A Vontade de Deus em Relação a Seu Povo

por T. Austin-Sparks

Capítulo 3 - Vendo o Senhor Jesus

“Portanto... corramos... olhando firmemente para o Autor (ou capitão, ou líder) e Consumador da fé, Jesus” (Hebreus 12:1-2).

Quero tentar resumir essa ministração voltando ao início e lembrando que apontamos que cada parte da Bíblia está relacionada com a vontade de Deus. Isso significa que, como a Bíblia é a Palavra de Deus, a vontade de Deus só pode ser encontrada na Palavra de Deus. Depois salientamos que a Bíblia nos apresenta Deus como um Deus que “se move”, um Deus que se move dentro e com propósito. Ele está em ação desde o primeiro versículo da Bíblia: “No princípio, criou Deus” (Gn 1:1). Por toda a Bíblia, Ele é visto avançando em propósito e revelando em Sua Palavra esse propósito e Sua Pessoa. Portanto, a Palavra de Deus precisa governar para que o propósito de Deus seja cumprido e atingido.

Passamos a ver que, para estarmos nessa vontade plena e abrangente de Deus com propósito, é necessário que não tenhamos nenhum propósito particular, e assim nos detivemos na grande lei do progresso espiritual - a lei da entrega total; a lei da renúncia de tudo para Deus. Mencionamos três fatores para um verdadeiro começo. Devemos estar:

(1) Extremamente interessados em conhecer a vontade de Deus;
(2) Bem preparados pelo menos para ouvir e considerar qualquer coisa que possa nos ajudar a conhecer a vontade de Deus, tendo coração e mente abertos;
(3) Comprometidos em fazer o que o Senhor nos mostrar quanto a essa vontade.

Este é o ponto a que chegamos agora e, como já disse, quero reunir tudo isso com mais um grande elemento essencial para prosseguir com Deus.

Deixe-me dizer isso. Na presença de tantos equívocos e compreensão inadequada no mundo sobre o que é o Cristianismo, eu diria que o Cristianismo é ser capturado nos movimentos de Deus. O apóstolo Paulo usou a palavra “conquistado” [apreendido - KJV], e foi isso que ele quis dizer. Ele havia sido apreendido por Cristo, e Cristo prosseguia, avançava - e como isso era verdade naquele momento! Nos primeiros dias do Livro de Atos é tão evidente que Cristo avançava. Houve um grande movimento vindo do céu, e Paulo foi capturado e levado adiante como se estivesse preso.

Isso é o que é o Cristianismo. Não é uma coisa pequena. Contém muitas coisas, mas o que realmente significa é que fomos apanhados em alguma coisa; fomos capturados. Há uma palavra muito interessante no Novo Testamento que é exatamente essa. Acontece na traição de Jesus, quando um grupo de pessoas saiu para prendê-lo, e há uma cláusula que diz: “E os que prenderam Jesus o levaram” (Mt 26:57). Você pode ver que tipo de homens eles eram! Eles eram muito durões, e se eles te prendessem não seria fácil resistir. Novamente, é a mesma palavra que o Apóstolo Paulo usou quando disse: “O amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14) e essa palavra significa que somos agarrados e irresistivelmente levados adiante. Houve uma mulher que tocou a orla das vestes de Jesus para ser curada, e Ele disse: “Quem me tocou?” Os discípulos disseram: “Mestre, as multidões te apertam” (Lc 8:45). Essa, novamente, é a mesma palavra. Você já esteve no meio de uma multidão, uma aglomeração, um ajuntamento em movimento? Isso é muito comum hoje! Multidões apressadas, e quando você entra no meio delas, o que pode fazer senão prosseguir? Não adianta tentar resistir. E o Cristianismo é apenas como ser apanhado no caminhar eterno do Deus eterno, em Cristo, pelo Espírito Santo, e ser dominado e levado adiante irresistivelmente.

Tenho muito cuidado para que você entenda o que quero dizer, pois esta é uma lei do progresso. Isso pode parecer muito óbvio, mas precisamos ver o princípio nisso.

Vocês conhecem o conteúdo desta Carta aos Hebreus. O que ela nos traz logo no início? Ela resume tudo de todos os acontecimentos de Deus. Os movimentos e ações anteriores de Deus - "Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas" - e os concentra em Seu Filho, Jesus Cristo - "nestes últimos dias nos falou", não aos pedaços, não aqui e ali, por diversas porções e maneiras desconexas, mas focados, concentrados, consumados, plena e finalmente, “pelo Filho”. Em seguida, o escritor continua nos contando o que é Jesus Cristo e quem Ele é. Este Cristo maravilhoso que está sendo apresentado é maior que todos os anjos, maior que a lei, maior que Moisés e maior que tudo. Então o escritor usa a metáfora de uma corrida, de um progresso. Estamos envolvidos em algo como uma corrida, e o que é que governa este movimento, esta corrida, toda esta energia? “Olhando para Jesus” – é este maravilhoso Jesus sobre quem ele tem escrito. Ele é a personificação completa e consumada do propósito Divino para o qual somos chamados e arrebatados.

O que isso nos diz? Usamos muitas palavras, mas o que tudo isso significa?

Queridos amigos, essa é uma lei, entre outras, de prosseguir. Esta Carta está repleta de frases como: 'Continuemos', 'deixemos levar para o que é perfeito', 'vamos... deixemos... deixemos envolver por algo que nos faça perder todos as coisas, que impede, prende e atrapalha.' O que é que nos leva adiante? Vimos o Senhor Jesus! Tivemos uma visão, talvez não objetivamente, mas algo aconteceu em nossos corações e Jesus Cristo tornou-se o objeto que domina, controla e absorve tudo de nossa existência. Vimos Jesus, e essa visão nos leva adiante. O que vimos sobre Ele, qual é o propósito de Deus nEle, o que vimos em Jesus tornou-se uma dinâmica em nossa vida, e uma dinâmica tão grande que nada mais importa. 'Deixemos isso de lado', pois isso não importa. 'Deixemos de lado isso... e aquilo... e aquilo', pois eles não são o ponto central. O ponto é este – o que vimos da vontade de Deus, em sua plenitude, conforme compreendida em Seu Filho para nós. Tudo o que Ele é para nós.

Ainda não compreendemos realmente o Senhor Jesus. Digo isso de forma significativa e consciente. Oh, quantas de nossas preocupações desapareceriam se tivéssemos visto o Senhor Jesus!
Quantas daquelas coisas que atrasam e prendem em nossa vida desapareceriam se tivéssemos visto o Senhor Jesus! O que é que está nos impedindo? O que é “o pecado que tenzmente nos assedia”? O que é que está nos atrasando na corrida, ou mesmo nos impedindo? 'Oh, essa coisa terrível e pecaminosa que eu sou! Esse homem miserável que eu sou! Este pobre coitado, tão fraco, pecador e defeituoso. Penso nisso, insisto naquilo, e o que acontece? Paro de correr! Todo o ‘progresso’ se esvai do meu ser!'

Pare e pense em si mesmo por cinco minutos e veja quão rápido você avançará no Senhor! Ah, sim, todos nós fazemos isso. Estamos esmagadoramente obcecados por esta coisa terrível, pobre e miserável que nós somos! Nós insistimos nisso e então desabamos - e a corrida chega ao fim para nós enquanto estivermos nessa posição. Não vimos o Senhor Jesus!

Nele fomos dispensados. Em Sua morte fomos colocados fora de vista. No Senhor ressurreto já não aparecemos diante de Deus, pois Ele aparece para nós, em nosso lugar. ‘Ele’ é o nosso ‘eu’. Isso é ver Jesus! Se ao menos pudéssemos conseguir isso! Se ao menos pudéssemos nos apossar dEle! Se nossos olhos realmente vissem o que Deus fez com que Ele fosse para nós - "Vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus" (1Co 1:30). Não pensando em nossa própria tolice e loucura, mas "o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". O que mais você quer? Isso compreende tudo na redenção e na glória! "Olhando para Jesus."

Você vê o que estou tentando dizer? O escritor desta Carta aos Hebreus vê-nos como se estivéssemos numa corrida e diz que se quisermos continuar nela teremos que ver Jesus e mantê-lo sempre à vista; não vendo a nós mesmos e as outras pessoas o tempo todo, mas mantendo nossos olhos fixos nEle. Então continuaremos, mas se não O mantivermos em vista, pararemos de prosseguir.

Isto é muito claro, muito simples, mas é o Evangelho a respeito do Filho de Deus, Jesus Cristo.

Nós, queridos amigos, individualmente, e se pertencermos a um grupo do povo do Senhor, só progrediremos em direção ao propósito final e completo de Deus em Cristo se tivermos uma visão espiritual de Jesus Cristo. A visão é essencial para o progresso. É necessário que eu permaneça mais um pouco com essa palavra “visão”? Não estou pensando em algo objetivo que você vê com seus olhos de carne. É algo que aconteceu dentro de você e seus olhos espirituais interiores foram abertos. Você pode dizer: 'Eu vi, e isso revolucionou minha vida. Isso me colocou de pé, me colocou em um rumo. Isso se tornou uma dinâmica na minha vida que, apesar de tudo, me faz continuar.' Sim, graças a Deus, é assim que funciona. Conheço o aspecto, o fator da nossa responsabilidade, mas que Deus nos ajude se tudo ficar sob nossa responsabilidade e por conta do que nós fazemos! Eu lhe digo – e esta pode ter sido a sua experiência, ou pode interpretar a sua experiência atual – muitas, muitas vezes eu teria desistido da corrida. Essa é uma confissão horrível! Na verdade, muitas vezes desisti em meu coração. Tornou-se tão difícil que não conseguia ir mais longe, então desisti. Não foi, portanto, a minha persistência que me permitiu prosseguir, mas o que o Apóstolo chama de “o poder que opera em nós”. O que é isso? O Espírito Santo colocou uma dinâmica em nós e nós vimos algo. Não podemos deixar de ver! Não podemos retroceder. A visão pode desaparecer e pode até ser eclipsada por dias de escuridão e problemas. Podemos compreender o que Paulo quis dizer quando disse: “foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida” (2Co 1:8). Isso foi uma coisa terrível para o maior de todos os apóstolos dizer! O que aconteceu? Será que Paulo desistiu e disse: 'Bem, não posso continuar!'? Não, de jeito nenhum! “O poder que opera em nós” o colocou de pé repetidas vezes. Deixe Elias procurar o seu zimbro e dizer: 'Tira a minha vida!', mas o Senhor não concorda. Ele deu a Elias uma parte em seu grande e eterno propósito, e Elias ressurgirá.

Seja encorajado! Você está pra baixo? Está desanimado? Desesperado? Está sentindo que não pode continuar? Você vai ser levandado, pois algo acontece. Chamo de “visão”, mas isso pode ser enganador. O que quero dizer é que algo entrou em nossa vida. É um conhecimento espiritual que se tornou numa dinâmica espiritual, dando-nos um senso de propósito, o propósito de Deus. É algo que Deus fez e que será o segredo da nossa sobrevivência, pelo menos. Mas não sobreviveremos para isso. Não conseguiremos sobreviver com nossos próprios recursos, mas prosseguiremos no caminho eterno de Deus se tivermos tido esta visão inicial do propósito de Deus em Jesus Cristo.

Oh, como eu desejo de todo o coração que a nota do propósito eterno fosse tocada com mais frequência na pregação do Evangelho aos não salvos! O Evangelho é geralmente apresentado do ponto de vista do que vamos obter. O apelo é para as nossas almas, para que tenhamos algo que nos faça felizes. Esse é o cenário: ser feliz! Oh, você não se terá um cristão de verdade com esse discursso, mas o fará se aqueles que vieram ao Senhor vieram porque viram algo da grandeza de Jesus Cristo e de seu chamado nEle. Eles precisam ter esta visão que produz um sentido de vocação, um sentido de domínio do propósito. Sem isso não chegaremos muito longe na corrida! É isso que o apóstolo quer dizer, embora fale em linguagem simbólica. Não se limite apenas à ideia literal. A motivação espiritual é “olhar para Jesus”, que começou e vai terminar. Ele é o autor, o líder e o aperfeiçoador. Não começou em nós, graças a Deus! Quantas vezes fomos salvos por aquela palavra do Senhor Jesus: ‘Não fostes vós que escolheram a Mim. Eu vos escolhi’. ‘Eu iniciei tudo isso e vou completar, se você Me permitir, se prosseguir, se mantiver seus olhos em Mim e longe das coisas que atrasam e prendem esta visão’. Ou use qualquer palavra que indique essa ideia, ou princípio, lei, isso que tomou conta de você, e você sabe que é isso que o está levando adiante.

Você entende? Você é um cristão desse tipo? Não estou perguntando se você teve uma experiência na Estrada de Damasco, quando tudo era visual, ocular e sensacional, mas se algo aconteceu de modo que, se você quisesse colocar em palavras, você diria: 'Bem, eu vi Jesus Cristo, e meu destino eterno foi ligado a Ele.’ Você entende o que quero dizer, o que estou tentando dizer? Uma motivação dominadora foi trazida para nós, e sobre nós, por Jesus Cristo no início, que nos tornará cristãos que avançam nesta corrida com paciência. Você tem um poderoso imperativo Divino em sua vida?

É isso que eu quero comunicar com clareza! Depois de todos os seus problemas, provações, tentações e dificuldades, você está preparado para desistir, abandonar tudo e dizer: 'Não vou mais continuar com isso!'? Bem, sente-se e experimente! Arrisco dizer que você não irá muito longe com isso! Você pode passar dois ou três dias miseráveis por causa disso mas, mais cedo ou mais tarde, dirá: 'Não adianta; tenho que continuar!’ É isso que quero dizer com visão – esta sensação de que um Deus com propósito se apoderou de nós para nos levar adiante.

Isso é exatamente o que significa inspiração. O povo do Senhor deveria ser um povo inspirado, o que é apenas outra forma de dizer “estimulado”. E, por isso, deveriam ser uma inspiração para outras pessoas. Oh, se não somos uma inspiração para os outros, falta algo importante na própria natureza do nosso cristianismo! Se não conseguirmos inspirar os outros, nosso ministério e os nossos contatos, nossa liderança, então isso é uma contradição, porque a ideia de liderança na Bíblia é inspiração, inspirar pessoas. Se você está liderando uma reunião, deve inspirar as pessoas, seja qual for o tipo de reunião.

E o que deveria ser verdade para o indivíduo também deveria ser verdade para todos os grupos. Eles deveriam ser grupos de pessoas que são conduzidas por esta poderosa dinâmica Divina de propósito ou visão. 'Nós sabemos onde estamos. Sabemos para onde vamos e o que procuramos. Muitos do povo do Senhor hoje parecem não saber para onde estão indo ou onde estão. Nenhuma assembléia deveria ser assim! Eles deveriam ser um grupo “em atividade” e todos deveriam saber que essas pessoas viram algo e são dominadas por algo que os impulsiona, uma força real em seu ser.

Tal visão tem muitos efeitos colaterais e valores, um dos quais é a resolução de toda a questão da unidade. E que questão importante é essa! Mal sei o que dizer e o que não dizer, pois há tanta coisa. Pegue a primeira Carta aos Coríntios e o que você tem alí? Pessoas com dissensões internas, divisões e brigas, e tudo menos união e unidade. Paulo sabia disso bem antes de ir para lá, e por isso disse: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1Cor 2:2). Para ele, esse era o único fator unificador – uma visão focada de Jesus Cristo e Sua Cruz.

Se você tiver isso que chamo de “visão”, esse senso dominante de propósito e significado dado pelo Senhor, isso resolverá muitos desses problemas manifestados em divisões e na falta de comunhão real. Uma visão de Jesus Cristo é uma dinâmica unificadora.

Vamos ao Antigo Testamento para uma ilustração. Tomemos o caso de Neemias. Bem, Neemias teve uma visão, ele era um homem de visão. Ele viu Jerusalém reconstruída, com o muro reconstruído e completado. Ele teve uma visão desta nova Jerusalém na terra para aquela época, e foi um homem que foi tremendamente dominado por sua visão. Então todas aquelas pobres pessoas – e elas eram um remanescente enlameado! - retomaram, com todas as possibilidades de mais desintegrações, murmúrios e brigas para dificultar a realização daquilo que havia dominado esse homem. Mas, o quê? Eles compartilharam sua visão! Eles foram reunidos nela. Eles encararam perseguição, oposição e tudo o que poderia detê-los, mas o veredicto foi: “O muro foi concluído... em cinquenta e dois dias” (Ne 6:15). Por que? Porque o povo tinha vontade de trabalhar. E o que era essa vontade? Bem, foi a visão do propósito que foi colocada no coração deste homem e que unificou o povo. Deixe o diabo vir sozinho e fazer tudo o que puder para desanimar e criar dificuldades! Ele até tentou o ardil sutil de tentar convencer Neemias a comparecer e ter uma conferência para discutir o assunto. 'Não!' disse Neemias: 'Não durante a sua vida! Estou fazendo um ótimo trabalho e não descerei.’ Você vê o poder de um objetivo poderoso, uma visão, para unificar, energizar, para prosseguir? Não precisamos disso? O Cristianismo não precisa disso? Não precisamos disso em nossas assembléias? Nós realmente precisamos de algo assim, então devemos ter essa nova compreensão do propósito e da vontade de Deus centrados em Seu Filho a nosso respeito, um poder grandioso e animador na vida que é (como eu disse e quero repetir) mais poderoso do que toda a nossa capacidade de desistir, desanimar e renunciar. É mais poderoso do que todas as fraquezas de nossas almas.

Oh, eu agradeço a Deus pela sobrevivência! Essa é uma palavra fraca, eu sei. Não basta dizer que sobrevivemos, pois estamos fazendo mais do que sobreviver, mas para sobrevivermos a tudo isso que está contra nós é preciso que haja algo mais do que nós mesmos. A Palavra diz: “Deus é maior que o nosso coração” (1Jo 3:20), e já provamos isso muitas vezes. Nossos corações desmaiaram e quase desistiram da luta, mas Ele é maior que nossos corações.

Chame isso de visão ou como quiser - você sabe o que significa agora! - é um poderoso poder emancipador. Utilizo esta palavra neste sentido: é um grande poder para nos tirar da nossa pequenez, da nossa estreiteza, da nossa limitação.

Para ilustrar isso, usaremos nosso bom amigo que nos forneceu tantas instruções sobre esse assunto em sua própria história, o apóstolo Paulo. Vocês sabem, queridos amigos, que a causa da calamidade do velho Israel, primeiro de ser enviado à Babilônia e ao cativeiro por setenta anos, e depois, eventualmente, de ser rejeitado por Deus, foi devido a sua exclusividade. Não há outra resposta. 'Nós somos as pessoas. A verdade morrerá conosco. Ninguém mais tem lugar. Nós somos isso, e somente nós somos isso. Estas nações, os gentios, são meros cães. Não há lugar para eles na economia Divina! Nós somos o povo escolhido, os eleitos de Deus, e mais ninguém.' Isso ocorreu apesar de todas as profecias sobre o que Deus pretendia que eles fossem para os gentios, para as nações. Eles deveriam ser a semente na qual todas as nações seriam abençoadas, mas apesar da aliança com Abraão, eles se fecharam em si mesmos até serem o alfa e o ômega, o começo e o fim. Era exclusividade, e o Apóstolo Paulo era um representante disso. Ele nasceu e foi criado nesse contexto, treinou nisso, absorvendo isso desde a infância. Ele era a personificação dessa exclusividade farasaica. O que você vai fazer com um homem assim? Experimente argumentar e veja até onde você chegará. Ele vai discutir com você! Experimente a persuasão. Não, não funciona nem um pouco! Ele não é do tipo que se deixa persuadir. Ele é um fanático! Experimente perseguições. Não faz diferença. Você não vai mover esse homem! Ele está fechado nesta posição exclusiva – mas algo aconteceu. [Agora] Ele está emancipado, e o antigo Israel não é mais sua paróquia. O mundo é a sua paróquia. Quão vasto é o alcance de sua visão agora! Você não consegue lidar com a linguagem dele a esse respeito! Ele salta todas as barreiras linguísticas por causa de quê? Ele viu Jesus Cristo! Ele teve uma visão, e não apenas O viu no incidente da visão de uma Pessoa, mas também viu o significado. Ele viu o que Jesus Cristo significa no universo de Deus, na economia de Deus, nos movimentos de Deus de eternidade em eternidade. Você não pode ser exclusivo se viu Jesus Cristo! Isso dissiparia e arruinaria toda exclusividade. Você não pode ser mau, desprezível e pequeno se você viu Jesus Cristo!

Você não concorda comigo quando digo que esta apresentação de Cristo em Sua infinita grandeza é a única forma de emancipar as pessoas de sua pequenez na vida espiritual? Isso não é necessário hoje? Ah, realmente é! É unificador, porque temos um Objeto central que nos une e nos faz dizer cerca de mil e uma coisas que atrapalhariam: 'Saia do caminho! Estamos firmes neste propósito de Deus e vamos em frente.' É unificador, emancipador e ampliador. Oh, que o Senhor nos dê esta emancipação novamente e nos engrandeça! O salmista diz: “Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, quando dilatares o meu coração” (Salmos 119:32 - ACF), e o alargamento do coração fará com que você tenha pés ligeiros nos caminhos do Senhor.

A visão é o grande campo de batalha de todos os tempos. Ah, se você viu você será uma pessoa marcada. Se seus olhos foram abertos, você saberá algo do que aquele sujeito sabia quando o Senhor abriu aqueles olhos que estavam cegos desde o nascimento. É tudo tão verdadeiro na nossa vida! Ele abriu os olhos e disse: “Eu era cego, agora vejo” (Jo 9:25). 'Uma coisa eu sei, e você não pode me roubar isso!' Mas não demorou muito para que ele fosse excomungado da sinagoga. Ele foi isolado e transformado em objeto de despeito dos fariseus.

Isso é verdade para a experiência espiritual. Se você viu, você está na batalha. Você não será muito perturbado pelo diabo se não tiver essa dinâmica em você, porque é essa dinâmica que significa a derrubada final dele. Você tem que contar para Deus, e só o faz tendo visão; e quando você vê, está marcado e a batalha vai acontecer. Acontecerá qualquer coisa para destruí-lo, para tirá-lo da corrida e da batalha!

Como vamos terminar? O que você está orando? Vou te contar pelo que estou orando! Depois de todos esses anos, estou orando de todo o coração: 'Senhor, revela Teu Filho em mim mais do que nunca. Dê-me uma apreensão e compreensão ainda maiores do significado de Jesus Cristo!' Você vai orar por isso? Você buscará o Senhor continuamente para que Ele amplie e fortaleça sua compreensão de Jesus Cristo, de modo que, em linguagem figurada ou não, isto seja o que realmente é: 'Olhando para Jesus, tudo o que Ele significa, tudo o que Ele contém, tudo que Ele representa Deus a nosso respeito, o Líder do grupo, o Aperfeiçoador, o Completador, o Princípio e o Fim.' Ore para que Cristo visto no coração se torne este poder dominante em nossas vidas que nos salva de tudo que nos levaria ao desespero.

"Eu vi a face de Jesus,

não me diga nada mais!”