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"Teu é o Reino, e o Poder, e a Glória"

por T. Austin-Sparks

Capítulo 8 - O Trono, o Espírito Santo, e a Oração da Guerra

"Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome... e não nos deuxes caur en tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre "Mat. 6:9,13).

"Por isso... não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações "Ef: 1:15-16).

"Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo..." (Ef. 3:14).

"...Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos" (Ef. 6:18).

Temos ficado ocupados com a importância das palavras "Teu é o reino, e o poder, e a glória", e temos ido vendo que tudo isso agora converge na exaltação do Senhor Jesus à destra da Majestade nas alturas.

Queremos agora continuar com mais um aspecto desta mesma verdade inclusiva. O Senhorio de Jesus Cristo é a razão da guerra em oração. Nesta passagem no capítulo sexto da carta aos Efésios temos esta simples porém cláusula muito importante - "orando em todo o tempo no Espírito". Orando no Espírito; e você percebe que, em conformidade com todas as outras fases deste assunto que temos já considerado, a conexão do Espírito e oração aqui é ascendente. Está na área do conflito pela ascendência. Estamos muito familiarizados com este parágrafo da carta.

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estai, pois, firmes..."

E isto conduz diretamente a esta oração no Espírito.

Isto é guerra na oração, isto é oração na área do conflito, o qual tem a tremenda questão do trono em perspectiva, ascendência; e quero que você perceba que, entre o princípio e o final desta carta, aconteceu uma mudança. A primeira declaração é -

"Pondo-o à sua direita... acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés" (Ef. 1:20-22).

Agora, no final da carta temos isto -

"Porque a nossa luta... contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Em primeiro lugar, são vistos como estando sob Seus pés, cumprindo a passagem que aconteceu muito antes de nós, Atos 2:34-35 -

"Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés".

Acima de todo domínio e autoridade, principados e potestades, e contudo, quando você chega até o final, a guerra está acontecendo em relação à sujeição desses mesmos principados e potestades. O significado é perfeitamente claro, que embora seja verdadeiro no caso do Senhor Jesus, não tem se tornado verdadeiro no caso da Igreja. Existe algo que ainda tem de ser realizado para se cumprir numa outra esfera, de tornar essa verdade numa verdade aplicada. A Igreja tem de ficar firme em todos os valores do que é verdadeiro a respeito do Senhor Jesus Cristo, e isso tem de se cumprir na Igreja e ser aplicado pela Igreja como um testemunho e um operar eficaz na vida e ministério da Igreja.

A Igreja Relacionada com o Trono

Então aqui, o Espírito Santo é visto como a esfera, por assim dizer, na qual a oração é para ser travada como numa guerra, tendo o trono na perspectiva, com a ascendência na perspectiva, e isto implica certas coisas. Em primeiro lugar, implica que os santos estão tão relacionados ao trono quanto o Senhor Jesus mesmo. Fica perfeitamente claro que a ascendência é a ascendência, não somente de Cristo, mas da Igreja. O domínio não é somente o domínio de Cristo, mas da Igreja com Ele. Os inimigos de Cristo são vistos também serem exatamente os mesmos inimigos com os que a Igreja tem de contender. Numa palavra, a grande questão convergida no Senhor Jesus é a mesma questão para a Igreja. É claro, isso é bem conhecido e reconhecido, e não existe nada novo quanto à revelação disso. Mas é daí que começamos, ou seja, reconhecendo que isto implica muito claramente que os santos estão relacionados com o trono, que esse é o pensamento de Deus a respeito da Igreja, e é em conexão com esse pensamento Divino que o tremendo conflito espiritual no qual a Igreja é lançada trava-se. É o assunto do trono que está em vista. É a absoluta ascendência em união com Cristo sobre todos os poderes hostis.

A Vida da Igreja Ameaçada Por Causa do Trono

Se isso é verdade, e esta guerra em relação ao trono envolve a Igreja, então implica esta segunda coisa, que a vida dos santos, por causa desse relacionamento, é ameaçada. O adversário, as forcas hostis, estão contra o próprio povo de Deus por causa do que está em vista. Estas são implicações simples, mas você e eu temos de estar dominados grandemente por estas implicações. Não é suficiente para nós o sabermos. É possível que você esteja mesmo agora dizendo, nós sabemos disso, temos ouvido isso muitas vezes! Gostaria de exortar você a se perguntar se realmente você está ativamente no benefício disso, se você tem chegado à grande questão que está em vista; isto é, chegando ao lugar em que o Senhor Jesus é de absoluta ascendência sobre todo principado e potestade, de estar governando com Ele nos celestiais. O que isso significa para você numa maneira prática? Como isso está a operar na sua vida? Ó, posso lhe fazer esse apelo? É uma coisa terrível para vocês, queridos amigos, ser educado - posso colocá-lo dessa forma? - Ser educado com verdade e luz deste tipo, se é que não vai significar nada mais do que você ter aprendido estas verdades como verdades. É uma coisa terrível. Uma das condições mais deploráveis hoje neste mundo é que existem muitos que têm uma grande quantia de luz mas equivale a nada como um poder, como uma operação eficaz, como um registro na esfera do antagonismo espiritual. Isso é uma coisa terrível, e nós devemos, no fundo dos nossos corações, suplicar ao Senhor para que ao ouvirmos coisas como esta não venhamos a meramente escutar verdades, e conheçamos coisas meramente como estão apresentadas na Palavra de Deus. Nós realmente devemos desafiar os nossos corações com estas coisas e perguntarmos à medida que acompanhamos "Bem agora, sei disso ou tenho ouvido isso. Ao menos agora fui iluminado acerca disso, mas o que significa? Como está a funcionar? Quanto conto agora que sei disso?' Essa é a questão, e, a menos que realmente venhamos a contar para alguma coisa, toda esta verdade poderia muito bem ficar desconhecida para nós. Só pode ser uma terrível responsabilidade sabermos sem contar realmente pelo nosso conhecimento.

Portanto, exorto isto em você, que aqui há esta implicação tremenda. O fato de que esta é uma guerra tremenda significa que existe uma ameaça para a vida do povo de Deus, por causa do destino Divino dessas pessoas no pensamento de Deus.

O Trono Alcançado pela Oração

Agora, temos de reconhecer que existem outras certas coisas que se tornam necessárias. Toda esta coisa é encabeçada em oração. Vamos nos limitar a isso logo. Qualquer outra forma de atividade pode ser mais interessante. Pode apelar para nós muito mais falarmos acerca destas coisas, pregá-las, disseminar a verdade ou verdades; mas a coisa é encabeçada em oração. É daí que o assunto acha a sua expressão. O trono é alcançado e o testemunho da soberania absoluta do Senhor Jesus é estabelecido por esse meio. Quando o Apóstolo disse tudo, ele coroa tudo e reúne tudo nisto -

... Orando a todo tempo no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos";

e, como você sabe, é tudo parte do que ele esteve dizendo acerca da armadura. Assim como ele tinha estado tomando conhecimento do seu guarda Romano e anotando cada parte do seu equipamento, assim ele chega no final a ver que toda essa armadura, tudo que o homem possui para a ofensiva e defensiva, não conta para nada se o homem não for vigilante, não estiver em alerta, observando. O melhor equipamento não conta para nada a não ser que você esteja num espírito de atividade, alerta e vigiante e entregue a este assunto pela perseverança. Paulo vê o seu guarda, quem não vai ser pego, não vai ser tirado da sua guarda, quem é vigilante, diligente, atento, quem está se empregando, e Paulo diz que para nós a sua contrapartida é a oração. Nossa devoção, nossa vigilância, nossa perseverança está relacionada com a oração, e tudo a respeito disto é para acontecer no Espírito. Portanto, tudo é reunido neste assunto da oração.

A Necessidade da Iluminação

Agora então, se isso é verdade, se esta tremenda questão é para ser assegurada pela oração, certamente será que necessário que o povo do Senhor seja iluminado quanto a este assunto. Percebe, nós nunca nos entregaremos a este tipo de oração, a orar com esta questão em vista, a menos que tenhamos sido iluminados quanto a qual seja a situação: e quando digo iluminado, quero dizer algo mais do que informado. Você pode se informar ao ler a carta aos Efésios, mas isso não é ser iluminado. Amados, logo que você e eu somos iluminados sobre a situação, algo acontece, e você pode provar e testar se é iluminação ou informação pelo resultado.

Pense da situação do mundo hoje. Posso fazer uma ilustração? Odeio tocar a esfera das coisas, mas me permita fazer a ilustração. Suponhamos que o que está acontecendo no Continente tivesse sido escrito num livro antecipadamente, representando o plano, a estrategia ou táticas do inimigo, e depois as pessoas tomassem posse do livro e o lessem. Provavelmente eles teriam dito, 'Bem, é um esquema maravilhoso: muito inteligente, e muito terrível'. Mas ainda não lhes sobreveio. Está num livro. Eles se familiarizaram com esta coisa, mas ainda está num livro. Mas logo, suponhamos que o dia chega em que essa coisa, ao realmente estar acontecendo, chega até as suas ruas, cai das nuvens, a coisa toda, com todo o seu significado tremendo, que ou é vitória ou um final de tudo; destruição, morte, ruína e perda total, a perda de tudo a não ser que seja uma vitória. Lhes sobreveio e agora estão acordados, eles estão vivos para isso. Não é mais meramente um livro, se tornou uma presente realidade viva. Se tornou interna, não externa. Tocou eles numa maneira interna pela sua realidade. É tremendo e terrível quando a coisa se torna real. Para nós, mesmo quando estamos sentindo muito e profundamente as coisas acontecendo por lá, e possa já haver um senso de medo se aproximando de nós, nós ainda temos um tipo de relacionamento objetivo com isso, e ainda é um pouco difícil nos colocar nisso ou colocar isso sobre nós mesmos e sentirmos que estamos dentro disso. Ainda está lá fora. Mas suponhamos nesta noite que acontece tudo; suponhamos que as nuvens deixam cair as suas hordas e a coisa descesse diretamente para o nosso jardim, e a coisa toda se instalasse assim, e destruição e devastação estivesse acontecendo por todo lado. Ó, nós ficamos vivos para isso, é uma realidade como nunca o foi anteriormente. Embora numa maneira, nós conhecíamos objetivamente que a coisa era verdadeira, agora nos marcou, nos comoveu.

Isso é o que iluminação significa, e nós podemos testá-lo. Nós podemos determinar a natureza do nosso conhecimento pelo efeito que tem sobre nós, e se todo o nosso conhecimento sobre este grande conflito, esta guerra dos séculos e todos estes assuntos do destino Divino da Igreja, e tudo que está ligado a isso, não nos estiver levando a orar, será um conhecimento inadequado, um conhecimento que lhe falta o essencial. Estarmos realmente familiarizados com esta coisa pelo Espírito Santo, de maneira que nos afete.

Você tem essa grande e bonita ilustração desta mesma coisa no livro de Ester. Aqui está o trono, e lá está o povo do Senhor: está Ester; e está Mordecai; e está o inimigo. O inimigo trama contra a vida do povo do Senhor. Ester está longe de lá, distante das coisas, em isolamento. Mordecai está aqui e ele sabe tudo sobre a trama, mas ele não pode fazer nada diretamente: ele não pode atacar o inimigo, ele não pode ir para o trono. Mas existe alguém que tem contato com o trono por motivo do relacionamento, e essa é Ester. Agora, que é necessário? A coisa necessária é que Mordecai consiga informação através de Ester, informá-la acerca da situação, e fazer ela entender da seriedade da situação, e quando logo, através de Mordecai, Ester estiver realmente familiarizada com a situação e ficar claro para ela, inclusive todos os terrores disso, então ela se moverá em relação ao trono.

Aqui temos a história escrita numa imagem novamente. A Igreja tem de ficar ciente da situação, e tem de ser comovida profunda e terrivelmente pela situação, e, como resultado, a Igreja deve espontaneamente a tudo custo se mover para o trono em intercessão quanto a isto; por causa desta mesma vida e destino do povo do Senhor que está em jogo. Mas aí está, e nós não podemos ter um relacionamento isolado com esta situação terrível. Não podemos. Portanto, se faz necessário para nós termos uma verdadeira iluminação, e é por isso que lemos anteriormente aquelas passagens ou cláusulas introdutórias para as orações do Apóstolo nesta carta; pois quando você entende pelo que ele está orando, é por duas coisas. A primeira é iluminação, e a outra é fortalecimento, e em ambos os casos esta oração está em relação ao chamado, ao destino. Para que conheçais qual a esperança do seu chamado e depois, "para que sejais fortalecidos com poder através do seu Espírito no homem interior", em relação ao chamado. Orar, veja, está nessa direção, em relação a esta tremenda questão na vida da Igreja, o próprio trono em si, ascendência sobre todos os poderes do mal.

Essa é a primeira necessidade, iluminação do verdadeiro tipo; não informação, mas o Espírito de sabedoria e revelação no conhecimento Dele. Suplico a você, sem importar quanto é dito, contanto que o que é dito seja realmente compreendido, suplico a você para testar a natureza do seu conhecimento pelo seu resultado prático na sua vida. Não conta para nada se não houver nenhum resultado, nenhum mover. Ó, que possamos ter o verdadeiro tipo de conhecimento, que o nosso conhecimento possa ser deste tipo, que alguma coisa resulte disso, e que esse algo seja um 'orar em todo tempo no Espírito".

O Testemunho do Senhorio de Cristo Ligado à Igreja

A seguir, uma outra necessidade é que a Igreja deve compreender que a Cabeça se move através dos membros por meio da Unção em relação a esta questão. É pelo Espírito que Cristo se move através da Igreja em conexão com este tremendo assunto do Seu próprio Senhorio como um testemunho a ser estabelecido e aplicado. O Senhor Jesus não está fazendo isto independentemente ou sozinho. Pelas Escrituras todas, Velho Testamento e Novo Testamento, isto é confirmado de toda forma, que Deus se move através dos Seus agentes e agências escolhidos em relação às Suas intenções. Ele ligou as Suas intenções, Seus propósitos, a um instrumento, e Ele não se move à parte de esse instrumento, e se esse instrumento lhe falhar, o propósito de Deus é suspenso. Sei quais os problemas que isto causa na esfera meramente intelectual, mas o fato tem de ser reconhecido e não será discutido. O Senhor Jesus ligou o testemunho do Seu Senhorio com a Sua Igreja, e esse Senhorio espera na Igreja para que se torne eficaz. É um fato, e é um assunto da Igreja que o fato se torne eficaz dentre os principados e potestades. Isto vai ser feito através da Igreja, mas a Igreja hoje deve chegar a compreender o fato, deve apreendê-lo, que a Cabeça se move através dos Seus membros, através do Corpo, em relação com a grande questão que está em jogo. Nós não podemos nos sentar e cruzar os braços em inação passiva com a ideia, 'Bem, o Senhor propôs e Ele cumprirá o Seu propósito. O Senhor o designou, e Seu desenho acontecerá, quer que eu faça ou não'. Toda a Escritura proíbe qualquer atitude como essa, e nos mostra que, suficientemente estranho, Deus usa um instrumento.

Então, voltando para Ester de novo, você percebe que ela deve entrar e agir em relação à nação. A coisa está ligada a ela, e a grande palavra é, "Quem sabe se não foi para este dia que foste nomeada rainha da Pérsia?” Ester lá, sem dúvidas, representa a Igreja. A questão está ligada à Igreja. Suponhamos que ela dissesse, 'Ó bem, eles são o povo do Senhor: Ele é soberano, Ele cuidará do Seu povo; Ele não pode ser destronado da Sua soberania, Ele terá o Seu caminho. Não preciso ficar perturbada, apenas confiarei no Senhor'. Bem então, todo o objetivo desse livro ser preservado divinamente desaparece. Não tem lugar nas Escrituras em absoluto, se você dizer isso. Será que está lá para enfatizar esta coisa, dentre outras, que Deus é Senhor e que esta semente ameaçada é o Seu povo e Ele está profundamente preocupado com eles e com as suas vidas, mas que Ele deve ter um instrumento sobre o qual a Sua própria preocupação chega a repousar quanto a este assunto, e através desse instrumento Ele salvar a situação e derrotar o inimigo e reduzir os seus conselhos a nada. Essa é a posição que a Igreja ocupa, e nós temos de compreender isso. Você tem compreendido isso?

Há um senso em que Deus é impotente, o Senhor Jesus é impotente, enquanto a Sua Igreja não funciona, e o fato de que Ele é Senhor, muito acima de tudo, permanece um fato remoto das coisas até que a Igreja ente e aplique e o torne eficaz. Permanece lá como um fato Nele mesmo. Tem de ser trazido para fora Dele em expressão e a Igreja tem de conhecer isso. Você e eu temos de conhecer isso.

Paulo é um grande exemplo disto, Ele conhece tudo sobre o propósito eterno Divino, a coisa proposta desde antes dos tempos eternos. Paulo poderia bem ter dito, 'Bem, o que posso fazer neste respeito? Que está estabelecido desde a eternidade. Não qualquer forma não fará nenhuma diferença o que eu faça'. Mas não! aqui está o homem que o conhece tudo, se ajoelhando e dizendo, 'não cesso de orar por você em relação a este assunto. Oro incessantemente'. Aqui está o intercessor em relação ao assunto que existe em Deus como um assunto resolvido, mas que precisa de intercessão para se tornar eficaz. 'Eu oro': e logo ele diz à Igreja, 'Olhe aqui, vocês devem orar, vocês devem entrar nessa posição entre o eterno propósito e a sua realização, você deve ficar firme na brecha por Deus e com Deus, orar por esta coisa contra todas as forças do mal'.

Ousadia no Acesso

Então, amado, como uma necessidade para este ministério, esta intercessão, você e eu, o povo do Senhor, devemos ter perfeita certeza do nosso acesso. É aquilo que o Apóstolo menciona, como você percebe, no capítulo terceiro da carta aos Efésios, versículo 12 -

"...por intermédio de quem temos livre acesso a Deus em plena confiança, pela fé na sua pessoa".

Não deve haver nada em nós dessa incerteza que fica fora e se pergunta se porventura ousamos nos aproximar. Não, o Apóstolo diz que neste ministério temos perfeita certeza de que temos acesso. Devemos ter confiança, devemos ter ousadia em acessar. Isso é muito importante. Você sabe muito bem que um dessas - será que uso a frase? - As táticas da "Quinta-Coluna" do inimigo são de alguma maneira para enfraquecer a sua certeza na sua aproximação de Deus. Não é verdade? Bem, se pela acusação, ao trazer à tona algo na sua vida, algo que aconteceu, algum erro, algum 'deslize', ele poderá interferir no seu senso da aceitação, ele terá paralisado você na guerra da oração. Por qualquer meio, ele procurará pôr uma mão-morta nesse acesso confiante, essa ousadia em vir para o Senhor. Bendito seja Deus, a provisão está aqui. "Temos redenção pelo seu sangue, o perdão dos nossos pecados" (Ef. 1:7); e a seguir temos ousadia em acessar. O Sangue lida com tudo isso, é o terreno da nossa confiança. Mas ó, vigie contra esse movimento do inimigo, secreta e sutilmente, de maneira nenhuma às claras, onde ele tenta afetar a sua ousadia, sua confiança, no assunto do acesso.

Ester temeu de ir até o rei. Que não adiantará, e Ester teve que chegar ao lugar em que ela reuniu tudo e disse, 'Vou entrar e se perecer, eu pereci'. Certamente, nós podemos ir além disso e não temer. Se nós conhecemos a virtude do Sangue, nós podemos ter ousadia e confiança em acessar. "Nos aproximemos em plena confiança, pela fé" (Heb. 10:22). Mas note bem isso, vigie, vigie com cuidado - a necessidade deste senso de certeza ao chegarmos para o Senhor, e afastemo-nos de toda interferência com essa confiança. Apliquemos o Sangue para tudo que o inimigo traga à tona para interferir com essa confiança, e entremos com ousadia no Trono da Graça. Há questões tremendas em jogo e qualquer tipo de incerteza aqui porá em risco essas questões.

A Comunhão Dos Seus Sofrimentos

A seguir, uma outra coisa. Este tipo de ministério, este tipo de guerra na oração, tem de ter muita disciplina por trás. Não é realmente uma coisa para novatos. Não é qualquer um que pode entrar nisto. Não é uma coisa que você pode tomar porque você o vê como algo a ser tomado. Somente pode se entrar realmente quando você conhece algo da comunhão dos Seus sofrimentos, Paulo diz, "Eu... cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja" (Col. 1:24), e esse é um contexto necessário para este tipo de obra. Agora você diz, 'Nós estamos excluídos, nós não a temos. Nós somos muito jovens'. Quero dizer isto a vocês, que é para este mesmo objetivo que o Senhor tratará com você, que Ele está tratando com você. Se Ele está lhe fazendo conhecer alguma coisa, mesmo numa maneira pequena, do sofrimento juntamente com Ele, da comunhão dos Seus sofrimentos; se Ele está obrando em você a obra da Sua Cruz, esvaziando você, partindo você, desfazendo você; se é que Ele está operando em você isso que não é prazeroso para a carne, e você está sentindo a pressão dos Seus tratos com você, lembre, é tudo para levar você até o lugar em que você pode interceder com Ele; pois realmente ninguém intercede eficazmente com cujo coração a coisa não tem-se tornado uma verdadeira agonia, uma verdadeira preocupação, uma dor de parto. Temos de chegar ao lugar em que os interesses do Senhor no Seu povo, a vida do povo do Senhor, é uma verdadeira preocupação para nós, a fim de que sejamos intercessores, e é para isso que o Senhor está trabalhando em nós. Se temos provado um pouco desta coisa, se temos conhecido a fúria do opressor, se temos conhecido o sofrimento espiritual, se temos realmente, em alguma medida, entrado no antagonismo do inimigo, somos capazes de nos compadecer do povo do Senhor e capazes de orar inteligivelmente. Portanto, o Senhor procurará, pelos Seus tratos conosco, nos conduzir ao lugar em que podemos prevalecer em oração. Lembre isso. Isso é o que Ele está fazendo em nós para nos tornar um com Ele mesmo, no que diz respeito aos sofrimentos, a necessidade, o perigo do Seu povo, para interceder eficazmente em nome deles.

Penso em Ester outra vez. Ela está muito na minha mente enquanto falo. Ela teve de ter um ano de preparação para essa intercessão, e seis messes disso foram com aloés amargas, e isso fala muito alto. Sim, nós temos de conhecer algo da morte do Senhor Jesus na nossa própria experiência, algo dessa amargura do esvaziamento da vida própria, um desfazer da nossa própria força, a fim de chegar a prevalecer, a verdadeiramente combater eficazmente. São os que têm mais profundamente conhecido a comunhão com o Senhor no sofrimento, que têm sentido a Sua mão sobre eles mais pesadamente, que são capazes de mais eficazmente clamar ao Senhor e interceder pelos outros. É o preço de um grande ministério, amado, e devemos reconhecer que é para esse ministério que o Senhor tem de realmente nos adaptar.

Uma Chamada Para Uma Entrega Total

Agora, vou encerrar com só mais outra palavra. Este ministério, esta obra, esta guerra em oração, vai custar-nos tudo. É melhor que o encaremos. É uma posição absoluta, um assunto, com efeito, de realmente arriscarmos as nossas vidas. Ou seja, nós não podemos eficazmente travar esta guerra se tivermos preservando qualquer um dos nossos próprios interesses. Ó, veja, existe toda a diferença entre entrarmos no nosso quarto e orarmos, e o nosso encontro com uma forte reação do inimigo à nossa oração. Podem ser duas coisas diferentes, porque você pode assumir que se você entrar nisto, o inimigo irá marcar você, e tudo que você tem vai ser envolvido nisto. Se você tem interesses pessoais, bem, você irá ser tirado disso de uma vez. É o caso de Gideão de novo, e essa peneiração daquela grande multidão. "Aqueles dentre vocês que estiverem com medo, bem, é melhor irem para casa. Você está fora da luta'. 'Aqueles dentre vocês que estão preocupados com as suas esposas, filhos e lares, é melhor irem'. E depois a última questão: 'Aqueles dentre vocês que têm seus próprios interesses pessoais para servir, que desejam gratificar, é melhor vocês irem'. São somente os que têm reunido tudo nisto, e dizem, 'Estou dentro e tudo que sou, tudo que tenho', numa posição absoluta, são somente esses que podem travar esta guerra; e eles são os vencedores, eles são os que chegam ao trono.

Percebe, embora o Senhor seja gracioso, e o Senhor possa dar as Suas proteções e preservações, Ele requer da nossa parte uma posição e atitude que não dará ao inimigo nenhum terreno para jogar. Se você e eu tivermos algum interesse pessoal, estaremos pensando o tempo todo, 'Ó, é melhor não atacar o inimigo muito fortemente, ele pode tocar isso'. Tenha certeza de que ele irá, e ele irá arruinar você por conta disso, pois ele sabe que esse é o seu ponto fraco. Você não deve ter nada disso para que o inimigo fique jogando e tenha algo pelo que arruinar você. Você tem de estar dentro com tudo, como disse, num sentido, arriscando até a sua própria vida e dizer, Bem, estou neste assunto e estou dentro por tudo e com tudo.

Ó sim, isso pode ser o lado escuro, mas existe um outro lado. É o lado do trono. "Estes são os que seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá" (Ap. 14:4). Estes são os que se entregam totalmente, estes são os gloriosos, estes são os estabelecidos nas alturas. Amados, somos chamados para o testemunho universal do Senhorio absoluto de Jesus Cristo, para tornar eficaz esse Senhorio agora numa maneira espiritual, e numa maneira literal e manifesta ao longo dos séculos vindouros. Por enquanto, é um assunto que é contestado, disputado, resistido por todas as hostes do mal, e para dentro disso que a Igreja é chamada, para levar essa questão até a conclusão, e quando o dia chegar, os céus serão libertos e esvaziados de todos os principados e potestades, e a Igreja mesma entrará nesse lugar para governar: a Igreja será os novos 'principados e governadores do mundo" - não destas trevas, mas desta luz. Que mudança haverá! É nessa questão crucial que realmente estamos agora, e não é menos do que isso. Todo o nosso conflito espiritual tem a ver com isso. Vamos então a colocá-lo no seu correto lugar, vê-lo no seu correto relacionamento. Há a maior questão possível ligada com o nosso conflito espiritual. Mas o que quero particularmente que tenhamos à vista agora é que isto é tudo primariamente um assunto do Espírito Santo operar através da oração, uma Igreja orando no Espírito.

Ó, que o Senhor faça com que isto ilumine a nossa vida de oração, nossos momentos de oração, e os levante das coisas terrenas triviais diretamente para esta esfera onde as últimas coisas de Deus são tocadas e afetadas. O Senhor nos ensine algo do significado de orarmos no Espírito em todo tempo por todos os santos, e vigiando nisto com toda perseverança.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.