramente discriminado entre salvação por si só, para bençãos e lucro; e salvação com o propósito de Deus, em vista. Existe toda a diferença entre essas coisas. Salvação por si só, apenas para saber que você é salvo, para bençãos e lucro para aquele que é salvo, é uma coisa. Mas salvação com o propósito de Deus em vista é bem outra coisa. É claro, essa geração de Israelitas queriam ser salvos. A ideia de salvação em Egito era uma grande ideia, eles responderiam a isso; mas em suas mentes salvação significava algo melhor para eles mesmos. Quando em algum ponto parecia como se a salvação não estivesse funcionando como eles esperavam que funcionasse, para o bem próprio deles, e estavam sendo provados, então eles consideravam a salvação como não sendo a benção que eles pensavam que era. Isto mostrava bastante claramente que salvação para eles era puramente algo de bem pessoal, lucro pessoal, benção pessoal. Era salvação por si só. Josué e Calebe, e o povo que era do espírito deles, entraram com o fim de Deus em vista. Era o agrado do Senhor que estava em vista. O que foi que eles disseram? Não foi isto?: “Se o Senhor se agradar de nós...” É uma questão do agrado do Senhor. Eles tinham seus corações ajustados no agrado do Senhor.

O deserto é uma grande demostração do propósito maior da salvação; isto é, que o Senhor tem interesses, e que Seu povo pode somente conhecer o significado completo da salvação deles conforme o Senhor tem Seu objetivo. O fato de que eles pereceram no deserto mostra bem claramente que a falha em apreender os interesses do Senhor e o objetivo do Senhor significa que nunca chegaremos ao gozo de nossa própria salvação. Para colocar isso de outra maneira; para desfrutar da salvação ao máximo ela deve ser mudada de direção de imediato, para longe de nós mesmos, e ser considerada à luz da glória do Senhor, dos interesses do Senhor, do objetivo do Senhor. O deserto é uma grande demostração disso. Eles nunca chegaram à plena benção da salvação deles porque careceram do que o Senhor estava atrás nas salvação deles. O Senhor disse deles: “Este povo que formei para mim”. Em oposição a isso, este povo buscou ter tudo que o Senhor tencionou para eles mesmos, em vez de para o Senhor.

O deserto representa a vida exteriormente em relação ao Senhor, mas interiormente em relação ao eu. Pelo lado de fora eles alegam ser o povo do Senhor. No lado de fora lá haveria tudo aquilo que era o constituinte de um povo de Deus. Mas no lado de dentro todo o relacionamento era com o ego.


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