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Fundamentos

por T. Austin-Sparks

Capítulo 2 - O Natural e o Espiritual

Ler: Salmo 11:1-4; 1Cor. 3:9-17

Na medida em que prosseguimos com a nossa consideração sobre os fundamentos, há uma terceira coisa. Na primeira carta aos Coríntios, temos outra forma em que fundamentos são virtualmente destruídos, pelo menos numa medida muito real. É por aquilo que é colocado neles; o edifício que é colocado sobre eles. Os fundamentos não são destruídos completamente, mas o seu valor supremo lhe é roubado, e assim, são destruídos em sua principal virtude. Você irá entender o que eu quero dizer pelas palavras do apóstolo: “Eu coloquei o fundamento, e outro edifica sobre ele. Mas veja como cada um edifica sobre o fundamento” E, então, Paulo diz que algumas pessoas edificam com certos materiais, e outras pessoas edificam usando outros tipos de materiais. Então vem o teste de fogo da parte de Deus, a fim de provar aquela estrutura; e a madeira, a palha e o feno se reduzem a fumaça, e, quando tudo se vai, fica a pergunta: Qual era o valor daquele fundamento se de tudo que foi dito e feito nada ficou sobre ele? Neste sentido o fundamento está destruído em seu significado e valor supremo. O apóstolo nos diz que aqueles que assim agem podem ser pessoas salvas, e, porque elas têm Cristo, o fundamento está lá; elas mesmas podem não perder a sua salvação, porém elas não foram salvas apenas para ficarem salvas. Cristo não veio a elas apenas para isto. Ele não era o fundamento apenas para permanecer o fundamento. Um fundamento pressupõe uma estrutura, ele aponta para isso, implica isso, necessita disso. Não há justificativa em se ter um fundamento se você não tem uma estrutura. A estrutura é a justificativa do fundamento.

O que você iria pensar de um construtor que fosse por toda a parte colocando fundamentos, e então você percorresse a terra e visse um monte de fundações, e fosse apenas isso o que você visse; fundamentos colocados ano após ano, e quando você passasse por lá, não visse nada a não ser fundações. Você diria: Aquele camarada não justifica a sua existência, não justifica o seu trabalho. A única justificativa para se colocar aquelas fundações é que se coloque algo sobre eles. A justificação de nossa salvação é que existe uma edificação; pois a nossa salvação envolve isto, e não estamos justificados como salvos até que o edifício de Deus esteja em pé. Deus é justificado em nos salvar quando tem o Seu edifício. Esta é a justificação da graça de Deus. Assim, o apóstolo segue com a linguagem sobre o templo de Deus: “Vois sois o templo de Deus” Templo de Deus. Agora, o que nós estamos colocando sobre a nossa salvação, o que estamos edificando ou irá justificar o fundamento, ou, virtualmente, irá destruí-lo; isto é, torná-lo vão no pleno propósito de Deus. Isto é simples. Você entende o que quero dizer? Há um modo de levar até mesmo o divino fundamento a se tornar quase sem valor, e roubar a sua real virtude: colocando algo que não seja conforme Cristo. Agora, isto é muito simples e elementar, mas irá nos ajudar muito. A estrutura tem que estar de acordo com a fundação. Tem que ser espiritual e moralmente do mesmo material, tem que ser semelhante. Como é a fundação, assim deve ser a estrutura. A estrutura tem que adquirir o caráter da fundação. É dito que o fundamento é Jesus Cristo e todo o edifício tem que ter o mesmo caráter e natureza do fundamento. Pense nas fundações desarraigadas após uma escavação feita até as partes mais profundas do inferno; pois lá é onde Cristo lançou o fundamento. Ele escavou até as partes mais profundas do pecado; Ele tocou a rocha lá em baixo para lançar o fundamento da nossa salvação. Mais fundo Ele não poderia ir. Ele atravessou o inferno para lançar os fundamentos da nossa eterna redenção. Agora pense sobre colocar uma estrutura frágil de madeira, palha e feno sobre isto. Será que isto justifica aqueles fundamentos? Algo digno de Cristo é exigido, algo digno da obra que Ele realizou, algo que irá falar da grandeza de Sua graça e de Sua glória. Esta é a construção de Deus.

Dito isto, podemos voltar à carta de coríntios e deixar que ela mesma explique a questão para nós. Você está lembrado de que estamos falando sobre a destruição dos fundamentos neste sentido, que algo que não é digno de Cristo é colocado sobre eles. Agora abra na carta aos coríntios e vamos percorrer algum terreno familiar. Lembre-se de que toda esta carta representa o problema que confrontou o apóstolo quando ele esteve em visita a Corinto. Havia uma situação lá com muitos aspectos, que representava para ele um problema destinado a desanimar e a destruir a fé de qualquer pessoa cujos fundamentos não estivessem bem colocados. Estou bem certo de que, antes de terminarmos, você irá perceber que, para se enfrentar uma situação como aquela, você precisará ter os fundamentos bem colocados em você mesmo. A Sabedoria do Mundo e as Coisas do Espírito. O primeiro capítulo leva você à primeira fase do problema de Paulo. Antes de você terminar este capítulo, você descobre que naquela assembléia de crentes em Corinto, o espírito do mundo lá fora, o espírito de Corinto, tinha entrado e tomado conta. O espírito do mundo em Corinto era o espírito da sabedoria mundana; Corinto era o centro e a cidadela da filosofia. Eles não tinham melhor entretenimento do que discutirem a última fase da filosofia, a última questão em termos de pensamento. E Corinto era um lugar onde a razão humana tinha plena atividade, e tudo era determinado em seu valor pelo poder do arrazoamento da mente; do argumento, do debate, da discussão. Era o centro mundial do racionalismo, e isto tinha entrado na assembléia do povo do Senhor. E o que descobrimos é que o povo do Senhor neste espírito, nesta mente, tinha pegado as coisas espirituais, as coisas celestiais, as coisas de Deus, e as trazido para baixo, ao nível do mero argumento humano, do debate, da discussão, e da razão; aplicando o tempo todo o teste da razão humana a eles, buscando, assim, manipulá-los através da faculdade intelectual, de modo a mantê-los dentro do espaço limitado do próprio poder mental do homem. Assim, eles estavam discutindo o que o apóstolo chama de coisas do Espírito de Deus, e trazendo as coisas celestiais, eternas e espirituais aqui para baixo; arrastando as coisas da eternidade para dentro da escola do racionalismo mundano, do debate e do argumento. Naturalmente, isso não era um modo de viver exclusivo dos corintos dos dias de Paulo. Há muito disso nos dias de hoje. Cada vez mais temos nos deparado com pessoas cujo maior obstáculo às coisas do Espírito de Deus é a sua própria cabeça. Elas atravessam suas mentes no caminho; e, o que não conseguem reduzir à sua própria compreensão intelectual, rejeitam. E quando você diz: Olhe aqui, você vai ter que parar de argumentar, de discutir, dê a Deus uma chance na linha da fé, elas respondem: Pra que temos cérebro?

Isto significa que nossos cérebros são a capacidade para as coisas eternas. Se for assim, Deus ajude as coisas eternas! Bem, esta foi a primeira fase do problema de Paulo, e não é um problema pequeno. Aqueles de nós que têm encontrado isso, mesmo de maneira pequena, sabem que grande dificuldade é. As predileções, simpatias e antipatias humanas. Passamos para o capítulo dois e encontramos a mesma coisa prolongada um pouco mais, e, então, quando avançamos e começamos o próximo capítulo, descobrimos que entramos no campo das preferências humanas, gostos e desgostos humanos na direção do ensino e dos mestres, pregações e pregadores, os mensageiros de Deus e suas mensagens. Uma escola diz: Paulo é o homem que gostamos, e a linha das coisas de Paulo é a linha que gostamos. Vocês podem gostar de Apolo ou Pedro, mas nós, bem, Paulo é o nosso homem. Dentro da mesma assembléia uma outra companhia dizia: Preferimos Apolo e sua linha de coisas. Vocês podem ter Paulo, e vocês outros podem ter Pedro, mas nós gostamos de Apolo. A terceira companhia dizia: Tudo bem, se vocês gostam de Paulo e se eles gostam de Apolo, podem tê-los, nós iremos aderir a Pedro. Havia uma quarta classe que dizia de forma superior: Bem, se vocês preferem ter Paulo, eles outros preferem Apolo, e aqueles, Pedro, vocês podem, mas nós pertencemos a Cristo (algo muito diferente dos demais, naturalmente. Esta é a implicação, veja você, fazer de Cristo um partido. Você sabe, quando as preferências humanas se chocam, são coisas muito difíceis de lidar com elas. Isto estava lá; as suas simpatias e antipatias; e estas são coisas profundamente enraizadas na natureza humana. Requer muita graça para removê-las. Naturalmente, esta era a condenação deles. Se de fato é necessária muita graça para remover essas coisas, e você não às tem removidas, então você não tem muita graça. Este era o problema de Paulo, a coisa que ele tinha que enfrentar e lidar, e para os quais tinha ele responsabilidade diante de Deus. A tragédia do Crescimento Impedido.

No capítulo três novamente você descobre uma situação que talvez seja mais difícil, a da maturidade atrasada. Após um tempo considerável de ser povo de Deus e de ter as coisas de Deus no meio deles, Paulo diz que ele não podia lhes falar como a espirituais, mas como a carnais, como a bebês. Isto é uma tragédia. Há, talvez, poucas tragédias mais patéticas na vida humana do que ver o crescimento impedido na infância enquanto os anos prosseguem. É assim que estavam as coisas em Corinto. Paulo diz que a carnalidade tinha causado o impedimento, e, quando eles deviam já ser maduros, ainda estavam impotentes, dependentes, eram crianças espirituais, sem compreensão, percepção, capacidade para assumir responsabilidade espiritual. Uma coisa muito difícil de se lidar com ela. Amado, isto não era peculiar de Corinto, ou dos dias de Paulo. Multidões do povo de Deus estão assim nos dias de hoje. Oh, sim, é uma situação patética encontrar pessoas que têm conhecimento do Senhor por anos, décadas, que estão ainda sem suas faculdades espirituais desenvolvidas de modo que possam assumir responsabilidade espiritual, onde conheçam e não precisam ser ensinadas! Há multidões assim. As razões não são sempre as mesmas. É verdade que a carnalidade é a causa disto muito freqüentemente, mas temo que o ensino pobre também seja responsável por isto em muitos casos. Elas não têm sido alimentadas e nutridas. É uma situação trágica com a qual nos deparamos hoje; mas aí está, seja qual for a causa. Neste caso, em Corinto, era responsabilidade deles mesmos, a sua própria falta, a sua carnalidade. A Vergonha do Orgulho Espiritual. Você passa para o capítulo quatro e encontra o apóstolo falando com linguagem que indica orgulho espiritual. Ela assume a seguinte forma. O Senhor os tinha abençoado com dons espirituais e realizado coisas graciosas para eles, colocado-os na possessão de Suas riquezas espirituais, e eles estavam se vangloriando dessas possessões, dessas coisas como se as tivessem adquirido por suas próprias habilidades, como se as tivessem realizado por seus próprios esforços; e o apóstolo diz: “…se os recebestes, por que vos gloriais como se não os houvesse recebido?” Em outras palavras: Por que vocês estão tentando fazer com que as pessoas pensem que as possessões de vocês são resultado de sua própria habilidade espiritual, que vocês têm por seus próprios esforços? Por que vocês não reconhecem que tudo é pela graça de Deus, e que vocês são humildes dependentes do Senhor? Eles estavam se vangloriando de seus dons espirituais, como se fossem suas realizações espirituais e não dons. O orgulho espiritual é uma coisa terrível. O orgulho ordinário já é mau o suficiente, sempre a marca da ignorância, mas o orgulho espiritual é muito pior.

Então, há a próxima fase do problema que confronta Paulo. Somente isto já iria desanimar bastante, mas coloque tudo junto! Capítulo cinco. Aqui nós não nos alongaremos. “E de fato é informado que há fornicação entre vós...” Entre crentes? Na assembléia do povo do Senhor? Sim, uma trágica história que tem se repetido vezes após vezes através dos anos. Mas oh, o desgosto para qualquer homem que tinha algum senso real de responsabilidade espiritual pelas almas, revoltar-se contra isto. Capítulo seis. Crentes, membros do Corpo de Cristo levando uns aos outros para as cortes terrenas, tendo demandas uns contra os outros, intimando uns aos outros diante do magistrado, acusando uns aos outros, processando perante os incrédulos. Companheiros membros do Corpo de Cristo! Oh, que conceito errado do Corpo de Cristo. Isto é, eles se levantavam e lutavam pelos seus próprios direitos. Ele prossegue. Logo vocês descobrem algumas terríveis desordens à Mesa do Senhor. Uma é que eles estavam transformando a Mesa do Senhor numa farra, numa festa. As pessoas mais ricas nos negócios deste mundo estavam trazendo suas pompas para o banquete, e os pobres podiam apenas trazer o seu pouco, e havia a distinção de classe, e todo esse tipo de coisa. O apóstolo diz: Não tendes vós casas? Se quiserem se fartar, pelo menos tenham a decência de fazê-lo em suas próprias casas, não façam isso na assembléia do povo do Senhor. Como você vê eles transformavam as suas refeições comuns num sacramento. Eles se ajuntavam, comiam e bebiam juntos e, então, espontaneamente, como se aquilo fosse uma coisa natural, faziam de sua refeição um testemunho, mas isto tinha, assim, se degenerado, a ponto de tornar aquilo algo vulgar, como mencionamos, e toda glória, beleza, e santidade do Corpo de Cristo e do Sangue de Cristo tinha sido transformado nisto. Não era um problema pequeno de se lidar com ele. Havia outros aspectos desta questão os quais não iremos tratar.

Você prossegue um pouco mais e chega às desordens na assembléia em geral. Pessoas usurpando autoridade, e você sabe o que o apóstolo é obrigado a dizer sobre a desordem na Casa de Deus. A posição dos homens é estar debaixo da liderança soberana de Cristo, num espírito de sujeição, cumprindo os seus ministérios na Casa de Deus. Mas aqui os homens estavam tomando a autoridade para si mesmos e não tendo a sua autoridade em sujeição a Cristo. E, então, as mulheres, fora de sua Divina e ungida posição, violavam toda a ordem da assembléia. O apóstolo lhes fala o que isso significa: “Vocês deixam a cobertura divina e entram em contato com os maus espíritos que enganaram Eva. O diabo está determinado a desintegrar esta assembléia seguindo a mesma linha, e vocês estão dando a ele a chance que ele quer por meio desta desordem”. A questão toda era uma questão de ordem. O Senhor tem uma ordem para a Sua Casa, e todos poderão cumprir os seus ministérios – mulheres e homens – se obedecerem a Sua ordem. Penso que qualquer um que não tivesse os fundamentos bem estabelecidos em si mesmo iria desistir desta situação, abandoná-la, fugir, fazer o que os conselheiros disseram para Davi, fugir para as montanhas. “Se os fundamentos forem destruídos, o que poderá fazer o justo?” Será que numa situação como aquela os fundamentos estavam destruídos? Nem um pouquinho! Vejo que Paulo, apesar de tudo, não foge, ele não aceita que os fundamentos estejam destruídos, porém ele vê que esses fundamentos estão sendo roubados de seus valores com tudo isto. O Natural e o Espiritual. Agora, quer você uma exposição do que Paulo quer dizer com madeira, palha e feno? É isto! A Palavra interpreta a si mesma. O que Paulo quis dizer com edificar uma estrutura de madeira, palha e feno sobre o fundamento? Ele quis dizer tudo isso: divisões, ismos, sabedoria mundana, glorificação intelectual, e tudo mais. Estas são as coisas que serão destruídas pelo fogo. O que irá sobrar? Quando você está edificando com esse material, você não pode estar edificando com outro material ao mesmo tempo, portanto, não irá sobrar nada.

Você quer uma exposição do que Paulo quer dizer no segundo capítulo, com espiritual e com natural? “Agora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque para ele parecem loucura; e não pode compreendê-las porque são discernidas espiritualmente”. Natural e espiritual. Sabemos que esta palavra natural, em Grego, é a palavra almático, ou homem almático, e ele se coloca contra o homem espiritual. O que é homem almático? Coríntios um lhe fala tudo isso. O homem que está tratando das coisas espirituais com a sabedoria natural, este é o homem almático. O homem que é influenciado e movido por seus gostos e desgostos naturais, pelas suas preferências, por suas simpatias e antipatias – Paulo, Apolo, Pedro – este é o homem almático. Mas em oposição a ele está o homem espiritual. O homem que não é movido primariamente por sua razão humana, mas que olha para o Senhor, o Espírito, para a sua compreensão das coisas do Senhor. O homem espiritual nunca é influenciado, ou governado, por suas próprias preferências quanto a pessoas, ou ensinos, ou outra coisa qualquer. Ele é influenciado por aquilo que o Senhor gosta. Ele não diz: Prefiro este homem a aquele, esta linha de ensino a aquela. Ele diz: Tem Paulo alguma coisa de Cristo? Bem, eu terei tudo, é Cristo que eu quero. Nunca me importo pelo tipo de vaso, é Cristo que eu quero. Não há divisões no homem espiritual, não há preferências. Ele pode saber secretamente o que naturalmente ele gostaria, mas não permite que essas coisas venham prejudicar a sua mente ou de alguma forma afetar o seu relacionamento. O homem espiritual não recorre à lei contra um irmão para brigar por seus próprios direitos. O homem espiritual não é culpado por fornicação. O homem espiritual não traz desordem para a Casa de Deus; é o homem almático que faz isto. Como vê, você tem uma exposição clara com toda a carta do significado do natural e espiritual. Como Paulo venceu em Corinto. Você entende onde estou querendo chegar? Isto me traz diretamente de volta para o meu inicio. Que tipo de edifício é adequado à divina fundação? Bem, vimos como Paulo enfrentou o seu problema. Oh, magnífico exemplo de como enfrentar um problema espiritual. Eu não estou desejando enfrentar um problema como aquele em uma assembléia. Deus me livre que isso aconteça, mas vejo aqui o exemplo mais magnífico de como uma situação humanamente impossível é enfrentada, lidada, com triunfo. Estou tão feliz que Paulo tenha vencido. Leia a segunda carta e você irá ver que ele venceu, ele está no topo, e eles estão lá com ele. Tudo estava numa situação de suspense, no que se referia ao ministério, nesta primeira carta. A segunda carta é a carta do ministério. “Pelo que, tendo recebido este ministério segundo a misericórdia que nos foi dada, não desfalecemos; mas rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia, nem falsificando a Palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Então, um maravilhoso capítulo sobre a tristeza que segundo Deus conduz ao arrependimento, e qual o fruto desse arrependimento.

Mas Paulo venceu, este é o ponto; resolveu o problema em todos os aspectos. Como ele fez isto? Abra no capítulo um novamente. Vejo Paulo aí com todo este problema espalhado diante dele. Sim, oprimido, preocupado, orando, dizendo: Senhor, este é um problema terrível, somente Tu pode resolvê-lo, mas algo precisa ser feito, isto não Te glorifica. Dá-me a chave para a situação, coloque na minha mão a chave para toda essa situação. E, enquanto buscava o Senhor, brilhou dentro dele, e talvez tenha gritado: Encontrei, e sentou para escrever. Capítulo um, sublinhe cada referência ao Senhor Jesus e você terá dezessete marcas de lápis em trinta e um versículos, uma media de mais de um para cada dois versículos. Resuma tudo na grande declaração: “Porque nada me dispus a saber entre vós, a não ser a Jesus Cristo, e este crucificado”. “Pois ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto, que é Jesus Cristo”. Qual é a solução? Dar ao Senhor Jesus o Seu pleno e correto lugar! Coloque o Senhor Jesus em Seu lugar como absoluto Senhor no coração, na vida, na assembléia, e todas essas aves imundas irão se dissipar diante da luz. Se o Senhor Jesus é dominante em nossos corações, as divisões irão embora. O que precisamos para todas as nossas divisões, nossa falta de amor, nossos ismos, nossos gostos e desgostos, é a plenitude de Cristo. Cristo como Senhor, como Mestre, Cristo reinando. E, do mesmo modo que as criaturas malignas das trevas fogem quando chega a luz, assim também irá acontecer com as divisões, ismos, e todo esse tipo de coisa, quando Cristo vier para o Seu lugar. Isto é a cura para todas as coisas. Se o fundamento precisa ser justificado, então deve ser justificado numa estrutura segundo a sua própria natureza. Cristo na raiz, e Cristo no tronco, nos galhos, no fruto. Tudo é Cristo. Temos algo no qual precisamos pensar. “Se os fundamentos forem destruídos, o que poderá fazer o justo?” Destruídos neste sentido, que foram feitos vazios pelo que está sendo colocado sobre eles. O que poderá fazer o justo? Bem, não há nada a ser feito, a não ser uma coisa, porém esta única coisa irá fazer todo o resto: isto é, trazer o Senhor para o Seu lugar. Oh, Paulo deve ter tido uma fé maravilhosa em Cristo, enfrentando uma situação como aquela, amado. Pegue cada fase disto e veja como você gostaria de lidar com ela; e, então, pegue a coisa toda _ mais do que temos dado a você _ e veja que você tem uma responsabilidade por esta situação, você precisa de uma fé poderosa para crer que toda a situação irá render frutos apenas se o Senhor puder ser trazido para o Seu lugar.

Não há problema, dificuldade que não possa ser resolvida pela entronização de Cristo. Todos os problemas neste mundo, e de todas as nações, serão resolvidos pela entronização de Cristo. Não há outra solução, mas esta é a solução segura. Deus tem sujeitado tudo a isto, que todas as coisas serão estabelecidas quando Seu Filho tiver Seu lugar. Porém, o julgamento deve começar pela Casa de Deus; tem que começar conosco. Tenho usado tudo isto por meio de lustração. Pode ter uma aplicação para nós de uma maneira ou de outra. Se é ou não desta maneira cabe a nós determinarmos diante do Senhor. Se somos culpados por algumas dessas coisas em espírito, em princípio, se não em ato. Se isto não cabe para nós de alguma forma específica, seguramente a grande verdade deva ajudar os nossos corações. Como iremos nós enfrentar os nossos problemas, seja dentro de nós mesmos, seja fora, nas outras pessoas? Somente de uma forma. Procurar ter o Senhor Jesus exaltado em seu próprio coração, e no coração dos outros. Trazê-Lo primeiro à vista e, então, com Ele em vista, todas as outras coisas poderão ser lidadas. Eu apenas abordei um aspecto neste capítulo. Não irei, além disto. Paulo disse: “Jesus Cristo, e este crucificado”. Você irá ver do que o fundamento é composto. Jesus Cristo como o fundamento nesta carta inclui Cristo crucificado, o significado de Sua morte para nós: Cristo Ressurreto, Cristo exaltado na posição de líder supremo. Essas três coisas compõem o fundamento. Quando soubermos o que significa a morte de Cristo, no que diz respeito a nós, Cristo crucificado; que nós morremos quando Cristo morreu, como, então, poderemos ainda ficar com o homem natural, com o homem carnal? Ele se foi. Quando soubermos o que é estar ressuscitado com Cristo, isto é, vivos para Deus, somente para Deus; para mais nenhum outro ser ou interesse, e certamente não para nós mesmos, somente para Deus. Quando soubermos que o governo absoluto do Senhor Jesus significa nos trazer para o Seu governo, como ainda poderemos dizer: Eu sou de Paulo, de Apolo, ou de Pedro? Eles não podem aparecer aí se Cristo for tudo em todos. Você encontra estas três coisas correndo através desta carta. O Espírito fala a você do Cristo crucificado, ressuscitado e exaltado. Este é o fundamento e a estrutura que deve estar de acordo com isto. Que a Palavra nos leve para a glória em Cristo, pois é aí onde o capítulo um termina: “Aquele que se Gloria, glorie-se no Senhor”.

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