Austin-Sparks.net

Ascendência Espiritual

por T. Austin-Sparks

Capítulo 4 – A Natureza e Motivação da Ascendência Espiritual

Leitura: Sl 24:3; Ap 14:1-5; Sl 122:2-4

Fomos desafiados a olhar de uma forma nova para toda essa questão da ascendência espiritual. Inicialmente vislumbramos os pontos principais de forma ampla, observando o todo. Nesse momento vamos nos aprofundar em alguns aspectos.

O desafio de ascender

O primeiro ponto está relacionado à pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor?” Logo de início, minha pergunta é: quem está preocupado em ascender? Quem tem esse interesse? Por que trazer essa questão à tona? Somos confrontados com a seguinte pergunta: Será que estamos realmente interessados nesse assunto? Se tomarmos como ilustração a vida de Israel no Antigo Testamento, veremos que isso era tomado como garantido. Era pressuposto que existia tanto o interesse como o desejo de ascender. Não era dito ao povo de Deus que eles deveriam subir, e ninguém era convidado ou admoestado a fazê-lo. Não vemos um mandamento nesse sentido, como se isso fosse alguma obrigação. Se buscarmos essa atmosfera relacionada à Sião nos Salmos, não a encontraremos, pois ascender era o grande anelo e ambição de toda a vida. “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém!” [Salmos 122:1,2] . Todas as coisas faladas a esse respeito expressavam o grande desejo da vida de um israelita. Se existia algo que obscurecia as demais aspirações, seria esse anelo: ‘Se pudesse ao menor subir a Sião!’ Havia três jornadas realizadas por ano para lá, que foram prescritas pelo Senhor através de Moises. “Três vezes no ano, todo homem aparecerá diante do SENHOR Deus. Três vezes no ano, todo homem aparecerá diante do SENHOR Deus” (Êxodo 23:17) . Podemos assumir que isso não era em nada oneroso para eles. Muitas semanas antes, todos se agitavam com essa viagem para Sião, e isso tomava seus pensamentos, governando todas essas três épocas do ano. O culminar desses meses era Sião, e aquela visita trazia entusiasmo e novas aspirações até a chegada do próximo período. Era para isso que eles viviam. Acredito que esse era o espírito dos Salmos, e certamente esse foi o espírito de Davi. Podemos, portanto, assumir que havia um grande interesse e desejo relacionados a esse movimento.

Isso deve nos provar e desafiar. À medida que começamos a entender e a ver mais plenamente o que significa chegar a um lugar de ascendência espiritual, deve haver um novo entusiasmo em nossas vidas. Certamente podemos entender isso de forma literal e histórica. Por exemplo, é uma coisa agradável nos juntarmos periodicamente em conferências, desfrutarmos de um tempo de valor na comunhão e no ministério, e talvez muitos que estejam espalhados por toda a terra anseiem por isso. É muito bom ter esses tempos onde literalmente nos ajuntamos de todos os lugares periodicamente, desfrutando do Senhor e da comunhão do Seu povo. Mas não é disso que estamos falando, independente de quão bom e valioso isso seja, e por mais que deva ser encorajado, pois colaboração mútua é força. Existe algo muito superior e mais importante do que isso. Existe o sentido espiritual dessas coisas, e é isso que estamos buscando.

Vamos nos perguntar: Será que existe em nós essa obra gerada pelo Espírito por meio de um anseio para ascender em nossa vida espiritual ? Temos sentido isso? Está em nós? Será que os caminhos elevados de Sião estão em nossos corações?

Ascendência, uma ambição correta

Historicamente sabemos que isso representou uma fase da vida de Israel. Especialmente quando eles desfrutavam de uma condição espiritual normal, isso era algo caracterizado por uma grande alegria. Mas a história espiritual desse princípio é muito mais antiga. Tudo o que é apontado na Palavra de Deus como ordenança, função e evento na vida do Seu povo, é apenas Sua maneira de dizer algo mais profundo. Tudo aquilo apontava para a personificação de algo eterno, que pertencia a uma esfera que não passaria, e que não é dessa terra. Nesse mandamento de subir para Sião temos a personificação, em tipo, de algo que tem uma história espiritual ainda mais antiga, e que está atrelado à constituição original da natureza humana para a ascensão. Como já dissemos anteriormente, não é errado ter uma ambição ou aspiração. Acredito que muitas pessoas pensam que isso é algo almático que deva ser mortificado. Cuidado quando você se dispõe a matar sua alma! Ela deve ser redimida, não morta. A aspiração e a ambição não são coisas que devem ser apagadas, mas devem ser redimidas e santificadas. A aspiração foi algo colocado por Deus na própria constituição do homem. “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste” (Sl 8:6) . Ela está ali. Não há nada de errado com a ambição, e atrelado a ela existe uma longa história de ascendência. Entretanto, como já enfatizamos, tudo foi distorcido, poluído e corrompido pelas motivações pessoais e pelo ego. Assim, a aspiração e ambição que são do homem por natureza, tornaram-se corrompidas na busca pelo poder. Até mesmo as almas tímidas que imaginam que seu problema é exatamente o oposto, não imaginam que o complexo de inferioridade é apenas uma outra forma de expressar que odiamos estar por baixo e desejamos ser alguém! O princípio está lá, não importa qual seja a sua forma manifestação, e esses distúrbios psicológicos que geram depressão, egocentrismo, falsa humildade, e nos mantém girando ao redor do nada o tempo todo, apenas indicam um clamor em nossa própria constituição. Essas coisas expressam a existência de uma revolta em nós, e essa natureza irá se manifestar: “deste-lhe domínio”. O Senhor não irá apagar isso. Ele vai redimir, santificar e pela Cruz irá purgar toda a motivação pessoal e os elementos do ego, até que Ele obtenha a verdadeira mansidão e humildade de Cristo, que são a única natureza que pode governar, reinar e tomar o trono. É o Cordeiro Quem está no Trono. É o próprio símbolo da fraqueza e da dependência que representa o governo.

Somos trazidos de volta a esse ponto: será que estamos sem esse tipo correto de aspiração, corrigida e santificada? Existe um terrível mal que acomete algumas pessoas, e é fatal. É o mal de não desejar. Podemos mudar essa palavra e chamar do mal de não se importar. Algo tem ido muito mal conosco, se isso estiver nos acontecendo. Enquanto, por um lado, o pensamento de que nós mesmos sermos alguma coisa deveria passar longe de nós, por outro lado, existe uma santa ambição para que Deus possa ter algo em nós, que possamos trazer louvor para Sua glória, e que em todas as coisas Ele possa ser glorificado em nossas vidas. Estamos sofrendo do mal de não desejar ou de não nos importarmos? Se é assim, algo foi mal e existe uma grande ferida na nossa vida espiritual. Peçamos ao Senhor para nos curar dessa ferida mortal. Isso pode ter ocorrido como resultado da frustração de um desejo pessoal. O elemento pessoal foi desapontado e não descobrimos nada mais para tomar esse lugar. Isso é terrível.

Testando as motivações – O Senhor ou o ego?

Nessa esfera da aspiração espiritual, neste desenrolar do grande poder de ascendência que Deus estabelece em nós pelo Espírito Santo, é que todas as nossas provas acontecem. Iremos experimentar a provação de todas as nossas motivações. Porque devemos aspirar, seguir adiante com o Senhor, pagar o preço, suportar as dificuldades? Se a resposta for que não receberemos muito por meio das provações, então não existirão muitas aspirações, se estivermos nesse nível. Motivações são testadas exatamente aí. Podemos suportar uma aparente rejeição do Senhor (que nunca será verdadeiramente uma rejeição)? Podemos seguir em frente quando Ele não nos dá estímulos, e parece estar distante? Qual é nossa motivação para ir adiante? Se for uma motivação pessoal, então teremos poucos estímulos para alimentá-la. O Senhor vai deixar nossos interesses pessoais morrerem de fome, à medida que avançarmos. Ele não deseja que sigamos em frente simplesmente porque Ele está o tempo todo nos concedendo algo para estimular nossa caminhada. Ele deseja que sigamos em frente por causa Dele, porque vimos o transcendente valor das Suas coisas. Aí é o ponto onde somos provados. É a vida de Abraão resumida em poucas palavras. Essa é a vida de muitos outros servos do Senhor que permaneceram bem próximos daquilo que se relacionava ao Seu grande propósito em Cristo; provas, reservas, ocultação, muito pouco para o encorajamento. Por que deveríamos seguir em frente? As nossas motivações são provadas.

Ascender demanda vigor espiritual

A fé e a perseverança são testadas nessa esfera da ascendência espiritual. Devemos ver algo atrelado a isso para nos trazer energia. Devemos ver, como o apóstolo “o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:14) para que vigor seja colocado em nós, como aconteceu com ele. Oh, que vigor e perseverança aquele homem manifestou! Como ele conseguiu isso? Ele teve a visão celestial, e todo o vasto acúmulo de coisas desencorajadoras e desconcertantes daqui não o demoviam de sua posição. Ele pôde dizer: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo”... “para ganhar a Cristo” (At 20:24 e Fp 3:8).

É nesse ponto que todas as exortações, apelos e advertências das Escrituras surgem. A que se referem essas exortações? Todas giram em torno de uma só coisa: Vá em frente! “Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão” (Hb 10:35) . Todos os apelos são nessa esfera, e todas as advertências são relacionadas a isso. Devemos nos lembrar que essas advertências foram tomadas de exemplos da própria vida de Israel, como: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3:7,8). Isso não é dito para os não salvos, mas para os crentes. “Não endureçam os seus corações”. É tão fácil para um crente tomar as circunstâncias que visam seu crescimento espiritual como um fim nelas mesmas, e então acabar se tornando duros de coração, amargos de espírito, ressentido e rebelde. “Não endureçam seus corações”, como eles endureceram e perderam a herança. É nessa esfera surgem constantemente crises em nossa vida.

Ascendência conquistada em tarefas comuns

Constantemente nos encontramos em uma crise: Vamos ou não seguir em frente? Quantos de nós já passou por isso diversas vezes em nossa vida espiritual? É como se fôssemos levados à uma imobilização pela fúria do opressor, as dificuldades do caminho, situações, e pelo desencorajamento causado pelas circunstâncias. Então, começamos a andar em círculos e mais cedo ou mais tarde chegamos a um ponto onde dizemos para nós mesmos: “Bem, o que vai acontecer? Ou vou seguir em frente ou não!” Esse lugar de crise sempre envolve a questão da nossa entrega total. Se vou seguir adiante, vejo que precisarei ir sem muitas coisas que desejo. Isso é entrega total – ir em frente por não ter outra alternativa, senão seguir com o Senhor. Não temos outra alternativa. E cada nova crise será um enfraquecimento das crises. Eventualmente chegaremos a um ponto onde diremos: “Já estive nessa rua muitas vezes e sei aonde vai me levar. Não vou seguir por aí de novo. Leva à um beco sem saída, não tem como sair daí.” O Senhor está trabalhando em nós até que Ele nos leve ao ponto onde seguiremos em frente, sem nos importar com as circunstâncias. Esse é o resultado prático da ascendência espiritual.

Então, qual é a questão de ascender para o monte do Senhor? Não iremos escalar alguma montanha nessa terra. Na ótica do dia a dia: seguirei em frente com o Senhor até o Seu pleno objetivo? Existem dez mil coisas para me desencorajar e desanimar. Será que deixarei isso acontecer? A ascendência espiritual está diante de nós desde os primeiros momentos de consciência à cada manhã, e continua conosco ao longo de todo o nosso dia. Nos dizem algo e sucumbimos. Situações nos acometem, e entramos em colapso. Todos passamos por isso. Não existe um de nós que não tenha sucumbido a uma situação como essas. Por um momento, sucumbimos às situações, mas sabemos muito bem que não prosseguiremos até que estejamos por cima. Mas o Senhor não nos levanta acima das situações, Ele diz: “Saia debaixo dela”. “Que fazes aqui, Elias?” (1 Rs 19:9). Esse é o desafio para cada um de nós: abandonar esse lugar que tomamos debaixo das situações. Isso é ascendência espiritual, e essa é a sua natureza.

Serviço como motivo para ascendência

Qual o motivo para ascendência espiritual? O motivo conforme revelado na Palavra de Deus, é o serviço. E Bíblia é um livro de princípios espirituais. Qual o pensamento central envolvido no trono ao longo da Palavra de Deus? É o do serviço. Tomemos José como exemplo. Este foi um homem que passou por uma profunda disciplina, frustração, desapontamento, abandono, solidão, todo tipo de adversidade, e ao final de tudo isso chegou ao trono. Podemos dizer que José escalou até lá. Aquela foi uma escalada moral e espiritual, não apenas algo oficial ou fortuito. Os olhos de Deus estavam sobre ele no secreto, quando o Senhor o provou (“a palavra do Senhor o provou” – Sl 105:19), e quando as provações foram cumpridas, ele foi tirado dali se tornando príncipe do Egito. Mas o que estava relacionado a isso? A história é tão patente. Era o serviço: tudo aquilo visava preservar a vida de outros, era pela utilidade em momento de necessidade.

Esse foi todo o propósito no caso de Davi. Começando daquele lugar baixo como um jovem pastor cuidando de poucas ovelhas, e o Senhor observando seu coração. Que escalada até o trono! Quanto desencorajamento, frustração, revezes, sofrimentos durante aqueles anos do reino de Saul! Caçado, acuado, perseguido, e quantas coisas que levariam um homem a dizer: “Bem, isso não vale a pena. Vou voltar para minhas poucas ovelhas, para minha vida tranquila, porque pelo menos isso eu tinha!” Mas Davi nunca retrocedeu, seguindo em frente. Aquela foi uma escalada moral para o trono. Quando Davi chegou ao trono, chegou lá por ter sido provado como um homem segundo o coração de Deus. Foi uma vida espiritual interior que se desenvolveu. Ele chegou lá, e a partir daí, o que tudo aquilo representou? Davi não permaneceu em isolamento solitário no topo de uma árvore, tendo conquistado todas as suas ambições pessoais. Veja os benefícios, as riquezas e a plenitude que aquilo representou para o povo de Deus! Foi apenas a partir do momento que Davi chegou ao trono, que Israel realmente entrou no seu destino e plenitude. Seu reino e o início do reino de seu filho Salomão foram o ápice da história de Israel. Aquele reino foi muito mais maravilhoso do que podemos imaginar. Houve poderes, reinos, governantes que sustentaram seus territórios e ameaçaram o povo de Deus por séculos. Eles nunca foram vencidos nem mesmo por Josué, e através do livro de Juízes lemos que eles ainda mantinham seu território dentro da terra de Canaã. Entretanto quando Davi subiu ao trono, todos foram subjugados. Seu reino era vasto e obteve um triunfo que nunca havia sido alcançado anteriormente. Sim, o trono representa utilidade para o povo de Deus, indicando serviço o tempo todo.

Ao chegarmos ao Novo Testamento encontramos o assunto expresso de forma plena: “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens... E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4:8-11). O está serviço relacionado à ascensão?

Vejamos no livro de Apocalipse. “São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário” (Ap 7:14,15). Eles subiram para servir, a ascensão visa o serviço – este é o princípio. Poderíamos extrair muito mais das Escrituras para sustentar esse princípio. Esta é uma lei divina.

A ascensão espiritual traz consigo a capacidade para servir, a utilidade, e sabemos como isso funciona em nossa vida hoje. Quando alguém está oprimido, não tem utilidade para o Senhor. Apenas na medida que aprendemos da ascendência espiritual – como estar acima das situações, e como trazer o inimigo para debaixo de nossos pés – poderemos realmente ter utilidade para o Senhor. Nosso ministério não é um ministério de verdades, palavras, ensinos, ideias, mas é um ministério da vida, vida de ressurreição e ascensão. Isso equivale a dizer devemos ministrar dessa vida que vence e desse poder da ascendência. Este é o efeito da vida.

Quando nos ajuntamos e a vida do Senhor está entre nós em qualquer medida, qual é o efeito? Todos nos sentimos elevados. Nunca iremos ministrar vida, se estivermos sempre por baixo. Não poderemos servir ao Senhor, a não ser que aprendamos o que significa vencer – que é outra palavra espiritual para ascendência. Esse é o segredo do serviço.

Ascendência persistentemente atacada

Não é esse ponto focal de todo assalto e ataque do inimigo? Por que ele traz tantas situações para subjugar o povo de Deus? Por que todas essas disputas entre obreiros Cristãos, desacordos e desafetos? Por que essas situações onde parece impossível seguir com esse ou aquele irmão? É uma vergonha para nós que isso ocorra, mas essa é a triste história da obra Cristã. Por que o inimigo usa esses incontáveis métodos para subjugar o povo de Deus? Simplesmente para roubar a utilidade deles para o Senhor, e colocar um fim no seu serviço, abrindo o caminho para a morte se opor ao poder da vida. Nós sabemos muito bem que nossa utilidade para o Senhor é uma questão muito prática, e muitas vezes depende de nos humilharmos, descendo do nosso pedestal e admitindo que estávamos errados. Mesmo quando não estamos errados, algumas vezes significa tomar o lugar de alguém que estava errado no esforço de ter uma situação resolvida, lavando os pés de qualquer um, se esse for o único meio para assegurar a liberação da vida Divina. Isso é muito prático, é uma questão de “marchar para o alto em direção à Sião”. Isso não é mera poesia ou um belo ideal. Isso está diante de nós, e nossa utilidade e serviço ao Senhor devem ser sustentados por algumas questões aparentemente pequenas do nosso dia a dia. Nada é pequeno afinal, se limitar nossa utilidade para o Senhor. O que chamamos de mínimas coisas trazem atrelado a elas nada menos do que a questão da liberação da poderosa vida de Deus à outras vidas. Isso torna tudo muito grande. O problema é que tomamos as situações pelas aparências. Olhamos para algo como se fosse meramente humano, natural, apenas um acontecimento. Pode ser algo muito comum para o homem, algo que estamos tão inclinados por natureza, mas falhamos em reconhecer que por trás dessas coisas existem questões vastas e interesses muito mais abrangentes. O inimigo sabe tudo sobre isso. Não vamos pensar que o inimigo fará grandes coisas para nos tirar do caminho, se ele puder conquistar seu objetivo por meio de coisas insignificantes. Algumas vezes pensamos que algo é tão pequeno, que certamente o diabo não está envolvido ali: ele está ocupado com coisas maiores que isso! Mas se ele conseguir o seu objetivo, serve ao seu propósito não se exibir tanto. Se ele pode te aborrecer, te colocar fora do espírito e sem utilidade para o Senhor por simplesmente fazer alguém te dizer algo inadvertidamente, desde que seu objetivo seja alcançado, funcionará tão bem quanto se ele tivesse reunido todas as suas forças diabólicas e concentrado sobre você. Por que ele deveria se dar a esse trabalho, se obtém sucesso apenas com uma mera frase? Esse é o seu objetivo.

O incentivo para ascendência é o serviço, utilidade para o Senhor. Afinal de contas, ascendência é o resultado de uma união em ascensão como o nosso Senhor, e tudo vem por meio disso. O Senhor em ascensão no céu: tudo flui dali. Mas como Ele pode cumprir os propósitos e possibilidades de Sua ascensão gloriosa, se Ele não tiver um povo em união com Ele em ascensão que possa usar?

Vamos pedir que o Senhor grave isso em nossos corações – que a ascendência espiritual é muito importante para que Ele possa se expressar em plenitude, porque, se atentarmos, veremos que Sião é o símbolo da plenitude espiritual.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.